A estrada
27 de junho de 2007
Um homem está numa estrada de terra batida mas com um resto de alcatrão, o suficiente para não ser muito poeirenta.
Ele vai andando devagar e caindo.
Cada vez que cai é de joelhos e demora mais a levantar-se.
Olhando em volta, mais uma vez no chão, ele parece confirmar que está completamente só.
A paisagem não existe. É terra arenosa, sem árvores, sem nada!
A estrada também continua deserta.
Deserta de tudo, de animais, de aves, de plantas. De tudo, menos dele!
Porque ele existe e está ali, apesar de não se lembrar porquê.
O céu está muito enevoado embora raios de sol bem brilhantes passem, de vez em quando, pelos intervalos das nuvens cinzentas.
Ele continua a olhar em volta porque tem a sensação de estar alguém ao seu lado.
Às vezes, alguém um pouco atrás, outras vezes um pouco à frente.
Mas não vê ninguém e, no entanto, iria jurar que alguém está ao seu lado, como se estivesse, até, a rezar por ele.
À falta de melhor, segue lenta, lentamente e sempre em frente.
Às tantas é ele mesmo que reza por si próprio, a Deus, como a sua mãe lhe tinha ensinado em pequenino.
Ainda se lembra! E quando fica novamente de joelhos, demora um pouco mais para pedir forças a Deus.
Era assim que ela lhe dizia para fazer – Se não sabes o que queres ou o que fazer, pede forças e coragem a Deus. Que Deus dá. Não podes é duvidar e tens que saber esperar!
Era o que a mãe lhe dizia sempre que o via na maior tristeza e sem querer falar.
E de repente, no meio da estrada e do campo, apareceram, lindas como sempre, as duas pessoas que ele mais amava!
Mas… elas não tinham morrido?
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