O aneurisma
Chuvas, tempestades, enxurradas e cheias.
Depois o sol a lembrar que a cada tempestade sucede a bonança.
O sol é obscurecido por novas nuvens de chuva mas, de seguida, brilha ainda com mais força.
É sempre assim, em eterna mudança. Nas vidas de cada um, sucedem-se os tempos bons e os outros.
Parecem testes à esperança, à alegria que, nos piores momentos, quase desaparece.
Mas é a esperança em ser feliz, em voltar a ser feliz, que não nos deixa cair quando tudo desaba.
Hoje encontrei uma senhora, casada e com uma filha pequena, que sofreu um aneurisma o ano passado.
Foi uma agonia para todos e ela só soube, por outros, que esteve em coma bastante tempo.
Não se lembrava nada desse tempo, nem dos dias em que recuperava para cair novamente em coma.
Ficou admiradíssima quando lhe relatei que, nesses dias melhores, mesmo sem se lembrar quem era ela própria, continuava com a delicadeza do costume nos gestos, mesmo os ainda incoerentes.
Que tentava sempre esforçar-se por conseguir fazer o que, nem por sombras, conseguia.
Que manteve sempre a força de vontade e iniciativa, para ser o melhor possível, a cada instante.
Que os médicos se admiraram porque não conheciam outro caso assim e que pensaram sempre que seria milagre se recuperasse a razão.
Há milagres, há merecimentos e há também vontade de os fazer acontecer.
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Josephine Wall
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Disse Miguel de Cervantes : Quem perde a saúde perde muito; quem perde um amigo perde ainda mais; mas quem perde a coragem, perde tudo !
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