Visitas
2 de março de 2007
Um camião, ou um pesado, vai a boa velocidade pelas estradas rurais.
Entre curvas e contracurvas vai sempre acelerando até encontrar um ligeiro.
Nessa altura ultrapassa-o e corta-lhe a passagem.
Sem dizer uma palavra, o motorista abre o carro e retira um corpo de rapaz, quase inanimado, do banco de trás e leva-o nos braços, para o seu camião.
O condutor do ligeiro que, entretanto, saiu do carro, diz-lhe, do meio da estrada, que não teve culpa de nada e que ia precisamente levá-lo para cuidarem dele.
O do camião arranca com o rapaz e deixa o outro a falar sozinho e a gesticular no meio da estrada.
Muito mais tarde, encontram-se novamente os dois condutores e o do camião resolve falar.
Já sabia que não tinha prejudicado o rapaz mas também tinha de compreender que o rapaz agora pertencia àquela família.
Isso era evidente, mas o rapaz é que tinha aparecido lá em casa e depois sentira-se mal.
Pois sentira, porque tinha ficado muito tempo longe de si próprio e foi enfraquecendo até ficar inanimado.
Certo, mas ele não sabia como levá-lo de volta. E, mesmo que soubesse, se ele não queria, como fazer? Não podia expulsá-lo pois ele só queria estar um pouco com a mãe. E ele também queria estar com ele.
Famílias separadas são assim e os filhos nem sempre concordam com a desunião.
Talvez fosse mais construtivo deixar, cada um por si, escolher as visitas e o tempo delas.
Porque os filhos nem pediram para nascer nem pediram a separação dos pais.
O meio termo, o da sensata harmonia, talvez possa ser encontrado, com (muita) boa vontade.
E vale a pena, de certeza, esse esforço.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home