Os convidados
Não conseguia pensar. Isto é, não conseguia segurar as ideias.
Era um vazio que sentia por dentro.
Quando pensava em qualquer acção, encontrava o seu pensamento nas situações mais inverosímeis.
Fechava portas que não existiam. Viajava por onde não ia. Falava coisas que não sabia.
Respondiam outros que não identificava. Via-se fechada ou via-se em liberdade.
Ouvia-se, mas não sabia onde.
E, de repente, percebeu. Compreendeu enfim.
Estva a delirar. Devia ter febre. Pôs a mão na testa, a sondar, mas não.
Mas parecia mesmo um desvario, uma demência.
Olhou à volta, para a parede em frente. Não, não via nada de diferente.
Finalmente chegaram os convidados que esperava.
Cheios de alegria e flores. A casa iluminou-se.
E afinal onde estava? Que casa era aquela?
De onde vinha essa luz esverdeada? Agora branca.
Os convidados levaram-na pela mão.
E ela seguiu confiante e esperançada.
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Imagem retirada da net
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Disse Pablo Neruda : podem até cortar todas as flores, mas jamais deterão a Primavera!
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