Trabalho
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Parecia que sentia bichos a passear pelo corpo todo.
Não eram feios, mas passeavam por ele como por um poste e seguiam por ali fora sem parar um instante, nem se desviarem.
Afinal... oh, estava a sonhar. Continuou deitado na areia da praia e, à distância de um palmo, lá seguiam aqueles aranhiços brancos da areia.
Muito rápidos... então deveriam ter sido eles os que lhe haviam causado... não, ainda os sentia.
Espreitou-se e lá estava mais um igual, a passear debaixo da camisola.
Enxutou-o e deixou-o ao lado dos outros, já a alguma distância.
Pequeninos, mas ladinos e rápidos.
Já nem se pode dormitar sossegado.
Agora acordou mesmo e não quer dormir mais apesar do tempo que sobra.
Lembrou-se de ter lido um artigo em que o autor se levantava às quatro e meia da madrugada para dar vazão ao trabalho.
Isto durante grande parte da sua vida, sem Domingos nem feriados.
Ora aí estavam duas opiniões bem diferentes. Ele, que acha óptimo dormir e está sempre ensonado.
O outro, que se levanta para trabalhar e ocupa assim a maior parte das vinte e quatro horas nos seus afazeres.
A questão que agora lhe aflorava o pensamento era a veracidade das descrições de felicidade e dias bem humorados a trabalhar, nitidamente a trabalhar no que gostava.
Essa deveria ser a diferença capital: trabalhar gostando do trabalho.
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Peter Gerasimon
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Disse Rita Levi Montalcini : amar o própio trabalho é a melhor aproximação concreta da felicidade na terra !
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