Um colar
6 de março de 2007
Um colar em pedras verdes, de fantasia.
Muito bonito e bem feito, à mão, pela empregada.
A avó gostou tanto que achou que era dela e não o queria devolver.
Mas não, não era da avó. Era da empregada, que os faz nas horas vagas.
- Tão bonito! Encantador!
A avó gostava e o avô também mostrava a sua concordância.
A neta não resistiu aos seus olhares de pena quando a empregada guardou o colar nos bolsos.
- Poderia vendê-lo?, perguntou.
- Eu? Talvez! Quanto acha que vale?
Chegaram a acordo. Não foi barato mas também não foi caro.
A avó nem queria acreditar quando lho deixaram no seu colo.
Então, afinal, sempre era dela...
- Não era! Mas a sua neta comprou-mo. Agora já é!
- Avó, tudo é possível! Ainda tudo é possível para ti, para mim, para esta senhora tão habilidosa com colares e pulseiras...
- Netinha, eu sei disso. ainda tenho esperança!
- De quê? De ficares melhor?
- Pois! Já sei que boa não volto a ficar! Mas melhor e ver mais vezes as flores a renascer, como estes malmequeres... tão pequeninos e tão bonitos!
- São ainda muito frágeis, avó!
- Afinal eu que sou a mais velha, percebo mais disto que tu... que vocês! Até brincaram com o meu colar! Era o meu, não era, marido?
- Era, era! - disseram todos em coro.
Nós é que ainda não tínhamos percebido a verdade do seu tempo, sem tempo.
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