Gostos
31 de março de 2007
- Não estive cá. Fui viajar e, por isso, é que não me viste.
- Foste onde? Para fora do país?
- Andei por muito lado, à procura de fontes e repuxos de água.
Vi fontes lindíssimas, grandes e pequenas, com muita água e com menos água.
- Era mais fácil teres ido ver cataratas. Era menos tempo e mais barato!
- Não, não. Eu falo de fontes. Fui a lugares onde enchiam jarros com essas águas que eram boas para beber, mas até enchiam piscinas com essas águas. A comida também era feita com água dessas fontes.
Chegou uma altura em que já sonhava acordado com o barulho da água a cair. Até ao dia em que a água me inundou num banho e fiquei submerso. Esse foi o último dia e vim embora!
- Mas afinal, foste onde?
- Às termas, é claro! Mas olha! Estou mais magro e sinto-me melhor. No entanto não consigo beber um copo de água. Acho que demorei por lá tempo a mais para as minhas capacidades. Devia ter feito o que me disseram, que era começar por poucos dias e, gradualmente, ir aumentando a estadia.
A questão é que, apesar de tudo, aquilo me soube tão bem… Era um ambiente tão acolhedor, natural…
- Mas tu nem gostas da natureza!
- Não gostava, não. Agora mudei os gostos. E até reconheço que deveria mudar mais, pois posso ser muito melhor do que sou.
Até em gestos simples, como poupar água e não a desperdiçar.
As águas limpas, mesmo correndo só em fio, enchem vasilhas de muitos litros.
Eu nem sabia o quanto desperdiçava!
- Geralmente ninguém tem uma ideia precisa da importância de tudo o que faz, senão faria logo melhor.