Confusões
30 de junho de 2007
Ela estava aflita, sentia-se seca por dentro. Como explicar?
Não sabia, era como se fosse só osso e pele (ou pele e osso).
Tinha enfraquecido até parecer o que se chama um “palito”.
Até os ossos da face pareciam ter recuado ou estreitado.
Enfim, estava irreconhecível!
Pois ia, ia ali porque diziam maravilhas dos tratamentos e das curas naquele consultório.
Sim, sim, já sabia que a cada dia e conforme as horas, eram médicos diferentes.
Pois sim, também já sabia que tinha que esperar por vaga.
Ah, havia uma médica nova…
Sim, podia ser, até porque para ela eram todos novos.
E não era naquele consultório...? Ah, era …? Está bem!
Tudo marcado, no dia e hora previstos ela lá foi com a mãe.
Sim, sim, vai sempre com a mãe. Agora são só as duas.
O pai e os irmãos já faleceram. Pois, é isso... são só as duas.
Está magra, magríssima.
- Não é das que vomitava?
- Não, não come mesmo. Não consegue comer!
- Se está a ver a luz? Com franqueza… não!
- E agora? Agora já! Mas, também, podia ter dito que era essa luz!
- A luz dentro dela! Essa era a mais importante, não era?
- Era e é!