Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2007-01-30

Adeus, até outro dia!

30 de janeiro de 2007

Uma velhinha de aspecto amável e muito branca. De cabelo e pele.

De olhar claro e sereno.
Um modo sereno de ser, de estar ali.
Acompanhamo-la até lá fora, ao jardim.
Está uma tarde de sol e para ela não ter frio (porque sempre foi friorenta, até no Verão) embrulhamo-la numa manta de lã.
Assim aconchegada, paramos para nos sentarmos num banco de jardim.

Ao sol, desfrutando o calor suave de inverno, ficamos conversando juntos.
As conversas iam desde o pormenor mais técnico ao disparate mais divertido.

Falou-se dos pássaros e suas espécies, conforme pousavam perto de nós ou nas árvores.
A seguir alguém os lembrou assados ou fritos.
Entre o horror e o riso, seguiu-se a chacota das palavras. E assim por diante.
Impossível manter algum assunto de jeito.

Mas a conversa não tinha malícia; era só bem humorada e descontraída.
De repente lembramo-nos que o sol poderia estar forte para a cabeça de cabelos finos, outrora louros, da velhinha.

Nada disso! Estava gelada.
A testa, as faces e o cabelo, completamente frios.
O seu olhar estava divertido com a conversa maluca, como ela lhe chamou.
Mas os seus olhos mostravam-na longe, muito longe dali.

Estava ao nosso lado e, no entanto, não estava ali.
Vimo-la longe, sorrindo para nós e agradecendo a visita.
Acenava-nos adeus e flores esvoaçavam em seu redor.
Estava linda, como se tivesse trinta ou quarenta anos.

Tinha o cabelo e a sua figura nessa época.
E sorria, sorria alegre como nunca a tínhamos visto sorrir.
- Adeus, então até outro dia!
- Adeus, meus queridos, adeus!