Dinheiros e integridade
Dinheiros que ora há, ora não há. Uns que pagam as contas, outros que dizem que pagam.
Uns que podem pagar, outros que não podem, outros ainda que não querem.
Dinheiros e contas. Hábitos de honestidade, mais ou menos precários.
Integridades que balançam e oscilam até transbordar.
Vergonha que faz alterar itinerários e rotinas, de olhar no chão.
Falta de vergonha que provoca arrogâncias e confrontos, se necessário.
Dinheiros mal gastos, no gosto pelo supérfluo.
Dinheiros que não se gastam porque não os há.
Nestas sociedades tudo se confunde e as regras são poucas.
Fica a vontade de ser livre. Livre de acusações ou de responsabilidades.
Livre de questões a que não se pode responder. De problemas que não se podem resolver.
Livre daqueles que não olham a meios para salvaguardarem-se.
Fica um sussurro, um desespero que não se quer identificar, senão ainda é mais forte.
Fica o peso de querer ser melhor e parecer o contrário.
Porém, tudo é rigorosamente contado, rigorosamente aproveitado, para o alicerçar da nossa personalidade.
Porque o mais desagradável de hoje terá de ser o maravilhoso de amanhã.
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Jacek Yerka
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Disse Horácio : O dinheiro não possui a faculdade de mudar a natureza íntima !
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