Em pensamento
10 de janeiro de 2007
Olhos trocados ou vesgos, oscilando e, ao mesmo tempo, mostrando cegueira.
Sem fala a não ser raros sons mas em tons suaves, nada estridentes.
Até se podem considerar um pouco musicais.
Difícil a comunicação. Se alguém o abana, treme de susto mas sem soltar um som.
Neste estado, não está inválido de movimentos mas tem de ser ajudado e guiado.
Ouve bem e percebe, de modo que se lhe dissermos para o que é, ajuda de boa vontade.
Não solta um queixume. Aceita a hora do banho e todos os incómodos que lhe causa, mesmo sem saber a que horas é ou se vai repetir.
Mas tem opinião crítica. No meio disto, pensa alto ou, então, eu "oiço" os seus pensamentos.
Agradecendo a manta que lhe subi porque parecia ter frio.
Agradecendo as atenções e esclarecendo muito bem o porquê do agrado desses gestos atenciosos, mais específicamente.
Oiço os seus pensamentos perguntando quem sou, verdadeiramente.
Porque, não sei como, percebeu que oiço os seus pensamentos.
Estou espantada!
Tantas vezes eu mesma falei - e muito convencida do que dizia - que, em certas deficiências, a vida era incompreensível.
E hoje aqui estou, ao lado de alguém que conversa comigo em pensamento e me convence que a vida tem uma razão sempre para existir.
Seja em que forma e estado fôr.
Felizes os que entendem isto pois serão, concerteza, mais sensatos no seu caminhar.
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