Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2008-01-31

Cor de perdão

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Hoje o dia teve cor de perdão. De desculpa, de indulgência.
Dessa paz que sente o nosso coração quando o que poderiam ser ofensas causadas por outros são objecto da nossa compreensão e do nosso perdão.
Quando chegamos ao ponto de não nos sentirmos ofendidos por nada nem ninguém.
Quando consideramos outros mais infelizes ou mais pobres de moral, porque ainda são rudes no seu comportamento (não estamos a falar do polimento social).
A referência é de evolução moral e da facilidade em perdoar porque não há sequer ofensa.
O que persiste é a caridade de entreajuda entre o que precisa de entender e do que pode ajudar a que uma atitude incorrecta não entre num círculo vicioso de pena ou vingança.
O que sente perdão por todos os que não sabem, nem conseguem ainda, ser melhores.
Porque quem é mais evoluído já é melhor, mais correcto e mais íntegro em intenções e acções.
Nestes, a individualidade não é abalada pelos outros, apenas estende a mão a quem precisa.
E a paz que então se sente é um perfeito encantamento que, sentido uma vez, se procura sentir sempre.
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Pormenor da estátua de Gabirol no Museu Ralli de Cesareia
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Disse Solomon Ibn Gabirol (séc. XI) : no caminho para a sabedoria, o primeiro passo é o silêncio; o segundo, escutar; o terceiro, recordar; o quarto, praticar; o quinto, ensinar os outros !
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2008-01-30

A paciência

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Mudanças de tarefas, alterações de calendários e novos agrupamentos de trabalhadores e trabalhos.
Um rol de telefonemas, mails, conversas e papéis.
Finalmente lá se resolveram as coisas e sobrou um certo cansaço desse esgrimir de conveniências.
Até parecia aquelas discussões para elaboração dos mapas de férias, entre o pessoal.
Este tipo de situações pode ser um exemplo das relações interpessoais e uma avaliação das pessoas com que lidamos.
Às vezes temos boas surpresas, outras… a maior das surpresas.
Mas temos também a noção das nossas próprias capacidades de relacionamento e de adaptação às circunstâncias.
Não estamos a falar dos que consentem cegamente para não complicar a vida com o dia a dia.
Falamos de benquerença e não de isolamento ou fuga das reacções.
Também não falamos dos contestatários convictos, a favor da anarquia desvairada.
Referimo-nos à paciência, e mais paciência e toda a paciência para ouvir, dialogar e encontrar soluções entre diferentes opções – por mais difíceis que sejam essas soluções.
A paciência é um tesouro a preservar pela benevolência e esperança que traz consigo.
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Imagem retirada da net
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Disse
Enzo Biagi : pode estar-se à esquerda de tudo, mas năo do bom senso !
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2008-01-29

Câmara secreta

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Massagens, ginástica, águas e banhos, pedras quentes e frias, cores e músicas, palavras suaves, confissões de cada um, às vezes, sem saber a quem...

Enfim, um sem número de variantes que surgem como hipóteses para relaxar e equilibrar o indivíduo, a sua dignidade, no meio ambiente em que vive.
Vive, ou sobrevive, porque todas essas necessidades têm um ponto comum que é o desequilíbrio entre o que se é e o que se gostaria de ser.
Porque, geralmente, não há ponto de encontro entre os desejos mais elevados e progressos do indivíduo com a vidinha profissional, social e familiar que efectivamente está vivendo.
Os anos passam e sobrevém a ânsia, e até o desespero, de não ser feliz.
Feliz nos seus objectivos de adolescente, do que queria ser e fazer quando fosse adulto.
Das mudanças que faria para não ser igual a este ou àquele que condena, de modo mais ou menos inconsciente.
E, bem observada a sua vida, pode não encontrar aí nada parecido ao que tinha desejado ser.
Porém há ainda outra reflexão, que é perceber o que ainda pode fazer por si mesmo além das consultas e tratamentos que lhe franqueiam as esperanças.
É sempre tempo de entender que é o próprio que constrói a sua felicidade no conjunto da auto educação dos seus sentimentos e emoções, dos seus pensamentos e atitudes.
Todos temos a regeneração que quisermos em nós mesmos, e esta será tão mais equilibrada quanto maior for a sua correspondência com os anseios mais íntimos e aperfeiçoados na “câmara secreta” do coração de cada um.
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Disse Edward de Bono : podemos definir a infelicidade como a diferença entre as nossas capacidades e as nossas expectativas !
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2008-01-28

Aparências

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Ela estava despreparada para aquelas funções.
Tinha-as por favores prestados e por querer (muito) aquela actividade.
Mas não tinha bagagem para a sua execução. Notava-se a cada passo as suas dificuldades. Não sabia como fazer nos mínimos pormenores.
Mas a sua personalidade levara-a a encobrir os desaires e incongruências das suas atitudes de pouca qualidade profissional.
Chegou o dia em que as situações se clarificaram e ela, outros como ela, os chefes e familiares – todos – ficaram cientes dos malogros. Ou seja, cada um mostrou o que valia e não valia.
Mas os lugares mantiveram-se ocupados pelos mesmos. Uns sentiram a vergonha das suas acções, o baixo nível a que tinham descido.
Outros olharam para a reacção dos demais e ainda arrogaram algumas queixas, como a justificar o injustificável. E quem quisesse desculpar que desculpasse porque era assim - e pronto!
Ficou a mágoa, a tristeza do engano.
A angústia de ainda se lidar assim com as aparências.
Ficou a procura incessante da essência.
Das essências desta vida que vivemos.
Vivemos para quê?
Para aparentar muito mais do que se é verdadeiramente e colher esses louros?
Ou para um desligar, cada vez mais nítido, do que nos rodeia para conseguir seguir.
Seguir sempre os nossos princípios.
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Rachel Bertoni
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Disse Mohandas Karamchad Gandhi (Mahatma) : o único tirano no mundo que posso aceitar é a minha consciência !
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2008-01-27

Antero de Quental # Mors-Amor

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Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,
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Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?
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Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,
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Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a Morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"
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Disse Albert Einstein : somos todos muito ignorantes, mas nem todos ignoramos as mesmas coisas !
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2008-01-26

O amor

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Gostei daquele desenho, tão bonito e tão simples.
Era uma figura humana em silhueta e depois tinha o coração bem desenhado.
Do coração saíam círculos concêntricos cada vez maiores na direcção de outra figura em frente, mais longe.
Os círculos atingiam a linha do horizonte na folha e depois projectavam-se no globo da Terra, por sua vez projectado no fundo céu, do desenho.
Eram como uma projecção de amor para outra pessoa e depois, como se fosse consequência de tanto amor, a projecção atingia todo o mundo, sem qualquer excepção.
- Isso é que é imaginação! Porque, se bem me recordo, o que estiveste a ver foram apenas os desenhos, por demais conhecidos, das campanhas de prevenção das doenças cardíacas.
- Ah, eram?
- Pois eram.
- Olha, então aproveitei as imagens de modo ainda mais positivo porque garanto-te que podemos enviar ondas de amor puro ao que quisermos e isso dá uma enorme paz interior. E ao dizer amor puro quero dizer amor fraternal, sublime, por todos os que necessitam. E a Terra inteira necessita.
Quanto ao amor-paixão, esse é sentido directamente por quem dá e por quem recebe, se o quiser receber.
E quando o amor está no ar, o céu é mais azul e o sol aquece sempre mais forte.
- Pois, mas hoje está frio e a chover!
- Quem sente amor, não percebe esse mau tempo. Abriga-se só da intempérie, contando o tempo e a distância para encontrar o outro ser especial.
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Disse E. E. Cummings :
Confia no teu coração se os mares se incendiarem (e segue o amor mesmo que as estrelas andem para trás) !
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2008-01-25

Recomeço

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Dia de recomeço. Poderia ter sido no primeiro dia do ano que é o costume.
Mas não foi! Hoje foi o recomeço de actividades e trabalhos, com novos objectivos, novos meios e até novos conceitos,
- Mudaste de emprego.
- Não! O emprego é que mudou… digamos que mudou… ahaam… sózinho. Actualizou-se. Reciclou-se. Formalizou-se. Algo assim.
- Isso é melhor?
- Se é. Olha ali os novos pássaros!
- Em Janeiro?
- Em Janeiro ou em qualquer mês, Primavera é renovação. Renovação que todos podemos fazer sempre, em qualquer altura.
Renovação das nossas coisas, nas casas, nos hábitos, nos empregos, etc., etc.
Renovar é dar lugar a outra aragem ou novo ar, a outro fôlego.
- Ai sim? Pronto, já sei o que vou fazer! Vou ao cabeleireiro e mudo o visual.
Assim quando olhar para o espelho vejo outra eu e tenho mais confiança em “renovar” o que devo.
- Bem.. não interessa qual a medida mas sim o bom resultado alcançado.
A cada um os seus condicionalismos para conseguir aptidões e capacidades sempre melhores.
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Imagem retirada da net
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Disse Luís de Camões : Todo mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades !
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2008-01-24

Partir, chegar

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Partir, chegar. Preparar malas e bagagens, carro e quem, entretanto, vai cuidar da casa, dos animais e plantas.
E lá vai a família toda – desta vez não é só ele – para uma nova etapa das suas vidas.
Os filhos vão tentar novas profissões, onde houver um vaga.
O casal vai tentar agora trabalhar conjuntamente nas mesmas actividades, por conta própria.
Um futuro algo incerto em vez do passado e presente cheios de privações, erros e problemas de toda a espécie.
O carro já não pode levar mais nada a não ser que algum deles vá de outro modo. E lá partem. O cão soltou-se e vem atrás do carro como se adivinhasse que, desta vez, a viagem será mais longa e prolongada.
Também não era difícil perceber que algo diferente estava no ar.
Os animais sentem isso tudo de modo intuitivo e mais correctamente que muitas pessoas cheias de pensamentos muito elaborados.
Os raciocínios, às vezes, só servem para obscurecer a razão e as atitudes lógicas.
Quantas vezes pensamos correctamente e, a seguir, fazemos até o contrário porque, ao pensar, deduzimos premissas que, na realidade, não existem.
O pensar muito nas coisas ora ajuda a descobertas fantásticas, ora traz a fantasia que encobre a luz da mente.
A mente precisa ser vigiada, ventilada e arejada por projectos novos, esperançosos e por fontes de trabalho agradável, que a mantenha ágil.
Também a união familiar precisa ser vigiada e ventilada com projectos que sejam participados por todos, de modo a manter uma união amorosa.
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Disse
Lin Yutang : a sabedoria de viver consiste em eliminar o que não é indispensável !
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2008-01-23

Sonhos

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Aprender, desenvolver projectos e produzir algo novo é geralmente o resumo de uma actividade profissional.
Todos passamos por idades de sonhos, de querer realizar “n” coisas maravilhosas e benéficas.
Depois a realidade do dia a dia vai mostrando supremacia e corrige tais sonhos.
A maioria acaba por esquecê-los, sempre que demoram muitos anos, a concretizar-se.
Outros persistem nas ideias e são exactamente essas ideias que os movem, quando tudo se complica.
As dificuldades levam muitos ao desespero, à agonia de não conseguir resolver os problemas, a maior parte das vezes, apenas por um pormenor que vale o resto todo.
Enfim, os sonhos podem servir para nos catapultar sempre para a frente, no caminho da vida real.
O que não se deve fazer é ficar nos sonhos, como que estacionados lá.
Eles devem, apenas, promover o nosso idealismo e, mesmo este, em termos realistas – se é que isto se pode dizer assim.
Quantos sonhos, hoje, não são invenções maravilhosas?
Quantos sonhos não levaram, também, à loucura?
Os sonhos, portanto, devem ser limitados àquilo que são.
O bastante para nos incitar a viver a realidade e achar nesta os projectos que promovam a felicidade de bem-fazer e de estar bem com a vida.
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Salvador Dali


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Disse Ugo Ojetti : duvidar de si próprio é o primeiro sinal de inteligência !
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2008-01-22

Guernica de cada dia

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Pela janela vê-se bem a chuva, os carros e autocarros a passar.
Vêem-se bonecos, ou figuras de gente, mutilados, a serem contados na rua e numa casa próxima (que é só uma sala grande).
Depois passam-lhes uma espécie de fio ou corda pelo meio, a todo o comprimento e largam-nos assim, meio atados, meio soltos.
Seguidamente rastejam uns sobre os outros.
Uma cobra-dragão azul, verde e roxa anda por ali, por todo o lado.
Entretanto levanta-se, na vertical e vai embora.
Parece um campo de batalha.
Mas todos aplaudem e riem e dizem gostar muito. Que é assim que gostam.
Alguns chegam ao delírio. Outros às lágrimas. Muitos gritam.
Finalmente todos vão embora. Tudo fica abandonado.
E voltam às suas rotinas diárias.
Lavam-se, vestem-se, comem e vão trabalhar.
- O que era aquilo tudo?
- Aquilo? Alguns chamam-lhe o subconsciente.
- De quem ?
- Desta humanidade em geral.
- Estás a brincar!?
- Pois, se calhar estou…
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Guernica

Picasso

Disse Heródoto : só um tolo preferiria a guerra à paz, porque na paz são os filhos que enterram os pais e na guerra são os pais que enterram os filhos !
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2008-01-21

Cabeça no ar

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Os pensamentos hoje não fluem. Voam, chegam e desvariam.
Cabeça no ar, a fugir da realidade. A refugiar-se num mundo só dela.
À sua medida, sem contrariedades. Sem desafios nem problemas.
Mas agora é para voltar. Voltar e enfrentar.
Voltar e lutar por aquilo que se defende, por aquilo que se acredita ser melhor.
Pensar de modo disciplinado e não automático.
Repensar cada gesto, desde o primeiro a todos os que fazem parte de rotinas. Tomar consciência de todas as partes, de todas as coisas que se fazem, quase - ou mesmo - sem dar por isso.
Nada deve ser "automático". Nada deve ser desleixado nem relegado ao automatismo da rotina.
Porque é principalmente aí que os pensamentos fogem para o seu mundo especial.
Como a casa na árvore para as crianças brincarem sozinhas e criarem o seu mundo.
Um mundo de refúgio não é para evitar o resto do mundo.
O refúgio também é preciso, mas para descansar e aliviar.
Para retomar forças.
Forças para a paciência e a compreensão que, geralmente, são as que ultrapassam as nossas forças vulgares.
São - essas sim - as forças de herói.
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Disse Giuseppe Fava : de que serve viver, se não se tiver coragem de lutar?
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2008-01-20

Thomas Moore # A Emoção de Viver a Cada Dia

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A terapia contém, por vezes, um moralismo subtil, um peso mesmo para aqueles que apreciam a sua eficácia. No mínimo, podemos acrescentar a meta do encantamento a todos os tipos de terapia, observando o que a alma deseja, o que a estimula e lhe dá ânimo para prosseguir.
Como vários poetas já lamentaram, os deuses partiram e nós vivemos uma época em que Deus e Adão já não caminham juntos no frescor do anoitecer. Ou, como afirmou Jung, os deuses agora surgem na forma das nossas doenças. Quando uma percepção do sagrado abandona um povo, o encantamento também desaparece, pois na verdade ele é a canção das ninfas na nossa música, a voz das fadas nos nossos discursos, os duendes e gnomos labutando no nosso trabalho. Quando nos deixamos convencer por especialistas a levar a vida com excessiva seriedade e literalidade, perdendo a fantasia e o sonho para o pragmatismo e o obsessivo empenho pelo «crescimento pessoal», então as próprias forças que podem concretizar as nossas metas desaparecem. A nossa medicina mata-nos e as nossas filosofias de mudança evitam que sejamos transformados.
O sagrado dá a tudo o que fazemos uma ressonância poderosa e expressiva. Sem essa reverberação sagrada, sofremos uma vida triste, carente, unidimensional. Vivemos esta falta de dimensão como problemas pessoais e desordem social e respondemos com programas pessoais e sociais. Mas o que é mesmo necessário é uma genuína terapia socrática de serviço àqueles elementos, facilmente reconhecíveis, que promovem o encantamento. Eles prometem um retorno da alma e a restauração de um estilo de vida sagrado - no fundo, a única terapia que funciona.
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in “A Emoção De Viver A Cada Dia”
de Thomas Moore

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Disse John Updike : os sonhos tornam-se realidade. Se assim não fosse, a natureza não nos incitaria a sonhar !
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2008-01-19

A bateria

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O carro não pega, não liga. Não me liga nenhuma, é o que é!
Bom, o que é, já percebi: é a bateria.
Ou melhor, era! Já não há bateria. Gastou-se!
E eu atrasada! Atrasada, não… porque já nem vou a tempo de nada esta manhã!Felizmente há uma oficina perto que pode resolver a situação.
Tem… não tem… afinal sempre tem uma bateria para o carrito.
Mas demora porque têm que mudar umas peças quaisquer para fazer a ligação. É que, senão, não liga.
Pronto, vou passear! E vou pelo sol, para aquecer, que a manhã está fria, fria.
Ao caminhar assim, cadenciadamente, os pensamentos surgem de modo diferente. Parece que encontramos outro nível de entendimento. Como se conseguíssemos outra espécie de ligação entre nós e tudo.
É um ligar aos elementos. Nós com o ar, com o fogo, com a terra, com a água.
Nós de um modo mais completo, em paz, em leveza.
Que luz dourada tem hoje o sol.
E o carro ficou pronto para mais uma etapa de energia – também!
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Luigi (do filme Cars)
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Disse John Kenneth Galbraith : o salário do mais alto dirigente de uma grande empresa não é uma recompensa pelos resultados obtidos. Muitas vezes, trata-se de um gesto afectuoso para consigo mesmo !

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2008-01-18

Visitas inesperadas

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Visitas inesperadas. Parentes quase desconhecidos.
Há datas que os chamam.
Às vezes dão a alegria do reencontro.
Outras, a admiração pelo reencontro e, nestes casos, a associação de ideias com acontecimentos de interesses é quase imediata.
Mesmo que se tente não interpretar de modo tão negativo esses retornos ao convívio quando se podem, instantaneamente, relacionar com acontecimentos de ordem material, a verdade é que a vivência que temos nas sociedades se sobrepõe a essa tentativa.
E, geralmente, a verdade vem ao de cima, a confirmar os interesses suspeitos na maioria dos casos.
E por estes não vale a pena gastar mais palavras. Apenas conseguem ser assim; ainda são pobres de coração.
Mas, pelos primeiros, vale a pena ir mais além.
São afastamentos forçados pelas distâncias e não pela falta de fraternidade ou de carinho.
São alegria reconfortante, são emoções fortes bem sentidas ao encontrá-los e envolvê-los em abraços e beijos.
O reencontro amigo é uma chuva de estrelas e luz para todos os que sentem a magia das boas relações.
E enquanto houver reencontros assim, a fraternidade e a alegria instalam-se facilmente.
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A Roda da Fortuna
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Disse a sabedoria popular : nada empobrece tanto como a ganância !

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2008-01-17

Ocupação e relaxe

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Viver por isto ou aquilo. Dedicar-se completamente a pessoas, animais ou tarefas.
Modos de vida empenhados. Vidas ocupadas, de modo mais ou menos racional.
Toda a ocupação deve ter o seu tempo de relaxe e correspondente distracção.
Porque a distracção da concentração permite trabalhar melhor e com mais criatividade.
Senão as ideias novas não têm espaço para florescer.
Tudo deve ser equilibrado e produzido de modo sensato.
Os exageros de qualquer espécie não são úteis a ninguém.
O contraponto e a paciência em aceitar as diferenças são uma necessidade para a balança da nossa saúde.
Seja saúde física, seja mental.
Cada um tem uma capacidade própria para poder dedicar a sua força da vida.
É a satisfação na dedicação dessa força que transforma uma vida monótona em vida com alegria de viver, e estar vivo.
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Rita Levi-Montalcini

Prémio Nobel de medicina em 1986, aos 77 anos

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Disse Voltaire : o trabalho afasta-nos de três grandes males: o tédio, o vício e a necessidade !
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2008-01-16

Trabalho

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Parecia que sentia bichos a passear pelo corpo todo.
Não eram feios, mas passeavam por ele como por um poste e seguiam por ali fora sem parar um instante, nem se desviarem.
Afinal... oh, estava a sonhar. Continuou deitado na areia da praia e, à distância de um palmo, lá seguiam aqueles aranhiços brancos da areia.
Muito rápidos... então deveriam ter sido eles os que lhe haviam causado... não, ainda os sentia.
Espreitou-se e lá estava mais um igual, a passear debaixo da camisola.
Enxutou-o e deixou-o ao lado dos outros, já a alguma distância.
Pequeninos, mas ladinos e rápidos.
Já nem se pode dormitar sossegado.
Agora acordou mesmo e não quer dormir mais apesar do tempo que sobra.
Lembrou-se de ter lido um artigo em que o autor se levantava às quatro e meia da madrugada para dar vazão ao trabalho.
Isto durante grande parte da sua vida, sem Domingos nem feriados.
Ora aí estavam duas opiniões bem diferentes. Ele, que acha óptimo dormir e está sempre ensonado.
O outro, que se levanta para trabalhar e ocupa assim a maior parte das vinte e quatro horas nos seus afazeres.
A questão que agora lhe aflorava o pensamento era a veracidade das descrições de felicidade e dias bem humorados a trabalhar, nitidamente a trabalhar no que gostava.
Essa deveria ser a diferença capital: trabalhar gostando do trabalho.
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Peter Gerasimon
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Disse Rita Levi Montalcini : amar o própio trabalho é a melhor aproximação concreta da felicidade na terra !

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2008-01-15

Amigas

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Ela não falava, só murmurava. A amiga ao seu lado estava preocupada.
Tentou superar o medo de não a conseguir ajudar.
Respirou fundo e pensou para consigo que tinha de conseguir ser útil, nem que fosse só aquela vez.
Tantas vezes - sempre - a ajudaram, e ela e nunca se sentiu útil a ninguém.
Nunca se lembrou que os outros poderiam esperar a sua ajuda.
Nunca, até hoje, sentiu que alguém precisava mesmo dela.
E ali estava a amiga, sentada, com aspecto esquisito, mas sem parecer grave.
Tudo indicava uma depressão ou isolamento excessivo.
Ora conversava, ora calava, ora murmurava.
Aos poucos foi reagindo e começou a "pensar alto" para a amiga.
Também aos poucos esta foi sossegando e, horas depois, conseguiu esboçar um sorriso.
Ela achou que o pior já tinha passado.
Acompanhou-a a casa e ajudou-a a instalar-se.
Quando lhe fechou a porta, sentiu uma onda de paz como nunca tinha sentido.
Conseguiu ajudar alguém como tantas vezes a tinham ajudado a ela..
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Mary Cassat
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Disse John Churton Collins : na prosperidade, os nossos amigos conhecem-nos; na adversidade, conhecemos os nossos amigos !
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2008-01-14

Brisas

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Poetas e rimas. Palavras ordenadas em sons. Musicalidade de sentimentos, emoções.
Um mundo de sensações em forma artística.
Leituras amenas, livros maravilhosos, mesmo quando traduzem a tristeza, a desilusão ou a amargura.
Até quando reflectem o desespero do poeta são uma preciosidade de sentimento feito linguagem.
A escrita, poesia ou prosa, eleva-nos em sonhos, fantasias que inevitavelmente comparamos depois com a nossa realidade.
Às vezes o paralelismo é reconfortante.
Outras vezes provocam aquele desejo esperança, que ora nos eleva, ora nos perde.
- Está a levantar-se uma brisa!
- Será que ela nos traz a nossa solução?
A solução para o reatar do nosso entendimento, do nosso diálogo.
Será que a minha esperança volta em oportunidade real para mim?
A esperança de continuar a ter uma família.
Uma família unida. Uma família que não extravase para “distracções” que fazem doer tanto o coração.
- Também estou a gostar da brisa fresca, parece que me está a acordar. A despertar o que, afinal, é importante.
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Frederick Leighton
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Disse Franz Kafka : não percas tempo a procurar por obstáculos que talvez não existam !
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2008-01-13

Só por hoje - Oração da serenidade

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SÓ POR HOJE - procurarei viver apenas o dia que passa, sem tentar resolver ao mesmo tempo todos os problemas da minha vida. Durante vinte e quatro horas apenas, poderei fazer alguma coisa que me encheria de pavor se eu pensasse que tinha de a fazer pelo resto da minha vida.
SÓ POR HOJE - sentir-me-ei feliz. Farei verdadeira aquela frase de Abraham Lincoln: - "A maior parte das pessoas é tão feliz quanto resolve ser".
SÓ POR HOJE - procurarei fortalecer a minha inteligência. Aprenderei alguma coisa de útil. Vou ler alguma coisa que exija esforço, pensamento e concentração.
SÓ POR HOJE - procurarei adaptar-me aos factos, em vez de procurar adaptar tudo o que existe aos meus próprios desejos.
SÓ POR HOJE - exercitarei a minha alma de três maneiras: - Procurarei fazer um benefício a alguém, sem o contar a quem quer que seja. Farei, pelo menos, duas coisas que hoje não me apetece fazer, só por exercício. E se alguma coisa me magoar, não o revelarei a ninguém.
SÓ POR HOJE - procurarei mostrar melhor aparência: - vestir-me-ei bem, falarei baixo, agirei delicadamente, não farei críticas e não tentarei corrigir, nem dar ordens a ninguém a não ser a mim mesmo.
SÓ POR HOJE - estabelecerei um programa de acção. É possível que não o siga à risca, mas tentarei. Vou evitar duas pragas: - a pressa e a indecisão.
SÓ POR HOJE - dedicarei uma meia hora a mim mesmo para meditação e repouso. Durante essa meia hora vou procurar ter uma melhor perspectiva da minha vida.
SÓ POR HOJE - não terei medo. Especialmente, não hei-de ter medo de apreciar a beleza e de acreditar que aquilo que eu der ao mundo, o mundo me devolverá.
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Oração da Serenidade
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Concedei-nos Senhor a SERENIDADE necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar.
CORAGEM para modificar aquelas que podemos.
SABEDORIA para distinguir umas das outras.
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in folheto dos anos oitenta
dos "Alcoólicos Anónimos"
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Disse Nicolau Maquiavel : poucos vêem como somos, mas todos vêem o que fingimos ser !
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2008-01-12

Finalmente

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Centenas ou milhares de pessoas – homens, mulheres, crianças e jovens – estão todos juntos, como que concentrados numa planície de terra batida.
Estão entorpecidos, meio sujos e desarranjados.
Caminham lentamente, dirigindo-se para o horizonte, para sul, na direcção do mar.
Chegam à borda de um penhasco e olham, sem entusiasmo, para o mar que finalmente lhes aparece à frente. Longe, mas já à vista.
E sentam-se, entre o cansado e o desiludido (ou talvez amargurado).
Passaram fome de justiça, tiveram pena de si próprios – sentiram o pesar de terem chegado àquela situação medíocre.
Passaram a sede e a ânsia da vontade de melhorar.
Passaram a esperança – a que nunca morre – de encontrar outro destino.
Passaram a morte de tudo aquilo que acreditaram e gastaram uma vida a tentar conseguir.
Passaram a desilusão e a angústia de se olharem ao espelho de si mesmos e não ver nada do que esperavam.
Passaram a autocrítica fácil e a feroz sobre as suas capacidades e oportunidades perdidas, geralmente de modo leviano e insensato.
Insensato por pensarem que tudo era só e apenas o seu presente.
Finalmente compreenderam, entenderam, no seu mais íntimo ser, que o presente era apenas uma migalha do que eram.
Eram todo o seu passado, todos os horrores da ignorância, a calamidade dos pensamentos impensados.
Finalmente perceberam a luz dourada que brilhava do sol sobre o mar.
O mar azul e dourado das oportunidades da sua vida esteve, afinal, sempre ali.
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A Torre de Babel
Brueghel

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Disse
Júlio César : em geral, os homens acreditam facilmente naquilo que desejam !
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2008-01-11

A diferença

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Há indivíduos mais pensados e outros de acção dinâmica, por natureza.
Isto é, por predisposição natural.
Depois, pelas vicissitudes da vida, pelas companhias, etc., a sua personalidade vai moldando-se e ora seguem e aprofundam essas primeiras orientações, ora podem, até, seguir orientações contrárias ou misturadas com predominância de uma ou de outra.
Pela vida fora vão-se tornando cada vez mais habilidosos nas suas acções e capacidades.
Os que orientam a sua vida para as máquinas e demais afazeres, chegam a inventá-las e a construir outras mais evoluídas.
Os que se orientam para o estudo e pesquisa, chegam a investigações cada vez mais exactas e específicas.
Destes, diferenciam-se os que se dedicam ao estudo da mente, seja em áreas cerebrais de neurologia ou de psiquiatria, psicólogos e estudiosos.
Estes últimos aprendem a desenvolver a mente, às vezes seguindo apenas instruções dadas em livros, outras vezes em grupo.
Para todas as áreas, para todos os interesses, para todas as curiosidades satisfeitas, há sempre algo subjacente que marca a diferença.
Essa diferença reside na ética, nos princípios morais de maior pureza – ou não.
Daí, reconhece-se imediatamente (porque se sente, ou se pressente, por instinto) o que habitualmente se chama o “toque de classe”.
- E de luz!

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Disse Ortega y Gasset:
com a moral corrigimos os erros dos nossos instintos, e com o amor os erros da nossa moral!
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2008-01-10

O importante

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Às vezes lidamos com pessoas e nem sabemos como é possível darem aquelas respostas que ouvimos. É de espantar!
É certo que tudo pode ser visto de várias maneiras mas, às vezes, consegue ouvir-se um modo “incrível” de relacionar factos.
Dá até a sensação que o assunto não é aquele…
E pronto, aceitamos a democracia pois sempre vale mais que uma guerra de opiniões.
Uns chamam-lhe "engolir sapos", outros esmero de paciência e até faz lembrar o ditado de "antes assim que pior".
Enfim, passada a primeira onda de puro espanto, segue-se continuar o caminho e tentar (a todo o custo) não julgar ninguém porque, em princípio, temos o que merecemos - do nosso passado e do nosso presente.
O importante será seguir, sem parar, só abrandando por vezes o passo para os nossos objectivos da melhor maneira que nos é possível.
Deve haver - há, com certeza - utilidade em tudo o que vivemos.
E, mais uma vez, uma frase que resume isto: vive e deixa viver!
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Disse
Mahatma Gandhi: nas questões de consciência, a lei da maioria não conta!
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2008-01-09

Desdobramento

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Tantas como as pétalas de uma flor, ela é uma que voa, outra que caminha, outra que estuda ávida de saber. Outra que fica preguiçosa no sofá, outra que viaja no espaço. Outra que conversa com desconhecidos, outra que é chamada e não sabe porquê nem vê utilidade nisso.
Enfim, ela desdobra-se em tantas iguais a ela como as tarefas que tem de desenvolver.
É uma rapidez, um instante (ou nem isso) entre uma coisa e outra, ou todas em simultâneo.
E lá consegue fazer tudo, a mais das vezes sem perceber bem como, e apenas percebe se os trabalhos estão ou não concluídos.
Às vezes é cansativo. Às vezes é maravilhoso.
É como viver várias vidas numa só. Num só dia uma semana, num momento o passado, o presente e as hipóteses futuras.
Será como um cavalgar nas nuvens. Será como um filme que vi, há muito tempo, sobre uma história interminável em que um miúdo cavalgava pelos céus, não com um cavalo, mas num dragão/cão.
- Voltando à azáfama e à necessidade de desdobrar-se para tratar de tudo a tempo… isso dava imenso jeito agora.
- Agora?
- Sim, não viste? Todas as lojas estão em saldos!
- Ahaam...
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Fotograma de Never Ending Story
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Disse Aristóteles: somos aquilo que fazemos repetidamente!
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2008-01-08

Firmeza e benevolência

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Religiões, filosofias, crenças… tudo se resolve em questões de fé dedicada.
É bom e positivo dedicarmos os nossos pensamentos a ideais mais elevados e sublimes do que a pensamentos apenas da nossa vidinha.
É salutar acreditar que, mais que nós e aqueles que encontramos, existe “algo” superior, de justiça divina, de valorização por tudo e todos, pelo que somos e não pelo que pretendemos aparentar.
Algo superior que separe o trigo do joio – mesmo que seja depois desta vida.
Porque, de modo geral, sentimos que é pouco o que vivemos em relação ao que poderíamos viver.
Os condicionalismos – nossos e dos outros – aumentam os problemas.
E o hábito de fazer comparações entre uns e outros não ajuda muito.
Poucos são os que reflectem mais sobre si mesmos e sobre as próprias dificuldades em alcançar um nível ideal superior.
Em conseguir ser, através de uma própria transferência de identidade, a versão melhorada dos seus instintos e apetências, que foram educadas segundo os moldes que encontrou, a que se ajustou, desde criança.
Todas as religiões começam os seus ritos com versões filosóficas simples, que recomendavam a vigilância de atitudes, palavras e sobretudo – mais que tudo – dos pensamentos.
A firmeza em purificar os pensamentos de cada um, e a benevolência em tolerar os dos outros, permite alargar o âmbito das nossas ideologias e continuar em frente progredindo sempre em honra e sensatez.
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Espelho 4
Isabel Filipe
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Disse Jules Verne : tudo o que uma pessoa pode imaginar, um dia alguém o tornará realidade!
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2008-01-07

Coisas do passado

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Questões de honra, acordos de cavalheiros, etc. parecem coisas do passado.
Mas não são! As honras e os acordos é que são de outro teor, relativos às vivências do presente.
Em sociedades e culturas tão díspares como as que se desenvolvem hoje por todo o mundo, os compromissos morais – porque é disso que se trata – são também diferentes de região para região, de família para família.
O que se mantém é a noção da moral correcta, sobretudo em determinadas questões de importância cultural específica.
Mantêm-se princípios de comportamento característicos da classe social dos indivíduos, sejam ligados à profissão, ao modo de vida ou ao rendimento que auferem.
Se levarmos isto a uma maior generalização, pode considerar-se a continuação - através dos tempos - das castas, enquanto grupos de pessoas com afinidades de comportamentos e culturas.
Hoje considera-se a evolução do acesso à Internet como um meio de humanização global.
E após os primeiros anos de pretensa liberdade de atitudes, eis que começam a aparecer códigos de conduta moral que estão a ser implementados e acordados em forma de contratos.
Ontem como hoje, a liberdade e os direitos de cada um limitam-se ao atingir a esfera – semelhante – em que os outros se movem.
Os deveres de respeito mútuo continuam pela liberdade de todos e de cada indivíduo.
Nesse equilíbrio, sim; está a liberdade.
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Duelo entre Celestino Henriques e Joaquim Vital,

Lisboa, 1915

Foto: Joshua Benoliel, Ilustração Portuguesa, 1915, 28 de Junho
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Disse a sabedoria popular::o sangue não se lava com sangue, mas com água!
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2008-01-06

Carlos Drummond de Andrade # Receita de Ano Novo

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Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
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Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
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Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


de Carlos Drummond de Andrade
in "Discurso de Primavera e Algumas Sombras "
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Disse Seneca: aquilo que pensas ser o cume é apenas mais um degrau!
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2008-01-05

Dia de Reis

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Amanhã é dia de Reis e, para alguns, é mais um dia festivo e de reunião familiar. Hoje é noite de Reis, de prendas e ofertas.
As mesas vão encher-se de iguarias e tudo o que puder ser mais requintado.
Isto porque os Reis levaram a Jesus recém-nascido os tesouros para celebrar o nascimento de um enviado dos céus, um novo Rei, que traria a prosperidade aos povos.
Neste caso, a prosperidade moral - a mais preciosa de todas.
Por isso os tesouros eram o ouro (valor que nunca oxida), o incenso (valor na purificação do ar que se respira) e a mirra (valor para a saúde e a prosperidade).
Hoje será uma noite para rever os tesouros que temos e os que poderemos oferecer, sendo que o mais importante, que não oxida e que deve impregnar o nosso ser, é o amor.
Neste final de festividades natalícias e de novo ano, ficam os votos para que o amor fraternal, a benevolência e a paciência promovam a paz e a concórdia entre todos!
Que em todas as regiões da terra se possa respirar e viver melhor!
Bom ano!
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Meister Bertram

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Disse
Fernando Pessoa: cultura não é ler muito, nem saber muito; é conhecer muito!
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2008-01-04

Quotidiano

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De um parque de estacionamento entram e saem carros, com mais ou menos cuidados.
A saída é difícil porque dá para uma encruzilhada bastante movimentada.
Mas lá vão circulando, por vezes com a ajuda de voluntários de última hora.
Ouve-se música suave e com boa orquestração, ao longe.
A tarde continua amena até ao anoitecer.
Um bico alaranjado aparece dentre o arvoredo, a seguir esvoaça e vai chilreando até perto do ninho.
De repente - talvez por ser hora do fecho das lojas - surgem, de todas as direcções, pessoas apressadas.
Seguem o seu caminho, de modo independente e solitário, desviando-se quanto baste dos outros para continuar andando a passos rápidos.
Camionetas ou autocarros vão parando nas respectivas paragens e lá vão entrando dezenas de pessoas.
Ali perto, outras pessoas juntam-se em fila e de senha na mão para serem atendidas.
Atendidas, mas não se percebe que sítio é aquele.
A música continua.
O dia vai cedendo à noite. Noite de um fim-de-semana que começa.
- E tu, quando começas?
- O quê?
- A querer aprender, conhecer o que te rodeia. Todos os dias muita coisa começa e acaba. E os teus projectos?
- Ainda são projectos...
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Imagem retirada da net
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Disse Ortega y Gasset: ciência é tudo aquilo que admite sempre discussão!
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2008-01-03

As árvores

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São jardins pequenos, junto de vivendas, com árvores muito altas.
Daquelas que passam os fios e se elevam aos céus.
Lembro-me que me diziam para ser como as árvores, na sua verticalidade, pois era pela integridade, ou verticalidade de carácter, que as pessoas eram conhecidas e bem lembradas.
Fui assim educada e ainda hoje dou por mim a olhar para a copa das árvores avaliando a sua altura, para o céu, e continuo a dedicar-lhes a minha admiração.
Todos temos lembranças deste género, que são referências de pessoas mais velhas ou então, da escola.
Sem querer, são essas noções tão simples que, de um modo ou de outro, vão moldando a nossa personalidade. Acabam por ser as razões do nosso modo de ser e de viver.
Hoje já é conhecida e está muito difundida a ideia de que as árvores são o pulmão do planeta, por causa do oxigénio que fornecem ao ar, à atmosfera.
Assim como por tudo o que se lhes relaciona em favor da humanidade, da sua protecção para os seres vivos, etc., etc., há um sentimento generalizado pela importância das árvores.
Ainda bem que existem com toda a sua simbologia!
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Imagem retirada da net

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Disse Mahatma Gandhi : não há caminho para a paz. A paz é o caminho!
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2008-01-02

Os convidados

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Não conseguia pensar. Isto é, não conseguia segurar as ideias.
Era um vazio que sentia por dentro.
Quando pensava em qualquer acção, encontrava o seu pensamento nas situações mais inverosímeis.
Fechava portas que não existiam. Viajava por onde não ia. Falava coisas que não sabia.
Respondiam outros que não identificava. Via-se fechada ou via-se em liberdade.
Ouvia-se, mas não sabia onde.
E, de repente, percebeu. Compreendeu enfim.
Estva a delirar. Devia ter febre. Pôs a mão na testa, a sondar, mas não.
Estava fria, ou melhor, normal. Não estava quente de febre.
Mas parecia mesmo um desvario, uma demência.
Olhou à volta, para a parede em frente. Não, não via nada de diferente.
Finalmente chegaram os convidados que esperava.
Cheios de alegria e flores. A casa iluminou-se.
O seu coração sentiu paz. Sossegou enfim.
E afinal onde estava? Que casa era aquela?
De onde vinha essa luz esverdeada? Agora branca.
Os convidados levaram-na pela mão.
E ela seguiu confiante e esperançada.
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Imagem retirada da net

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Disse Pablo Neruda : podem até cortar todas as flores, mas jamais deterão a Primavera!

2008-01-01

Aos simples - Guerra Junqueiro # A Velhice do Padre Eterno

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Ó almas que viveis puras, imaculadas,
Na torre de luar da graça e da ilusão,
Vós que inda conservais, intactas, perfumadas,
As rosas para nós há tanto desfolhadas
Na aridez sepulcral do noso coração;
Almas, filhas da luz das manhãs harmoniosas,
Da luz que acorda o berço e que entreabre as rosas,
Da luz, olhar de Deus, da luz, benção d'amor,
Que faz rir um nectário ao pé de cada abelha,
E faz cantar um ninho ao pé de cada flor;
Almas, onde resplende, almas almas onde se espelha
A candura inocente e a bondade cristã,
Como um céu d'Abril o arco da aliança,
Como num lago azul a estrela da manhã;
Almas, urnas de fé, de caridade e esp'rança,
Vasos d'ouro contendo aberto um lírio santo,
Um lírio imorredouro, um lírio alabastrino,
Que os anjos do Senhor vêm orvalhar com pranto,
E a piedade florir com seu clarão divino;
Almas que atravessais o lodo da existência,
Este lodo perverso, iníquo, envenenado,
Levando sobre a fronte o esplendor da inocência,
Calcando sob os pés o dragão do pecado;
Benditas sois vós, almas que est'alma adora,
Almas cheias de paz, humildade e alegria,
Para quem a consciência é o sol de toda a hora,
Para quem a virtude é o pão de cada dia!
Sois como a luz que doura as trevas dum monturo,
Ficando sempre branca a sorrir e a cantar;
E tudo quanto a mim há de belo ou de puro,
- Desde a esmola que eu dou à prece que eu murmuro
É vosso: fostes vós o meu primeiro altar.
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de Guerra Junqueiro
in "A Velhice do Padre Eterno"
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