As ideias voam
31 de janeiro de 2007
As ideias voam. Ou será que não se detêm?
A capacidade de concentração é diminuta (porque não quero dizer inexistente).
A lucidez - em semelhança - verifica-se por instantes em raciocínio lógico para, em seguida, se soltar num conjunto de pensamentos absurdos.
Olho para aquelas faces simpáticas, sardentas, algo risonhas, mas ausentes.
É uma cara redonda que me diz que o seu coração vai saltar.
E, logo de seguida, sorri e falamos descansadamente de outra coisa. De outras mil coisas.
Se paramos de conversar, ela suspira forte e chora, porque o coração vai saltar...
Esposa e mãe dedicada, está agora à míngua de pensamentos coerentes.
Não está louca mas parece deslocada.
Não sei dizer se deslocada do tempo, se da vida.
O que é certo é que esqueceu completamente os problemas da família, que suportou tantos e tantos anos sozinha.
Toda a espécie de aflições foram partilhadas com o marido.
Ele já faleceu faz tempo e ela continuou a tratar dos filhos e dos seus problemas.
Hoje tem a seu lado uma filha e uma neta, que está longe mas envia-lhe dinheiro para ser tratada.
Ela sorri, cheia de bondade.
Só lembra o que se lhe fala agora, no presente.
Isso relaciona-a com as memórias. Parece mais feliz assim.
A concentração da atenção é conforme a nossa vontade.
Se disciplinada, torna-se mais saudável.
Neste momento não sei se é o que move a felicidade.
Concentração pressupõe assuntos sérios. O relaxe pressupõe bons momentos.
Será então a nossa vontade que trata do equilíbrio para a felicidade?
Será talvez, porque o equilíbrio é a realidade justa, ajustada às coisas da vida.