Aparece depois de morto
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Aparece depois de morto, aqui e ali.
Não assusta ninguém e vai pedindo humildemente perdão.
Perdão por coisas para nós insignificantes como, por exemplo, de um dia que fomos a sua casa e em que foi agradecendo com as palavras usuais mas desapreciando mentalmente o que lhe leváramos.
Perdão por nos ter julgado inúteis nesta ou naquela tarefa que ele achava dever ser feita naquele dia e determinado modo.
Perdão por ter ficado melindrado quando foi ocupar um quarto em vez de outro que gostava mais.
Perdão por não nos ter vindo visitar quando o desejávamos mas apenas quando lhe dava jeito.
Perdão pelas vezes que nos abandonou para cumprir as suas tarefas no prazo correcto.
Perdão pelo seu atraso nas ocasiões festivas.
Perdão por ter mentido para não dar notícias desagradáveis.
Enfim, perdão por não ter sido melhor do que foi, pelas prioridades que estabeleceu e pela desatenção aos sentimentos de quem necessitava, ao seu lado, de compreensão e carinho.
Um dia veio despedir-se porque iria instruir-se e depois trabalhar aguardando outros, despreparados como ele, para essa vida que se segue a esta.
- E nós estamos a falar de alguém conhecido?
- Do filme que fui ver ontem. Não foi o que perguntaste?
- Não! Não fiz qualquer pergunta! Estive calada o tempo todo!
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Gustav Klimt
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Disse
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