Feridas
16 de janeiro de 2007
Feridas, infecções e ligaduras.
O tratamento correcto, tudo se cura e a pele renova-se.
As feridas da mente já não são tão fáceis de tratar e muito menos de renovação.
Parece que fica sempre algo na memória que atraiçoa.
Sempre que aparece uma situação com um pormenor de semelhança com um acontecimento traumático ou alegre, a memória actua.
O que é fantástico é que actua até do inconsciente.
E o tempo é como se não existisse.
Ideias recalcadas, acontecimentos completamente esquecidos e, no momento da coincidência entre um passado e o presente, elas surgem como por encanto.
Em toda a sua força ou esplendor.
E a vida fica por vezes comprometida em demasia.
Porque se há quem tenha adquirido a justa medida das lembranças.
Há ainda quem se deixe arrebatar completamente por elas.
Todos os dias, são as nossas rotinas que actuam protegendo-nos inconscientemente destas investidas.
Enquanto seguimos pontualmente o que devemos fazer dos nossos propósitos ou compromissos.
Mas os acontecimentos que fogem a estas rotinas são ocasiões propícias à reacção de sentimentos adormecidos.
Quando são alegres, é bom determo-nos nessas lembranças.
Quando são traumatizantes, é bom defendermo-nos.
E, observado o aviso da recordação para não cair novamente no mesmo erro, é bom racionalizar a recordação sentida para poder seguir em frente.
Se a vida prossegue, também a oportunidade tem que ter lugar para ser acompanhada de felicidade.
Nós devemos velar, então, para dar lugar à nova oportunidade de nos sentirmos felizes.
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