Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2007-01-06

Outra oportunidade

6 de janeiro de 2007

Estou cheia de frio e, de vez em quando, sinto ondas geladas por todo o corpo.

Dizem que é a febre a subir.
Ela está num poço escuro, com água escura e gelada até à cintura. Treme de frio.
Outra ela, está na praia, gelada e inconsciente, apanhando constantemente com as ondas que vão subindo pela areia.

As águas são límpidas mas frias. Muito frias.
A outra treme também, recuperando lentamente a consciência.
Estas parecem estar num pesadelo.

Mas ainda outra está também gelada, numa cela, no fundo duma prisão.
Todas lembram bons tempos, com calor, água limpa e morna para um bom e perfumado banho.
As recordações correm entre o angustiante, a pena de si próprias e a esperança de que algo aconteça para se livrarem de tudo aquilo.
Uma pensa que está com gripe, outras num pesadelo.

A esperança é um fio coordenador da sua reacção.
Tudo se mantém em semi-escuridão.

Adormecem e acordam na mesma situação.
E por várias vezes sucede o mesmo.
Uma a uma, vão utilizando estes tempos em preces a um Deus ou algo superior que lhes dê coragem para aguentar e a lucidez para encontrar o momento da liberdade.
A nenhuma passa sequer a ideia de não conseguirem libertar-se desse pesadelo que vivem nestas horas.
De modos diferentes, acabam por sair dos pesadelos e encontram-se num campo, numa planície, com um céu rosa que prenuncia, finalmente, outra oportunidade.
Olham-se com espanto, não tanto por estarem ali juntas, mas porque têm a impressão de se conhecer antes deste peculiar encontro.
Abre-se um túnel entre as nuvens e finalmente aparece, ao fundo desse túnel, a luz brilhante e amarelada de um sol que nasce.
Elas juntam-se numa só que corre em direcção à luz do sol nascente.
Porque o sol quando nasce é para todos, dizem.