Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2008-01-02

Os convidados

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Não conseguia pensar. Isto é, não conseguia segurar as ideias.
Era um vazio que sentia por dentro.
Quando pensava em qualquer acção, encontrava o seu pensamento nas situações mais inverosímeis.
Fechava portas que não existiam. Viajava por onde não ia. Falava coisas que não sabia.
Respondiam outros que não identificava. Via-se fechada ou via-se em liberdade.
Ouvia-se, mas não sabia onde.
E, de repente, percebeu. Compreendeu enfim.
Estva a delirar. Devia ter febre. Pôs a mão na testa, a sondar, mas não.
Estava fria, ou melhor, normal. Não estava quente de febre.
Mas parecia mesmo um desvario, uma demência.
Olhou à volta, para a parede em frente. Não, não via nada de diferente.
Finalmente chegaram os convidados que esperava.
Cheios de alegria e flores. A casa iluminou-se.
O seu coração sentiu paz. Sossegou enfim.
E afinal onde estava? Que casa era aquela?
De onde vinha essa luz esverdeada? Agora branca.
Os convidados levaram-na pela mão.
E ela seguiu confiante e esperançada.
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Imagem retirada da net

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Disse Pablo Neruda : podem até cortar todas as flores, mas jamais deterão a Primavera!