Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2007-01-21

Vladimir Maiakovski # A Extraordinária Aventura...

21 de janeiro de 2007

A Extraordinária Aventura Sucedida a Vladimiro Maiakovski, no Campo, Durante um Verão

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Por fim, tomado de tal cólera
que ao meu redor tudo se encolheu amedrontado,
gritei, de rosto erguido ao sol:
«Desce!
Já basta de flanar pelas fornalhas!»
Gritei:
«Madraço!
Tu para aí a mandriar nas nuvens
e eu, olha p'ra mim, quer chova ou faça vento,
suo sobre os meus cartazes.»
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Horror, que fui fazer!
É a minha desgraça!
Direito a mim,
sem se fazer rogado,
o sol
marcha nos campos,
alargando a passada dos seus raios.
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Mas do sol escorria singular
e sereno clarão, -
e em breve
é sem mais cerimónias
que nos pomos
os dois a conversar.
Digo-lhe isto,
digo-lhe mais aquilo,
conto como a Rosta me devora,
e diz-me o sol:
«Vá lá
não te amofines,
não compliques tudo!
Julgas que para mim
é simples
brilhar?
Experimenta, a ver!
Mas prometemos
e vai disto,
brilha-se a toda a força!»
Cavaqueámos assim
até ser noite, -
perdão, até ao que, antes, era noite.
Como falar de escuridão ali?
Tu cá, tu lá,
estávamos à vontade.
Breve
lhe dou no ombro
amigáveis palmadas.
E o sol, então:
«Existes tu, existo eu,
Existimos, meu velho, nós os dois!
Subamos, pois, poeta,
à altura das águias,
cantemos
sobre os cabelos do mundo.
Sobre ele eu lanço esta luz que me é própria
e tu, a tua -
em verso.»
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Se o outro se fatiga
e à noite
quer é ir para a cama,
cabe-me a vez a mim,
sùbitamente erguido, a dardejar meus raios,
e o carrilhão do dia uma vez mais ressoa.
Brilhar sempre,
brilhar por toda a parte,
até ao fim último dos dias,
brilhar -
e nada de aranzéis!
Eis a palavra de ordem para mim
e
para o sol.

in "Autobiografia e poemas"
de Maiakovski

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