(Re)encontros
5 de janeiro de 2007
Estava à porta na sua cadeira de rodas esperando calmamente, como sempre.
Estavam a pintar a cadeira de branco e ela olhava admirada, e também agradada, essa alteração. A comadre, que nunca chegou a conhecê-la bem, esperava-a junto à estrada, branca como agora a cadeira também já estava.
Começaram logo a falar do que tinha acontecido a uma e a outra.
Começava agora ali uma amizade que ambas antes quiseram, mas para a qual não tiveram oportunidade.
Muitas coisas a impediram.
Coisas pequenas: mexericos e opiniões que não eram para ser dadas mas que eram "puxadas" em conversas de futilidades, como é característico destas conversas mais inúteis que conversação de jeito.
Agora, calmamente, as duas já velhas e com todo o entendimento que a sua existência lhes dava, falavam do que deviam e, com toda a dignidade, foram subindo a estrada, muito devagar.
Outra senhora apareceu e, com satisfação, olhou e cumprimentou a recém-chegada.
Haviam sido amigas de juventude e ambas haviam criado a filha desta outra, num sistema de maternidades trocadas.
Estas amigas de juventude, que afinal eram irmãs apesar de ainda só uma ter conhecimento disso, também tinham muito que falar.
Metade de vidas que ficaram separadas.
Tantas coisas para esclarecer e saber, aprendendo sempre...
Aprendendo sempre que o que parece, raramente assim é na realidade completa das coisas.
Estejamos sempre atentos ao que nos rodeia e a nós mesmos, ao nosso próprio conhecimento para não perdermos a oportunidade da Amizade.
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