Outra oportunidade
6 de janeiro de 2007
Estou cheia de frio e, de vez em quando, sinto ondas geladas por todo o corpo.
Dizem que é a febre a subir.
Ela está num poço escuro, com água escura e gelada até à cintura. Treme de frio.
Outra ela, está na praia, gelada e inconsciente, apanhando constantemente com as ondas que vão subindo pela areia.
As águas são límpidas mas frias. Muito frias.
A outra treme também, recuperando lentamente a consciência.
Estas parecem estar num pesadelo.
Mas ainda outra está também gelada, numa cela, no fundo duma prisão.
Todas lembram bons tempos, com calor, água limpa e morna para um bom e perfumado banho.
As recordações correm entre o angustiante, a pena de si próprias e a esperança de que algo aconteça para se livrarem de tudo aquilo.
Uma pensa que está com gripe, outras num pesadelo.
A esperança é um fio coordenador da sua reacção.
Tudo se mantém em semi-escuridão.
Adormecem e acordam na mesma situação.
E por várias vezes sucede o mesmo.
Uma a uma, vão utilizando estes tempos em preces a um Deus ou algo superior que lhes dê coragem para aguentar e a lucidez para encontrar o momento da liberdade.
A nenhuma passa sequer a ideia de não conseguirem libertar-se desse pesadelo que vivem nestas horas.
De modos diferentes, acabam por sair dos pesadelos e encontram-se num campo, numa planície, com um céu rosa que prenuncia, finalmente, outra oportunidade.
Olham-se com espanto, não tanto por estarem ali juntas, mas porque têm a impressão de se conhecer antes deste peculiar encontro.
Abre-se um túnel entre as nuvens e finalmente aparece, ao fundo desse túnel, a luz brilhante e amarelada de um sol que nasce.
Elas juntam-se numa só que corre em direcção à luz do sol nascente.
Porque o sol quando nasce é para todos, dizem.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home