Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2008-02-29

Dinheiros e integridade

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Dinheiros que ora há, ora não há. Uns que pagam as contas, outros que dizem que pagam.
Uns que podem pagar, outros que não podem, outros ainda que não querem.
Dinheiros e contas. Hábitos de honestidade, mais ou menos precários.
Integridades que balançam e oscilam até transbordar.
Vergonha que faz alterar itinerários e rotinas, de olhar no chão.
Falta de vergonha que provoca arrogâncias e confrontos, se necessário.
Dinheiros mal gastos, no gosto pelo supérfluo.
Dinheiros que não se gastam porque não os há.
Nestas sociedades tudo se confunde e as regras são poucas.
Fica a vontade de ser livre. Livre de acusações ou de responsabilidades.
Livre de questões a que não se pode responder. De problemas que não se podem resolver.
Livre daqueles que não olham a meios para salvaguardarem-se.
Fica um sussurro, um desespero que não se quer identificar, senão ainda é mais forte.
Fica o peso de querer ser melhor e parecer o contrário.
Porém, tudo é rigorosamente contado, rigorosamente aproveitado, para o alicerçar da nossa personalidade.
Porque o mais desagradável de hoje terá de ser o maravilhoso de amanhã.
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Jacek Yerka
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Disse Horácio : O dinheiro não possui a faculdade de mudar a natureza íntima !
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2008-02-28

Um sorriso

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É um dia em que tudo está a correr mal.
São os horários, a chuva que está a atrasar toda a gente, as filas de carros, os que não sabem conduzir e hoje ainda exageram e cortam completamente as curvas, etc., etc., etc.
Finalmente chegámos aos serviços de secretaria. A porta ainda está fechada.
Quando abre a do edifício, a da secção que pretendemos continua fechada.
Passados uns minutos, as pessoas tentam perceber se a secção mudou ou o que está a acontecer.
Nada, nada! Vai abrir! Foi só um atraso!
Um bom dia super jovial ajuda a esquecer a chuva e a espera.
As senhas são um pouco confusas nas suas designações e as pessoas estão baralhadas e, de qualquer modo, só há dois empregados para cinco ou seis mesas de atendimento.
Ouvem-se conversas atrás das estantes mas ninguém aparece.
Uma das empregadas presentes vai fazendo as honras do serviço enquanto não tem pessoas para o seu atendimento.
Ajuda a preencher os formulários, que foi distribuindo, conforme os casos e confere os papéis.
Felizmente percebe de todo o serviço. Também vai pedindo desculpas pelo atraso dos colegas.
A empregada destacada para os assuntos que pretendemos resolver, chega finalmente.
Um sorriso agradável, liga o computador, pede desculpas pelo atraso, agradece à colega que lhe adiantou o trabalho e faz o resto.
A quem não tem os papéis todos, vai dando soluções para evitarem voltar de mãos a abanar.
A todos desculpa e ajuda, sempre com um sorriso.
E os protestos surdos vão assim esmorecendo... e os rostos animam-se para o resto do dia... com a esperança que o dia também vá melhorando.
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Mona Lisa del Giocondo (pormenor)
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Leonardo da Vinci
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Disse Joseph Addison : O sol é para as flores o que os sorrisos são para a humanidade !
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2008-02-27

Um dia!

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A guitarra espanhola e o piano são dois instrumentos preferidos de muitos. Mas nem sempre são instrumentos de felicidade.
Infelicidade se causam tristezas e mágoas, lágrimas, arrependimentos e perdão. Ou a felicidade, enfim.
Quando tudo se resolve, afinal os instrumentos foram apenas isso, os intermediários entre sons musicais e as pessoas.
A natureza artística dos indivíduos é uma outra sensibilidade, acrescida às normais de cada um.
Mais ouvido ou melhor voz, melhor intérprete ou gosto mais apurado para música de qualidade, etc. - tudo são condições de apuramento de qualidade na vida.
A vida é completamente diferente com música ou sem ela, com mais arte ou mais sentido prático. E tudo são variantes preciosas que completam a sinfonia da vida, aqui e em todo lado onde haja vida.
Um dia vão ouvir-se, por todos os povos, os sons das músicas de paz.
Por todos os cantos do mundo vai transparecer uma sensibilidade mais apurada. E a vida será mais bela para todas as raças, para todas as espécies de seres sensíveis.
Um dia!
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Túmulo de Nahkt, Egipto. 1450 B.C. (Antes de Cristo)

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Disse Arthur Rubinstein : Descobri que, se amarmos a vida, a vida também nos amará !
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2008-02-26

A consciência

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A consciência das coisas expulsa-nos do marasmo e das emoções.
A consciência é entretenimento bom e vontade disciplinada.
É esperança em melhores possibilidades, em melhor abnegação pela nossa causa – nós próprios.
A consciência remete ao olhar interior, ao ser profundo de nós.
Esse ilustre desconhecido que se aquieta ou irrompe que nem vulcão e nós nem percebemos o porquê de agir assim.
Parecem momentos de vida esquecidos e paralelos à vida, perfeitamente normal, do nosso dia-a-dia.
São como lapsos de nós, em nós.
Então sobrevém a esperança. Ela faz-nos sentir que, um dia, vamos poder entender o nosso eu sociável de hoje e o eu interior de sempre.
Fica a esperança da ligação, da sintonia consciente entre eles.
Sobrevém depois a outra esperança, a da sintonia consciente entre eles e deles com o Universo.
Aí chega a certeza de que as ondas de luz e paz retornam à fonte geradora e existem para todos os seres sensíveis.
- E… deixa-me adivinhar o que se segue… da luz branca surgem todas as cores que conhecemos!
- Ahannn!
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Construindo o arco-íris

Tito Salomini
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Disse Aristóteles : Sê senhor da tua vontade e escravo da tua consciência !
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2008-02-25

O aneurisma

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Chuvas, tempestades, enxurradas e cheias.
Depois o sol a lembrar que a cada tempestade sucede a bonança.
O sol é obscurecido por novas nuvens de chuva mas, de seguida, brilha ainda com mais força.
É sempre assim, em eterna mudança. Nas vidas de cada um, sucedem-se os tempos bons e os outros.
Parecem testes à esperança, à alegria que, nos piores momentos, quase desaparece.
Mas é a esperança em ser feliz, em voltar a ser feliz, que não nos deixa cair quando tudo desaba.
Hoje encontrei uma senhora, casada e com uma filha pequena, que sofreu um aneurisma o ano passado.
Foi uma agonia para todos e ela só soube, por outros, que esteve em coma bastante tempo.
Não se lembrava nada desse tempo, nem dos dias em que recuperava para cair novamente em coma.
Ficou admiradíssima quando lhe relatei que, nesses dias melhores, mesmo sem se lembrar quem era ela própria, continuava com a delicadeza do costume nos gestos, mesmo os ainda incoerentes.
Que tentava sempre esforçar-se por conseguir fazer o que, nem por sombras, conseguia.
Que manteve sempre a força de vontade e iniciativa, para ser o melhor possível, a cada instante.
Que os médicos se admiraram porque não conheciam outro caso assim e que pensaram sempre que seria milagre se recuperasse a razão.
Há milagres, há merecimentos e há também vontade de os fazer acontecer.
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Josephine Wall
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Disse
Miguel de Cervantes : Quem perde a saúde perde muito; quem perde um amigo perde ainda mais; mas quem perde a coragem, perde tudo !
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2008-02-24

Teilhard de Chardin # O Meio Divino - Epílogo

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Aviso prévio
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Os excertos aqui reproduzidos ao Domingo, em Fevereiro, foram retirados da obra «O Meio Divino» do padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955), da edição da Editorial Presença, Lisboa, Colecção Síntese, s.d., e a selecção é da minha responsabilidade.
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Epílogo – A espera da Parusia
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SEGREGAÇÃO e agregação. Separação dos elementos maus do Mundo, e «coadunação» dos Mundos elementares que cada espírito fiel constrói à volta de si no trabalho e no sofrimento. Sob a influência deste duplo movimento, ainda quase totalmente escondido, o Universo transforma-se e amadurece à volta de nós.
Imaginamos às vezes que as coisas se repetem, indefinidas e monótonas, na história da criação. É que a estação é demasiado longa, em relação com a breve duração das nossas vidas individuais, - é que a transformação é vasta demais e demasiado íntima, relativamente às nossas vistas superficiais e limitadas, - para que nos dêmos conta dos progressos do que se faz incansàvelmente por obra e graça e através de toda a Matéria e de todo o Espírito. Acreditemos na Revelação, apoio fiel (aqui também) dos nossos pressentimentos mais humanos.
Debaixo do invólucro banal das coisas, de todos os nossos esforços purificados e autênticos é que se gera gradualmente a Terra nova.
Um dia, anuncia-nos o Evangelho, a tensão lentamente acumulada entre a Humanidade e Deus atingirá os limites fixados pelas possibilidades do Mundo. E então será o fim.
Como um relâmpago que vai de um pólo ao outro, a Presença, silenciosamente acrescida, de Cristo nas coisas revelar-se-á bruscamente. Rompendo todas as barragens onde aparentemente a continham os véus da Matéria e a compartimentação mútua das almas, ela invadirá a face da Terra. E sob a acção, finalmente libertada, das verdadeiras afinidades do ser, arrastados por uma força onde se manifestarão as potências de coesão, próprias do mesmo Universo, os átomos espirituais do Mundo virão ocupar dentro de Cristo ou fora de Cristo (mas sempre sob a influência de Cristo) o lugar, de felicidade ou de castigo, que a estrutura viva do Pleroma lhes designar. Como o raio, como um incêndio, como um dilúvio, a atracção do Filho do Homem arrebatará, para os reunir ou submeter ao seu Corpo, todos os elementos em rodopio do Universo.
Será assim a consumação do Meio Divino.
Sobre o momento e as modalidades deste acontecimento formidável, seria vão, como disso nos adverte o Evangelho, fazer especulações. Mas devemos
esperá-lo.
A espera, – a espera ansiosa, colectiva e actuante de um Fim do Mundo, isto é, de uma Saída ou desfecho airoso para o Mundo, – é a função cristã por excelência e o traço mais distintivo da nossa religião.
Aparecendo um momento entre nós, o Messias não se deixou ver nem tocar senão para se perder, ainda de novo, mais luminoso e mais inefável, nas profundezas do futuro. Ele veio. Mas agora devemos esperá-lo outra vez de novo, – não já só um grupinho escolhido, mas todos os homens – mais do que nunca. O Senhor Jesus só virá depressa quando o esperamos muito. É uma acumulação de desejos que fará eclodir a Parusia.
Sem dúvida, ainda, nós rezamos e agimos conscienciosamente para que «venha a nós o Reino de Deus».
Mas, na verdade, quantos há entre nós que se alegram realmente com a esperança entusiasta de uma refundição da Terra? Nós continuamos a dizer que vigiamos à espera do Senhor. Mas, na realidade, se quisermos ser sinceros, seremos obrigados a confessar que já
não esperamos nada.
É necessário, custe o que custar, reavivar a chama.
É necessário a todo o custo renovar em nós mesmos o desejo e a esperança da grande Vinda. Mas onde buscar a fonte desse rejuvenescimento? Da percepção de uma conexão mais íntima entre o triunfo de Cristo e o êxito da obra que o esforço humano tenta edificar neste mundo.
Esquecemo-nos constantemente disto. O sobrenatural é um fermento, uma alma, não um organismo completo. Ele vem transformar «a natureza»; mas não poderia prescindir da matéria que esta lhe apresente.
Olhemos para a Terra à nossa volta. Que se passa sob os nossos olhos na massa dos povos? Donde vêm estas desordem na Sociedade, esta agitação inquieta, estas ondas que incham, estas correntes que circulam e interferem umas nas outras, estas erupções confusas, formidáveis e inéditas? - A Humanidade atravessa visivelmente uma crise de crescimento. Ela toma obscuramente consciência do que lhe falta e do que pode. Perante ela, como lembrámos na primeira destas páginas, o Universo torna-se luminoso como o horizonte donde vai despontar o Sol. Ela pressente, pois, e ela espera.
Do que dissemos temos já bem assentes no nosso espírito as seguintes ideias: o progresso do Universo, e especialmente do Universo humano, não é uma concorrência feita a Deus, nem um esbanjar vão das energias que ele nos deu. Quanto mais o Homem for grande, tanto maior a Humanidade será unida, consciente e senhora da sua força, – quanto mais bela for a Criação, tanto mais a adoração será perfeita, tanto mais Cristo encontrará, para acrescentamentos místicos, um Corpo digno de ressurreição. Não poderia haver dois cumes no Mundo como não pode haver dois centros de uma circunferência. O Astro que o Mundo espera, sem saber ainda pronunciar o seu nome, sem poder apreciar exactamente a sua verdadeira transcendência, sem poder mesmo distinguir os mais espirituais, os mais divinos dos seus raios, é necessàriamente o Cristo mesmo que esperamos. Para desejar a Parusia, não temos senão que deixar pulsar em nós, cristianizando-o, o próprio coração da Terra.


APONTAMENTO BIOGRÁFICO

Pierre Teilhard de Chardin nasceu em França, em Orcines (perto de Clermont-Ferrand) a 1 de Maio de1881 e faleceu em Nova Iorque a 10 de Abril de 1955.
Padre jesuíta, teólogo, filósofo, paleontólogo, T. de Chardin é ordenado padre em 1911.
Em 1916 publica o seu primeiro ensaio, A Vida Cósmica. Em 1923 efectua a sua primeira viagem à China a solicitação do Museu de História Natural de Paris. Após um artigo sobre o pecado original mal recebido pela hierarquia, é convidado a prosseguir as suas pesquisas na China. Considerado um dos mais eminentes paleoantropologistas da sua época, integra a equipa que estuda o Homem de Pequim. Até à sua ida para Nova Iorque (uma espécie de exílio aconselhado pelas autoridades eclesiásticas), fará pesquisas científicas na Etiópia (1928), Estados Unidos (1930), Índia (1935), Java (1936), Birmânia (1937), Pequim (1936 a 1946) e África do Sul (1951 a 1953).
No entretanto, é-lhe concedido, em 1946, o título de Oficial da Legião de Honra em reconhecimento pelos seus trabalhos na China e, em 1950, é admitido na Academia das Ciências.
Em 1954, num jantar em Nova Iorque, confidencia a amigos que gostaria de morrer no dia da Ressurreição. Morre na Páscoa do ano seguinte, em 1955.
A maior parte da sua obra, proibida pelo Vaticano, é publicada postumamente num total de 13 volumes.
Para um melhor conhecimento do pensamento de Teilhard de Chardin, permito-me referenciar um trabalho do Prof. Dr. Alfredo Dinis, nesta
ligação.
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Glossário:
Pleroma: Universo consumado; Plenitude, o Todo
Parusia: Segundo Advento; Manifestação definitiva de Deus
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Parte I nesta ligação
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Parte II nesta ligação
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Parte III nesta ligação
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Disse Teilhard de Chardin : Deus não está longe de nós, fora da esfera tangível, mas espera-nos a cada instante na acção, na obra da ocasião !
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2008-02-23

Só ele sabia?

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Um corpo destroçado deu à costa, ali mesmo, na areia da praia.
Metade já não existe, só parte do torso e a cabeça.
Mas percebe-se logo que é de mulher.
A cabeça, a cara e o cabelo estão quase intactos. O resto…
Foi um acidente no mar, disseram logo umas vozes.
Foi um suicídio nas rochas, disse uma voz, aos gritos.
Falando alto ou baixo, todos vieram ver e ajudar a tapar o corpo.
Levaram-no num lençol para o hospital resolver o “resto”.
No regresso, os comentários continuavam.
Falaram do aspecto bonito da cara, do horror dos destroços, etc. e, no fim, todos concluíram que o corpo é simplesmente algo que se gasta e destrói. Seja de modo violento ou não.
Um deles, que se tinha mantido calado o tempo todo, falava agora?
- Vocês repararam no coração?
- No coração? Porquê? A bater não estava, de certeza!
Não era o bater!
Eles não viram o coração como ele? Não repararam como o corpo se tornara, de modo intermitente, quase transparente e, nesses momentos, ficava nítido o coração, vivo e a bater e a iluminar o corpo por dentro?
Não repararam que quando isso acontecia, a figura dela, inteira e linda de luz, brilhava dentro “daquilo” que tinha dado à costa?
Ele era o mais velho, mas era assim tão velho que só ele sabia que o amor não morre com o corpo?
E que o amor sublime é assim! Que pulsa eternamente porque ultrapassa tudo – o tempo, o espaço, esta experiência de vida?
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Imagem retirada da net
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Disse
Arthur C. Clarke : quando um cientista reputado mas velho afirma que algo é possível, quase de certeza que tem razão. Quando afirma que algo é impossível, muito provavelmente está enganado !
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2008-02-22

Dos pés à cabeça

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Andar cansado, pés pesados, sapatos alargados em forma de canoas.
Os pés são extremidades que durante toda a vida aguentam o nosso corpo e o nosso peso.
Os pés e as pernas!
Quando sentimos cansaço, o peso ainda aumenta mais sobretudo se relaxarmos, pois agrava-se a sensação do «peso-morto».
A postura erecta facilita a distribuição do peso na coluna e daí uma melhor distribuição do peso nas pernas e pés.
De onde se deduz a importância de andar bem calçado.
Resumindo, é de extrema importância o modo como o nosso corpo assenta no chão que pisa.
Assim como é de extrema importância ter os pés bem assentes, também é importante assentar bem as ideias.
Porque todos os estados mentais alterados – seja por simples tristeza, seja por doença grave – se reflectem na postura e na saúde física.
As pessoas mais risonhas e despreocupadas, geralmente, têm posturas mais erectas e saudáveis.
O cansaço, a tristeza, o mal-estar, provocam – de modo geral – a curvatura da coluna.
É um olhar o chão, demasiado perto, em vez de olhar o sol.
A bem da cabeça e dos pés é muito mais útil transferir a direcção do olhar para o céu e para a luz do sol.
E quem sabe… talvez ele ilumine, de surpresa, o resto dos dias da nossa vida, com toda a radiosa alegria que a luz traz.
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Fotograma do filme Happy Feet
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Disse Harold Nicolson : todos tendemos a julgar-nos a nós próprios pelos nossos ideais, e aos outros pelas suas acções !
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2008-02-21

Fechou os olhos e...

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Deitada na relva, fechou os olhos e como que adormeceu.
O azul do céu que vira alargou-se e era agora um pano, como seda.
Um pano que ondulava ao sabor de uma brisa que começou a soprar suave.
E o pano era cada vez mais extenso, azul céu a ondular para mais longe.
O azul clareou ainda mais um pouco e começaram a notar-se pedras brilhantes de cores variadas.
As pedras eram como cristais, de tão transparentes.
Espalharam-se por toda a extensão do pano. E ondularam como ele.
O pano agora é amarelo, quase branco, muito semelhante a cetim e como que se enovela para depois se abrir e estender outra vez.
Antes de tudo isto, apareceu uma candeia em latão trabalhado artisticamente.
No fim sobraram pedras, parecidas com safiras, que se baralharam até se ordenarem em forma de um colar.
Agora, cai água em torrente.
- Pois cai, começou a chover, e bem!
- Mas não havia uma única nuvem.
- Ainda agora não há…!
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David Camp
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Disse Carlo Dossi : constantemente nascem factos para contradizer as teorias !
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2008-02-20

Antagonismos

Antagonismos.
Duas pessoas que se encontram e mentalmente se afastam, a fugir, a correr, uma da outra…
Delicadamente, no entanto, cumprimentam-se e falam de nada.
De nada importante ou sequer que valha a pena relatar.
A rejeição persiste e nenhum deles sabe porquê.
Só sabem que tomara estarem longe um do outro; a milhas!
Causam-se arrepios mútuos, um constrangimento horrível a tolher-lhes os movimentos.
Sem saberem da reacção do outro, interrogam-se no íntimo.
Que será isto? Porque provoca este desespero, este pavor, aquele indivíduo, aparentemente tão simpático?
Há memórias que nos transportam ao princípio e ao fim dos tempos. Dos nossos próprios tempos.
Memórias nossas, de nós connosco. Memórias de outras eras.
Mas nossas, muito nossas.
Alhures deve estar esse aí que continua a gesticular e a falar de modo educado.
Ultrapassam ambos a situação de modo civilizado e com despedidas cordiais.
Conversas de circunstância, simples.
Conversas que, a repetirem-se, talvez sejam um processo de cura de algo que chega do passado ao presente, sem aviso prévio.

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O falso espellho
René Magritte
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Disse Julia Kristeva : o estrangeiro está em nós. Quando fugimos ou combatemos o estrangeiro, lutamos contra o nosso próprio inconsciente !
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2008-02-19

Enamoramento

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Relações lícitas, relações ilícitas.
Palavras que, na sociedade de hoje, vão perdendo o sentido que as caracterizava. No entanto a percentagem dos mal amados, se não é semelhante, é porque aumentou ainda mais.
Há publicidade, e tudo o que imaginar se possa, sobre sexo.
Mas quase nada sobre amor e ainda menos sobre carinho.
Porque os mal amados sofrem realmente é de falta de carinho.
Amar até amam e são amorosos... o que lhes falta é sentir-se amado também e o tempo de enamoramento.
Isso é que se perde e se procura a todo o instante.
Uma migalha de atenção, um micro-segundo de entendimento subentendido.
Ler, noutros olhos, uma mensagem enamorada por nós.
Devolver a outro(a) uma mensagem semelhante de saudade.
Saudade de estar junto. De ficar lado a lado.
De sentir – sentindo e esquecendo o mundo.
Respirar em todos os poros o enamoramento do outro, de nós, da vida, do que nos rodeia.
E tudo se ilumina em nós… assim… porque amor é enamoramento.
E enamoramento é amor.
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Ismail Shammout
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Disse
Jean Anouilh : O amor é, acima de qualquer outra coisa, a dádiva de si próprio !
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2008-02-18

Caminhos

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Antes era: o seu nome e morada, por favor.
Depois foi: o seu nome e telefone.
Depois: o seu telefone e telemóvel.
Agora: o telemóvel e o mail.
Quase tudo virtual e as pessoas vivem e mexem-se deste modo, na sua própria realidade virtual.
Ultimamente temos as consequências das realidades do crédito bancário, que parecem também virtuais até ao dia em que passam a bombas de realidade, com papéis e mais papéis, sem que a grande maioria dos assinantes perceba, cabalmente, o que assinou.
Porque, os que perceberam, os bancos nunca mais os encontram.
Se para uns é democracia, para outros é a liberdade da boa vida.
Para todos é a valência da consciência de cada um.
Para aqueles que a vida é um caminhar, alegre ou triste, sempre um caminhar para chegar lá, algures à felicidade... o objectivo é chegar a uma luz de paz que supere tudo, que ilumine tudo o que puder ser iluminado. Que faça brilhar o nosso fôlego e abnegação.
Uma luz que felicite o caminho recto, entre os pingos de chuva que lavam e purificam as labaredas da inconsciência…
- Pronto, já chegámos!
- Ohhh! Mas é o lago de que as escrituras falavam. Não pensei que existisse mesmo!
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Imagem retirada da net
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Disse Albert Einstein : o verdadeiro valor de um ser humano é determinado pela sua capacidade de conseguir libertar-se de si mesmo !


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2008-02-17

Teilhard de Chardin # O Meio Divino - Parte III


Aviso prévio
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Os excertos que serão aqui reproduzidos ao Domingo, em Fevereiro, são retirados da obra «O Meio Divino» do padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955), da edição da Editorial Presença, Lisboa, Colecção Síntese, s.d., e a selecção é da minha responsabilidade.
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Terceira Parte – O Meio Divino

Deus revela-se em toda a parte aos nossos tacteios, como um meio universal, por ser o ponto último onde convergem todas as realidades. Cada elemento do Mundo, seja ele qual for, só subsiste, hic et nunc, à maneira de um cone cujas geratrizes se unissem (no termo da sua perfeição individual e no termo da perfeição geral do Mundo que as contém) em Deus que as atrai. Por conseguinte, todas as criaturas, como tais, não podem ser consideradas na sua natureza nem na sua acção sem que, no mais íntimo e no mais real de si mesmas, – como o sol nos pedaços de um espelho quebrado, – se não descubra a mesma Realidade una na sua multiplicidade, inatingível mesmo na sua proximidade, espiritual mesmo na sua materialidade. Nenhum objecto pode influir sobre nós pelo seu próprio fundo sem que o Foco universal irradie sobre nós. Nenhuma realidade pode ser apreendida pelo nosso espírito, pelo nosso coração ou pelas nossas mãos, na essência do que encerra de desejável, sem sermos obrigados pela própria estrutura das coisas, a subirmos até à fonte primeira das suas perfeições. Este Foco, esta Fonte estão pois em toda a parte. Exactamente por ser infinitamente profundo e punctiforme, Deus está infinitamente próximo e em toda a parte. Exactamente por ser o Centro, ele ocupa toda a esfera.
Nas esferas exteriores do Mundo, o Homem sente-se a cada instante angustiado por separações que põem entre os corpos, distâncias; entre as almas, impossibilidade de se compreenderem; e entre as vidas, a morte. A cada momento também o Homem tem de gemer por não poder, no breve espaço de alguns anos, levar a cabo e abarcar tudo. Finalmente, ele inquieta-se sem cessar, e não sem razão, perante o louco descuido ou a irritante insipidez de um meio natural onde a maior parte dos esforços individuais parecem desperdiçados e perdidos, – onde as pancadas e os gritos parecem ser logo abafados sem despertarem nenhum eco.
Tudo isto é a desolação da superfície.
Mas deixemos a superfície e, sem nos afastarmos do Mundo, mergulhemo-nos em Deus. Aqui e daqui, nele e por ele, dominaremos tudo e comandaremos tudo. Todas as flores e todas as luzes que tivermos deixado para sermos fiéis à vida, um dia encontraremos aí a sua essência e o seu fulgor. Os seres que perdemos a esperança de atingir e de influenciar, lá estão reunidos pelo vértice mais vulnerável, mais receptivo e mais enriquecedor da sua substância. Nesse lugar, o mínimo dos nossos desejos e dos nossos esforços é recolhido, conservado e num instante pode fazer vibrar todas as forças do Universo.
O Panteísmo seduz-nos pelas suas perspectivas de união perfeita e universal. Mas no fundo não nos daria, se fosse verdadeiro, senão fusão e inconsciência, pois no termo da evolução que ele julga descobrir, os elementos do Mundo desaparecem no Deus que eles criam ou que os absorve. O nosso Deus, pelo contrário, leva ao extremo a diferenciação das criaturas que concentra em si. Só o Cristianismo salvaguarda, com os direitos do pensamento, a aspiração essencial de toda a mística: unir-se (isto é, tornar-se o Outro) ficando cada um o que é.
A imensidade de Deus é o atributo essencial que nos permite apreendê-lo universalmente em nós e à volta de nós. Sob que aspecto, próprio da nossa Criação, adaptado ao nosso Universo, se manifesta e se aplica à Humanidade, a Imensidade divina?
No fundo, desde as origens da preparação messiânica até à Parusia, passando pela manifestação histórica de Jesus e pelas fases de crescimento da sua Igreja, um só acontecimento se desenrola no Mundo: a Encarnação, realizada em cada indivíduo pela Eucaristia.
Todas as comunhões de uma vida formam uma só comunhão.
Todas as comunhões de todos os homens actualmente vivos formam uma só comunhão.
Todas as comunhões de todos os homens presentes, passados e futuros formam uma só comunhão.
Considerámos nós já alguma vez suficientemente a imensidade física do Homem, e as suas extraordinárias conexões com o Universo, para «realizar» nos nossos espíritos o que contém de formidável esta verdade elementar? A camada humana da Terra está inteira e perpètuamente sob o influxo organizador de Cristo encarnado.
Ora, como se apresenta na estrutura do universo, o próprio Mundo? Aparece-nos como uma zona de transformação espiritual contínua em que todas as realidades e todas as forças inferiores sem excepção vêm sublimar-se em sensações, em sentimentos, em ideias e em faculdades de conhecer e de amar. À volta da Terra, centro das nossas perspectivas, as almas formam, em certo modo, a superfície incandescente da Matéria imersa em Deus. Desde o ponto de vista dinâmico e biológico, é tão impossível marcar abaixo dela um limite como entre uma planta e o meio em que cresce.
Benson, num dos seus contos, imagina que um «vidente» chega à capela isolada onde ora uma religiosa. Entra. E eis que à volta deste lugar ignorado ele vê de repente o Mundo inteiro a enlaçar-se, a mover-se, a organizar-se segundo o grau de intensidade e de inflexão dos desejos da humilde orante. A capela tornara-se como que o pólo à volta do qual girava a Terra. Ao redor de si mesma, a contemplativa sensibilizava e animava as coisas porque ela cria; e a sua fé era operante, porque a sua alma, puríssima, a colocava muito perto de Deus. – Esta ficção é uma excelente parábola.
A tensão interior dos espíritos para Deus pode parecer sem importância àqueles que tentam calcular a quantidade de energia acumulada na massa humana.
E contudo, se fôssemos tão capazes de ver a «luz invisível» como vemos as nuvens, os relâmpagos ou os raios solares, as almas puras parecer-nos-iam neste Mundo, tão activas, só pela sua pureza, como os picos nevados, cujos cumes impassíveis aspiram contìnuamente para nós as forças errantes da alta atmosfera.
Queremos que tome incremento à volta de nós o Meio Divino? Acolhamos e alimentemos cuidadosamente todas as forças de união, de desejo, de oração que a graça nos apresenta. Só pelo facto do aumento da nossa transparência, a luz divina, que não cessa de incidir com força sobre nós, transbordará mais.
Ninguém no Mundo pode salvar-nos ou perder-nos, contra a nossa vontade.
A que força está reservado o papel de estilhaçar os invólucros onde tendem a isolar-se ciosamente e a vegetar os nossos microcosmos individuais? À Caridade, princípio e efeito de toda a ligação espiritual.
Meu Deus, vós dissestes-me que creia no Inferno. Mas também nos proibistes de pensar, com absoluta certeza, que um só homem tenha sido condenado. A cada alma que, ao perder-se apesar dos apelos da graça, haveria de arruinar a perfeição da União comum, vós opondes, meu Deus, umas dessas refundições que restauram a cada momento o Universo numa frescura e numa pureza novas. O condenado não é excluído do Pleroma, mas da sua face luminosa e da sua bem-aventurança. O condenado perde o Pleroma, mas ele não é perdido para o Pleroma. O Cume não se mede bem senão pelo abismo coroado por ele.Falava eu há pouco de um Universo fechado, abaixo, pelo nada, isto é, de uma escala de grandezas que fossem a acabar, de certo modo, no zero. Mas eis, meu Deus, que ao rasgardes as sombras inferiores do Universo, vós me mostrais que debaixo dos meus pés se abre outro hemisfério, – a região real, descendo ilimitadamente, de existências pelo menos possíveis. Os fogos do inferno e os fogos do céu não são duas forças diferentes, mas manifestações contrárias da mesma energia.
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Parte I nesta ligação
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Parte II nesta ligação
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Parte IV nesta ligação
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Disse Teilhard de Chardin : Como o mar em certos dias só se ilumina ao contacto da quilha ou do nadador que o corta, – assim o Mundo só se ilumina de Deus reagindo ao nosso esforço !
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2008-02-16

Depois, logo se vê!

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Consulta marcada há quase dois meses e, portanto, já nem se sabe o porquê da necessidade.
Foi necessário ir ao hospital várias vezes, o que significou “digerir” várias receitas e pagar exames e análises, mais a necessidade de marcação da dita consulta - porque, a partir de determinado ponto, já não era considerada urgência.
Mas… isso foi no Natal passado.
Isto é um sistema esquisito, mais a mais porque os dados do doente poderiam estar já carregados em fichas clínicas informatizadas.
Isso facilitaria obter o historial do doente sem constantes e novos exames, de modo a chegar às conclusões adequadas de diagnóstico mais rapidamente, sempre que há antecedentes.
Uma vez garantido um sistema de acesso controlado à informação privilegiada, ela deveria ser acessível aos postos médicos e hospitais, ou seja, entre os vários serviços onde o doente poderia estar a ser atendido.
Essa parte é sempre a mais barata pois, na prática, os meios físicos já teriam sido disponibilizados, etc. etc.
E se formos para outras áreas de serviços públicos, acontece o mesmo.
Quase nada é acabado, apenas se põem as coisas a andar; depois, logo se vê!
Deve ser um problema de geografia, ou algo assim, porque as mesmas pessoas sabem, noutras ocasiões, começar e acabar as suas tarefas como deve ser.
Visto isto, resta-nos sempre a esperança de que os sujeitos pensantes confirmem ser sujeitos e pensantes, do princípio ao fim.
Qualquer dia será necessário haver exames no fim, além da fiscalização, para se garantir o acabamento dos projectos?!
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Imagem retirada da net



Disse Winston Churchill : O político deve ser capaz de prever o que vai acontecer amanhã, no próximo mês e no próximo ano, e de explicar depois o porquê de não ter acontecido !
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2008-02-15

O ruído e o som

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Um carro ligeiro vai passando os sinais, bem rápido, aproveitando o verde.
Percorre a avenida num instante, chega ao lugar pretendido, estaciona, trata dos assuntos e volta para casa.
Mais ou menos a mesma coisa todos os dias e, desta vez, tudo junto, não foi mais de meia hora.
O sol já está forte mas, em vez de o desfrutar ao ar livre, ele vai logo para casa.
Trata das suas coisas e senta-se à mesa para trabalhar.
E trabalha, trabalha...
Às tantas pára e parece querer escutar dentro de si mesmo.
O que será isto?... É um enorme barulho de máquinas, ali, dentro da sua cabeça.
Ultimamente é sempre aquilo todos os dias. Uns dias o ruído é ensurdecedor, outros é mais leve.
Mas o frenesim das máquinas é sempre igual.
São os sons que elas fazem que se ouvem melhor ou pior.
Por isso ele quer ficar só. Cada dia mais isolado.
Porque nessa solidão o ruído cresce e cresce. E assim pode ter a possibilidade de analisá-lo e perceber melhor o que é, e o que deve fazer.
- Ohhh! Então ele ainda não sabe o que é? É o trabalhar do seu próprio coração que ele percebe e ouve. Uma autêntica máquina que não pára. Isto é, não pára até ao dia em que pára mesmo.
É o som da sua vida, do seu corpo.
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Imagem retirada da net
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Disse Oscar Wilde : Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe !
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2008-02-14

Tratamentos

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Parece um campo de guerra mas não é, apesar de se verem corpos espalhados e feridos graves em todo o campo.
Também há abrigos onde entram e saem constantemenmte pessoas.
Pessoas que, não sendo de enfermagem, estão em condições de garantir os primeiros socorros.
Eles próprios já foram os feridos e agora tratam de outros feridos e dos tratamentos possíveis.
Ainda há tratamentos que provocam muito sofrimento, oh!, se há! Ainda é assim! Um dia virá que se toma um comprimido, ou equivalente, e já está o resultado.
Ou então o dia em que valha apenas o pensamento - disciplinado e dirigido - para qualquer um se tratar.
Técnicas ao alcance de todos, sem gasturas inúteis, apenas pelo equilíbrio de corpo e mente.
- Aqui no livro também diz que se carregar com os dedos em alguns sítios, tratam-se os problemas que existem noutro lado do corpo... mas o melhor é ir aprender com quem sabe.
- Sim, sim! Tudo deve ser conhecido porque tudo tem o mau e o bom, o erro e a qualidade.
- Sempre a dualidade...
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Diagrama do Tai Chi
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Disse S. Tomás de Aquino : não há nada no intelecto que não estivesse primeiro nos sentidos !
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2008-02-13

As imagens

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Aparências, modas, roupas, penteados.
As figuras individuais produzem, em cada um de nós, juízos de valor sobre as pessoas que se vão conhecendo.
Aos primeiros gestos... e já estamos a definir a pessoa que encontramos.
O problema é que essas ideias quase nunca correspondem à realidade.
Isto porque é improvável que, em instantes, se dê uma imagem acertada de si mesmo.
O que é dado é uma imagem do modo de estar na vida, naquele momento.
Se está apressado ou distraído, lento ou ágil, satisfeito ou enervado, etc.
Mas o íntimo de cada um, às vezes, nem o próprio o conhece.
Do mais desagradável de si mesmo há um desvio, quase imediato e subtil, para outras questões.
Poucos são os que analisam o seu interior e o tratam onde deve ser tratado.
Porque só nesses casos é que esse interior fica à vista de quem quiser observar.
Geralmente estamos muito aquém do que gostaríamos de ser. Ou até do que “certamente” queremos ser.
Resta um vazio, um autêntico deserto em nós, quando vemos fundo, lá bem dentro de nós, o que sentimos em relação a cada pormenor que se atravessa na nossa vida.
O que sentimos, mesmo sem querer. Afinal qual é verdadeiramente o nosso nível moral?
Algures vi, ou li, que a nossa evolução moral depende de seguir o que nos distingue de melhor, porque o que nos assemelha aos outros deixa-nos nesse nível.
O que nos assemelha, ou assemelhou algures, deve servir para compreender os outros e dar-lhes a mão para os ajudar a seguir.
Porque todos seguimos sempre em frente, apesar de ser por diferentes modos.
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Imagem retirada da net


Disse Albert Einstein : Aquele que gosta de ser adulado é digno do adulador !
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2008-02-12

Cursos e escolas

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Cursos e escolas, aulas teóricas e práticas,
Conhecimentos que uns pretendem partilhar com outros.
Usualmente adapta-se um esquema geral que depois se subdivide cada vez mais.
E começam as explicações, por vezes dissertações, sobre os temas.
Olhar observador vai vendo a plateia assistente, esquadrinhando as suas reacções.
Perante o que se observa, redobra-se na minúcia das explicações.
E pede-se à assistência o resumo do resumo ou então as dúvidas ou contestações. Seguem-se aulas partilhadas com noções teóricas e práticas dando a impressão de outro tipo de dinamismo.
Nesta altura florescem dúvidas quando, minutos atrás, havia certezas.
Esclarecidas as situações possíveis, mais as inventadas porque estruturadas em erros básicos, segue-se a conversação animada.
Da conversa útil passa-se à conversação bem-humorada a daí às despedidas.
Tudo é arrumado, novas despedidas, apaga-se a luz e fecha-se a porta.
Fica a esperança de ter sido útil repartir informação e conhecimento.
É tão bom Saber !
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Iluminura do Séc. XIV em "Os Elementos de Euclides"
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Disse Albert Einstein : Se a minha Teoria da Relatividade estiver correcta, a Alemanha dirá que sou alemão e a França declarar-me-á um cidadão do mundo. Mas, se não estiver, a França dirá que sou alemão e os alemães dirão que sou judeu !
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2008-02-11

Brincadeiras de Carnaval

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Dias de Carnaval já passados, brincadeiras que ficaram.
Continuam a esconder-se os materiais e a deixar os colegas à procura.
Exasperam-se os ânimos, ouvem-se exclamações mal-humoradas e, a seguir, risadas.
O nervosismo aumenta ainda mais.
Então uns colegas mais atentos trazem um carrinho cheio, bem cheio, do material que faltava.
Risos e gargalhadas gerais. A brincadeira acabou no tempo certo porque, a seguir, iria degenerar em mal-estar por exceder o tempo, ou o limite, que cada um sente em si e que permite aceitar os acontecimentos com bom humor.
- Sim, é verdade. Até para brincar bem, é necessário ter juízo. É preciso perceber o ponto de viragem entre a aceitação com descontracção e o nervosismo do mau humor.
Todos temos esse ponto de viragem com todas as suas variações do dia, da hora, do instante.
Para que o bem-estar não se perca é necessário estar atento.
Divertir não é à custa de ansiedade ou mágoas.
Divertir é, essencialmente, alegrar-se. Mudar o ritmo por momentos ou por dias.
Sobretudo, é bom que dos divertimentos fique uma boa lembrança.
Os anos vão passar e as recordações serão cada vez mais importantes.
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Imagem retirada da net


Disse Paul Valéry : a política é a arte de evitar que as pessoas se interessem por aquilo que lhes diz respeito !

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2008-02-10

Teilhard de Chardin # O Meio Divino - Parte II

Aviso prévio
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Os excertos que serão aqui reproduzidos ao Domingo, em Fevereiro, são retirados da obra «O Meio Divino» do padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955), da edição da Editorial Presença, Lisboa, Colecção Síntese, s.d., e a selecção é da minha responsabilidade.

Segunda Parte – A Divinização das Passividades
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As passividades, como lembrámos no começo deste estudo, formam a metade da existência humana. As passividades acompanham sem cessar as nossas operações conscientes como reacções que dirigem, apoiam ou contrariam os nossos esforços.
Nós conhecemo-nos e dirigimo-nos num círculo incrivelmente reduzido. Imediatamente para além desse círculo começa uma noite impenetrável, e, no entanto, carregada de presenças, - a noite de tudo o que está em nós e à volta de nós, sem nós e contra a nossa vontade. Aí estão as trevas, carregadas de promessas e de ameaças, que o cristão terá de iluminar e animar com a Divina Presença.
Parece-nos tão natural o crescer que, ordinàriamente não pensamos em distinguir da nossa acção as forças que a alimentam nem as circunstâncias que favorecem o seu êxito. No entanto «que tens tu que antes não tenhas recebido?». Tanto ou mais que a Morte, recebemos passivamente a Vida. Penetremos no recanto mais secreto de nós mesmos. Examinemos de todos os lados o nosso ser. Procuremos aperceber-nos com vagar do oceano de forças recebidas passivamente em que está como que imerso o nosso crescimento. É um exercício salutar.
Ora pois, talvez pela primeira vez na minha vida (eu, considerado como alguém que faz meditação todos os dias!) peguei na lâmpada, e deixando a zona, aparentemente clara das minha ocupações e das minhas relações quotidianas, desci ao mais íntimo de mim mesmo, ao abismo profundo donde sinto confusamente que emana o meu poder de acção. Ora, à medida que me afastava das evidências convencionais com que é superficialmente iluminada a vida social, notei que me escapava a mim mesmo. A cada degrau descido, descobria-se em mim um outro personagem, cujo nome exacto já não podia dizer e que já não me obedecia. E quando tive de parar na minha exploração, por me faltar o terreno debaixo dos pés, deparava-se-me um abismo sem fundo donde saía, vinda não sei donde, a onda a que me atrevo a chamar a minha vida.
Que ciência poderá jamais revelar ao Homem, a origem, a natureza, o regime do poder consciente de querer e de amar, de que é constituída a vida? Não foi o nosso esforço, com certeza, nem o esforço de ninguém à nossa volta, que desencadeou esta corrente. Em última análise, a vida profunda, a vida fontal, a vida nascente furtam-se absolutamente à nossa apreensão.
E então, perturbado com a minha descoberta, quis voltar á luz, quis esquecer o inquietante enigma no confortável ambiente das coisas familiares, - recomeçar a viver à superfície sem sondar imprudentemente os abismos. Mas eis que, sob o próprio espectáculo das agitações humanos, eu vi reaparecer diante dos meus olhos experientes, o Desconhecido de quem queria fugir. Desta vez, não se ocultava no fundo de um abismo: agora, dissimulava-se por detrás da multidão dos acasos entrecruzados de que é tecida a teia do Universo e a da minha humilde individualidade. Mas era realmente o mesmo mistério: eu identifiquei-o. O nosso espírito perturba-se quando tentamos medir a profundeza do Mundo abaixo de nós. Mas vacila também quando tentamos contar a s sortes favoráveis de cuja influência resulta, a cada instante, a conservação e o perfeito desenvolvimento do menor dos seres vivos. Depois de ter tomado consciência de ser um outro e um outro maior do que eu – uma segunda coisa me causou vertigens: foi a suprema impossibilidade, a formidável inverosimilhança de me encontrar a existir no seio de um Mundo realizado com êxito.
Neste momento, como qualquer que quiser fazer a mesma experiência interior, senti pairar sobre mim a angústia essencial do átomo perdido no Universo, – a angústia que faz sossobrar diàriamente vontades humanas debaixo do número esmagado dos seres vivos e dos astros. E se alguma coisa me salvou, foi o ouvir a voz evangélica, garantida por êxitos divinos, que me dizia, do mais profundo da noite: «Sou eu, não tenhas medo».
As forças de diminuição são as nossas verdadeiras passividades. O seu número é imenso, as suas formas infinitamente variáveis, a sua influência contínua. Em certo sentido, é de pouca importância o escaparem-se-nos as coisas, porque podemos sempre imaginar que elas nos voltarão às mãos. O terrível para nós é o escaparmos nós às coisas por uma diminuição interior e irreversível.
Humanamente falando, as passividades de diminuição internas formam o resíduo mais negro e mais desesperadamente inutilizável dos nossos anos. Na morte, como num oceano, vêm confluir as nossas bruscas ou graduais diminuições. A morte é o resumo e a consumação de todas as nossas diminuições: ela é o mal – mal simplesmente físico, na medida em que resulta orgânicamente da pluralidade material em que estamos imersos, – mas mal moral também, na medida em que essa pluralidade desordenada, fonte de todo o choque e de toda a corrupção, é gerada, na sociedade ou em nós mesmos, pelo mau uso da nossa liberdade. A qualquer instante, por mais comprometida pelos nossos pecados ou por mais desesperada que esteja pelas circunstâncias a nossa situação, podemos sempre por uma completa reparação, reajustar o Mundo à volta de nós e retomar favoràvelmente a nossa vida.
Perguntemo-nos, pois, como, e em que condições, as nossas mortes aparentes, isto é, as escórias da nossa existência podem ser integradas no estabelecimento, à volta de nós, do Reino e do Meio divinos.
Deus não pode, mesmo em virtude das sua perfeições ¹, fazer com que os elementos de um Mundo em vias de crescimento, – ou pelo menos de um Mundo caído em vias de soerguer-se, escapem aos choques e às diminuições mesmo morais.
A Cruz foi sempre um sinal de contradição e um princípio de selecção entre os Homens. Onde ela aparece são inevitáveis efervescências e oposições. Demasiadas vezes a Cruz é apresentada à nossa adoração não como um fim sublime que devemos atingir ultrapassando-nos a nós mesmos, mas como um símbolo de tristeza, de restrição e de recalcamento. Esta maneira de pregar a Paixão é devida simplesmente, em muitos casos, ao emprego infeliz de um vocabulário pio em que as palavras mais graves (como sacrifício, imolação, expiação) esvaziadas do seu sentido pela rotina, são empregadas com uma ligeireza e um à-vontade inconscientes. Brinca-se com fórmulas. Mas esta maneira de falar acaba por dar a impressão de que o Reino de Deus não se pode estabelecer senão num ambiente de luto, indo constantemente contra a corrente das energias e das aspirações humanas. Apesar da exactidão das palavras, no fundo, não há nada menos cristão que essa perspectiva.
Tomada no seu sentido mais alto de generalidade, a doutrina da Cruz é aquela a que adere todo o homem persuadido de que, perante a imensa agitação humana, se abre um caminho em direcção a uma saída, e que este caminho é a subir. A vida tem um termo: portanto exige uma direcção de marcha, que de facto se encontra orientada para a mais elevada espiritualização por meio do maior esforço.
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¹ Porque as suas perfeições não poderiam ir contra a natureza das coisas, e a natureza de um Mundo suposto em vias de aperfeiçoamento, ou «em re-ascensão», é exactamente o estar ainda parcialmente desordenado. Um Mundo que não apresentasse já traços nem ameaça de Mal, seria um Mundo já consumado.
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Parte I nesta ligação
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Parte III nesta ligação
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Parte IV nesta ligação
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Disse Teilhard de Chardin : O fracasso canaliza a nosa seiva interior, distingue as componentes mais puras do nosso ser, de modo a projectar-nos para mais alto e mais rectamente !
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2008-02-09

Grupos

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Motas e motoqueiros, alegres e felizes, em grupo.
Param em afinidade de horários e interesses nas estações de serviço das estradas e das auto-estradas.
Enchem os lugares com as conversas e a alegria que trazem.
Sabem dos perigos e das famas que enfrentam mas a vida, para eles, regista esses valores em grande amplitude.
São anos e anos desse ritmo, semelhante a rally.
Tudo gira a uma velocidade estonteante.
Os luxos são a máquina, as competições, fatos e demais apetrechos de viagem.
O resto é passageiro. O convívio e o pitoresco das viagens valem o resto.
São as escolhas de cada um, as prioridades à vista e a serem realizadas, faça chuva ou faça sol.
Além dos preceitos habituais, há também os de cada um.
Encontramos facilmente os desordeiros e os ordeiros e cumpridores escrupulosos das boas maneiras.
Em todos os grupos, sejam de que perfil sejam, há sempre o pior e o melhor.
Os melhores são os que mantêm sempre a diferença de bem-viver, bem-estar e bem-respeitar.
Então, a vida e o convívio tornam-se tão, oh! tão mais agradáveis e salutares…
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Imagem retirada da net
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Disse Oscar Wilde : o egoísmo não consiste em viver como nos apetece, mas sim em querer que os outros vivam como a nós nos apetece !
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2008-02-08

Descanso

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Alguns casais estão à beira de um rio que corre em margens rasteiras, de areia sem fim.
O sol está forte e torna a areia muito amarela.
Eles vêm de longe e de várias direcções. Alguns de mão dada, outros quase separados.
Olhando na direcção deles, vê-se uma mulher no rio, as pernas na água. Ela olha para baixo, para os pés.
Observa, muito admirada, o sangue que sai deles e que vai manchando a água.
A água do rio é cristalina e notam-se perfeitamente os veios de sangue que saem dos pés.
A admiração prende-se com o facto de não ter qualquer ferimento.
Conforme os casais se vão aproximando e juntando-se a essa mulher, ela começa a sangrar cada vez mais.
Alguém lhe dá um agasalho e, tirando-a da água, começa a tratá-la e a ligá-la para estancar o sangue.
O sol, cada vez mais forte, aquece-a, e mais repousada e limpa, parece dormir à beira do rio, na areia quente.
Os casais, em grupo, agradecem-lhe todos os esforços que fez para que pudessem reencontrar o amor que um dia juraram uns aos outros, em votos matrimoniais.
Restabelecendo, aos poucos, os amores da família, tinham vindo à sua procura , quando souberam dela.
Ela, que tinha entregue o seu amor para que eles recuperassem as suas famílias, tão afastadas.
Ela já não os ouviu.
Já podia descansar e dormir com os anjos.

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Irmã M. Paraclita
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Disse Elmer G. Letterman : A personalidade pode abrir portas, mas só o carácter as pode manter abertas !

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2008-02-07

Amor e liberdade

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Todos os três - vindos do nada - se juntaram para lhe pedir desculpas.
Mas desculpas de quê?
E eles insistiam de igual modo – o pai, a filha e a amiga. E depois ainda se juntou um tratador - das terras e dos animais.
Ela desculpou. O que quer que fosse!
Então eles explicaram que se ela não sabia, não valia de nada.
Tinha que desculpar sabendo, conhecendo a extensão do mal sofrido, do prejuízo, enfim…
Mas qual prejuízo? Se explicassem, seria mais fácil!
Bom, nesse caso de esquecimento… eles mostraram-lhe cenas de criança.
Pequenas mentiras e enganos, contratempos pelos gostos próprios sem perceberem que ela, criança, não poderia ter gostos iguais aos deles.
Percebia a posição deles todos, de completo alheamento quanto ao direito da sua infantil opinião.
Mais a mais sabendo eles, agora, que a opinião dela era precisamente contrária à deles.
Oh, eles agora sabiam muitas coisas e tinham que renová-las para lograr a melhor solução.
Sim, sim, ela desculpava aquilo que mostravam nas cenas e recordações.
Como? A filha pedia desculpa pelo excesso de amor? Porquê…? Isso era necessário?
Então, se estava a perceber, o amor não pode ser tão grande que sufoque. Tem que dar espaço à liberdade de cada um.
Pois, senão pode tolher o desenvolvimento que cada um deve prover na sua vida.
E eles, desculpavam-lhe a falta de diálogo?
Da inconfissão dos seus sentimentos?
Sim? Óptimo! Que possam ser felizes... e até qualquer dia!
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Verdade, Beleza, Liberdade, Amor
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Disse Gabriel Garcia Márquez : a vida não é aquilo que vivemos, mas aquilo que recordamos e como a recordamos para contá-la !
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2008-02-06

Devoção

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Obras missionárias, de caridade ou de benfeitorias.
Começam de modo modesto, administradas como casas de família. Com privações, muito trabalho, demasiado cansaço e muita, muita devoção.
Devoção a uma situação determinada e às pessoas envolvidas nessa situação.
Ou seja, devoção à causa.
São de uma ajuda preciosa a todos os que necessitam de um apoio, de um refúgio.
Às vezes até de um esconderijo onde possam descansar física e mentalmente.
Onde se creiam seguros para intervalar das suas preocupações.
Conseguir uma oportunidade para mudar o rumo que as suas vidas tomaram, quase sempre sem perceberem muito bem como, na precipitação de decisões e de acontecimentos inacabados.
E essas empreitadas de boa vontade vão aumentando com ajudantes e ajudados. E, muitas vezes, extravasam as suas responsabilidades criando algum cepticismo por quem antes admirava e confiava no seu trabalho.
Assistimos então à constância do justo querer e justo fazer.
Por outras palavras, tudo o que é de menos deve desenvolver-se.
Mas tudo o que é demais também deve evitar-se.
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.Imagem retirada da net


Disse a sabedoria popular : é quando nos esquecemos de nós próprios que fazemos coisas que merecem ser recordadas !
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2008-02-05

Aparece depois de morto

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Aparece depois de morto, aqui e ali.
Não assusta ninguém e vai pedindo humildemente perdão.
Perdão por coisas para nós insignificantes como, por exemplo, de um dia que fomos a sua casa e em que foi agradecendo com as palavras usuais mas desapreciando mentalmente o que lhe leváramos.
Perdão por nos ter julgado inúteis nesta ou naquela tarefa que ele achava dever ser feita naquele dia e determinado modo.
Perdão por ter ficado melindrado quando foi ocupar um quarto em vez de outro que gostava mais.
Perdão por não nos ter vindo visitar quando o desejávamos mas apenas quando lhe dava jeito.
Perdão pelas vezes que nos abandonou para cumprir as suas tarefas no prazo correcto.
Perdão pelo seu atraso nas ocasiões festivas.
Perdão por ter mentido para não dar notícias desagradáveis.
Enfim, perdão por não ter sido melhor do que foi, pelas prioridades que estabeleceu e pela desatenção aos sentimentos de quem necessitava, ao seu lado, de compreensão e carinho.
Um dia veio despedir-se porque iria instruir-se e depois trabalhar aguardando outros, despreparados como ele, para essa vida que se segue a esta.
- E nós estamos a falar de alguém conhecido?
- Do filme que fui ver ontem. Não foi o que perguntaste?
- Não! Não fiz qualquer pergunta! Estive calada o tempo todo!
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Gustav Klimt
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Disse
Pier Paolo Pasolini : a morte não é deixar de comunicar, mas sim deixar de se ser compreendido !

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2008-02-04

Os problemas

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Todos temos problemas, sejam os vulgares do dia-a-dia, sejam os mais ou menos graves, implicando maiores ou menores sacrifícios.
As questões que podem colocar-se são também variadas.
Mas, regra geral, os nossos problemas são menos ou mais difíceis de superar conforme a nossa capacidade para os resolver ou para conseguir ultrapassá-los.
A capacidade para simplesmente os resolver é mais fácil. Sobretudo se envolvem dinheiros e prazos pois é evidente que ter o dinheiro para pagar no momento certo é bom e recomenda-se.
Mas neste, como em todos os casos, é a nossa capacidade de os enfrentar que os torna incomensuráveis ou ténues.
Quantas vezes, geralmente depois de conseguirmos ultrapassar as situações, vemos pormenores que antes não tínhamos sequer suspeitado. Nem da sua importância nem da sua existência sequer.
E esses pormenores poderiam ter feito a diferença da solução.
Muitas vezes nem sequer teríamos de os ter suportado sózinhos.
Quantas vezes nos admiramos de ver portas que se nos fecham na cara quando mais precisamos ou, pelo contrário, mãos inesperadas de boa vontade que se nos estendem.

E quantas vezes foram essas mesmas pessoas esquecidas por nós.
Passado o tempo ajustado para ver com discernimento aquilo que nos emocionou, ou exaltou ou preocupou excessivamente, percebemos que poderíamos ter resolvido tudo de outro modo, mais pacífico e confiante.
Confiante de que cada um tem o peso das dificuldades que pode suportar.
Porque o excesso de peso somos nós que o criamos.
Paciência em suportar o menos bom e serenidade para dourar a esperança em dias melhores, são os melhores remédios e antídotos.
Mas o sofrimento sente-se sempre.
Só não atinge o desespero.
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Edvard Munch
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Disse George Moore : há sempre um modo correcto e um modo errado. O modo errado parece sempre mais razoável !
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2008-02-03

Teilhard de Chardin # O Meio Divino - Parte I

Aviso prévio
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Os excertos que serão aqui reproduzidos ao Domingo, em Fevereiro, são retirados da obra «O Meio Divino» do padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955), da edição da Editorial Presença, Lisboa, Colecção Síntese, s.d., e a selecção é da minha responsabilidade.
A leitura de Teilhard de Chardin foi proibida pela igreja católica apostólica romana por um monitum de 30 de Junho de 1962.
Apesar disso, em 6 de Janeiro de 1975, na homilia da missa da Solenidade da Epifania do Senhor, o Papa Paulo VI fez uma citação explícita das duas primeiras frases da ‘Introdução’ de "O Meio Divino", indicando não só o título da obra mas também a página de onde foi retirado o texto citado (“Solennità dell’Epifania del Signore – Omelia del Santo Padre Paolo VI – 6 gennaio 1975”, www.vatican.va). Este facto, além de pressupor que o Papa conhecia bem o pensamento de Chardin, cuja leitura era proibida pelo monitum, igualmente pressupõe que não a condenava pois não se coibiu de a referir numa cerimónia religiosa pública.
Também João Paulo II perfilhou nos seus escritos, por diversas vezes, o pensamento de T. de Chardin o mesmo se podendo dizer do então cardeal Ratzinger.
No entanto, a validade do monitum de 1962 mantém-se, tendo essa validade sido reafirmada em 1981, quando se celebrava o centenário do nascimento de Teilhard de Chardin.
Para quem desejar um melhor conhecimento deste autor, permito-me aconselhar um excelente trabalho do Prof. Dr. Alfredo Dinis seguindo esta ligação.

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Observação importante

Não se busque nestas páginas um tratado completo de teologia ascética, – mas sim a simples descrição de uma evolução psicológica observada num instante bem determinado. Uma série possível de perspectivas interiores descobrindo-se gradualmente ao espírito no decurso de uma modesta ascensão «iluminativa», – eis o que pretendemos exarar aqui.

Introdução

O processo que seguiremos na nossa exposição será muito simples. Visto que, no campo da experiência, a existência de cada homem se divide adequadamente em duas partes, a saber, o que ele faz e o que ele sofre, focaremos alternadamente o campo das nossas actividades e o campo das nossas passividades.

Primeira Parte – A Divinização das Actividades

Nada é mais certo, dogmàticamente, do que a santificação possível da acção humana. «Tudo o que fizerdes, diz S. Paulo, fazei-o em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo». E a mais cara das tradições cristãs foi sempre ouvir esta expressão: «em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo» no sentido de: em união íntima com Nosso Senhor Jesus Cristo.
As acções da vida de que se trata aqui não devem ser entendidas, como se sabe, só das obras de religião ou de piedade (orações, jejuns, esmolas, etc.) Trata-se realmente da vida humana toda, mesmo nas zonas chamadas mais «naturais». Toda a vida humana é declarada pela Igreja santificável. «Quer comais, quer bebais…» – diz S. Paulo.
Mas o que contará lá no Céu, o que sempre permanecerá é que o meu amigo tenha agido em todas as coisas, em conformidade com a vontade de Deus. Deus, é claro, não tem nenhuma necessidade da sua industriosa actividade, visto que ele poderia ter tudo sem essa sua actividade. Aquilo que ele está exclusivamente interessado, o que ele deseja intensamente, é o uso fiel da sua liberdade e a preferência que lhe der a ele com relação aos objectos que o rodeiam.
Compreenda bem isto: na Terra as coisas foram-lhe dadas só como matéria de exercício para formar o espírito e o coração «a suo», isto é, sem o substracto da acção real perfeita. O meu amigo está num lugar de prova onde Deus possa julgar se é capaz de ser levado à sua presença no Céu. Está em experiência. Pouco importa portanto o que valem e em que se transformam os frutos da Terra. Toda a questão consiste em saber se deles se serviu para aprender a obedecer e a amar.
Onde estão as raízes do nosso ser? Que mistério o das primeiras células que um dia foram animadas pelo espírito vital da nossa alma. É em parte a história toda do Mundo que se representa em cada um de nós através da matéria. Por mais autónoma que seja a nossa alma, ela é a herança de uma existência prodigiosamente trabalhada, antes dela, pelo conjunto de todas as energias terrestres: ela encontra-se com a Vida e junta-se a ela num momento determinado.
Não há em nós um corpo que se alimente com independência da alma. Tudo o que o corpo admitiu e começou a transformar, a alma tem por sua vez de o sublimar. Ela faz isso à sua maneira e segundo a sua dignidade, sem dúvida. Mas não pode fugir a este contacto universal nem a este labor de todos os instantes. E assim se vai aperfeiçoando nela, para sua felicidade e correndo riscos, a capacidade particular de compreender e de amar, que constituirá a sua mais imaterial individualidade.
Não esqueçamos que a alma humana por mais criada à parte que a nossa filosofia a imagina, é inseparável, no seu nascimento e na sua maturação, do Universo onde nasceu. Em cada alma Deus ama e salva parcialmente o Mundo inteiro, resumido nesta alma dum modo particular e incomunicável.
O Mundo, pelos nossos esforços de espiritualização individual, acumula lentamente, a partir de toda a matéria, o que fará dele a Jerusalém celeste ou a Terra nova.
Pela nossa colaboração que ele suscita, Cristo consuma-se, atinge a sua plenitude, a partir de toda a criatura. É S. Paulo que no-lo diz. Imaginávamos talvez que a Criação acabara já há muito. Erro. Ela continua cada vez mais activa, e nas zonas mais elevadas do Mundo. E é para o acabar que nós servimos, mesmo por meio do trabalho mais humilde das nossas mãos. É este, em suma, o sentido e o valor dos nossos actos. Em virtude da interligação Matéria-Alma-Cristo, façamos o que fizermos, nós levamos a Deus uma porção do ser que ele deseja. Mediante cada uma das nossas obras, nós trabalhamos muito parcelarmente mas realmente na construção do Pleroma, isto é, contribuímos um pouco para o acabamento de Cristo.
Cada uma das nossas obras, pela repercussão mais ou menos distante e directa que tem sobre o Mundo espiritual, concorre para perfazer Cristo na sua totalidade mística.
Oxalá chegue o tempo em que os Homens, bem conscientes da estreita ligação que associa todos os movimentos deste Mundo no único trabalho da Encarnação, não possam entregar-se a nenhuma das suas tarefas sem as iluminar com esta ideia distinta, a saber, que o seu trabalho, por mais elementar que seja, é recebido e utilizado por um Centro divino do Universo!
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Parte II nesta ligação
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Parte III nesta ligação
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Parte IV nesta ligação
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Disse Teilhard de Chardin : Purifique a sua intenção e a menor das suas acções encontrar-se-á cheia de Deus !
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2008-02-02

A net do mundo

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Estão a arranjar os fios dos telefones, ou melhor, das telecomunicações.
A Internet chega a todos nem que seja por amizade de vizinhos ou colegas.
E os cabos têm de ser reforçados um pouco por todo o lado.
Uns homens penduram-se nos postes, outros desenrolam cabos no cão e outros ainda vão pelo chão dentro, por escadas metálicas em autênticos poços.
Tudo um pouco esquisito ou estranho de se ver, mas que resulta eficiente.
E lá vai mais um cabo de Internet efectuar a ligação de outras famílias ao mundo.
Esse é um dos encantos da net, o de possibilitar o mundo em casa no gesto dum clic , a qualquer hora; para aprender, ou falar, ou conversar.
Cada dia é mais fácil saber notícias de interesse mundial, mas também pessoal e de qualquer parte do mundo.
Talvez um dia a paz no mundo também seja só um clic no coração de quem conjectura a guerra.
E os povos poderão progredir e sorrir de alegria pela vida que podem desfrutar.
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John Singer Sargent
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Disse Voltaire (François Marie Arouet) : o maravilhoso da empresa da guerra é que cada chefe de homens prontos a matar manda benzer as suas bandeiras e invoca solenemente a Deus antes de se lançar a exterminar o próximo !
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2008-02-01

A luz e o perfume

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Ela, com os ossos deformados, a cara inchadíssima, o olhar no tecto, quase parados, sem mexer as pálpebras sequer.
Continuava na cadeira de rodas.
Ele, uma pálida sombra do que já foi. Agora completamente quebrado de dor e solidão.
Outra ela, magríssima pela dor da viuvez de um casamento feliz – não! – felicíssimo.
Duas almas gémeas tinham-se encontrado e depois da alegria da primeira neta, ainda bebé, ele falece “de repente”.
Tanta mágoa e amargura nesse olhar, nos gestos , até o modo de andar parece triste.
Outra ela está cheia de dores e inconsolável porque não tem boa posição de estar. Um desespero a cada instante.
À frente destes todos aparece uma figura de luz. Ou, melhor dizendo, talvez, uma luz suave com semelhança a uma figura de gente.
Essa luz brilhava… assim… simplesmente… algo ondulante, no meio da sala.
A princípio não repararam nela, isolados que estavam no seu próprio sofrimento.
A luz aproximou-se de cada um e como que os trespassou.
À vez, também eles se transformaram na dita luz.
Ficaram nessa ondulação suave, nessa transparência de luz.
E calaram-se… e depois choraram. Choraram muito.
E a luz, como apareceu, desapareceu.
E a sala ficou vazia porque eles também desapareceram.
Não sei como foi.
Mas sei que a sala ficou com um magnífico e doce perfume.
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Fotografia de Susan Burnstine
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Disse Frank Outlaw (atribuído a): Observa os teus pensamentos... tornar-se-ão as tuas palavras. Observa as tuas palavras... tornar-se-ão as tuas acções. Observa as tuas acções... tornar-se-ão os teus hábitos. Observa os teus hábitos... tornar-se-ão o teu carácter. Observa o teu carácter... tornar-se-á o teu destino !
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