Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2007-02-28

Bonecas

28 de fevereiro de 2007

Uma figura estilo holograma e diminuta (ou reduzida) envia flores.

Uma outra figura passeia numa ilha, entre a areia da praia e os primeiros arbustos, meio sol, meio sombra.
Outra figurinha entra num jardim.

Todas estão rodeadas de flores e todas enviam flores sem o caule: só as flores e pétalas soltas também.
O ar em seu redor está perfumado e até os animais e pássaros se acercam delas, encantados.
Todas estão rodeadas de tonalidades e cores entre o rosa e o branco.
- Oh, mas não percebi o preço.
- Elas estão assim, já de primavera. As flores vêm na caixinha.
- Estás a ver, mãe? São só três bonecas diferentes, com autocolantes e tudo.
- Fica para as férias da Páscoa, se tiveres boas notas.
- Nunca percebi o que têm as bonecas a ver com as notas!
- Porque as prendas têm que ser merecidas. O dinheiro é especial para isso. Por exemplo, roupa ou comida fazem falta. As bonecas, não. São prendas. Não precisas propriamente.
- Mas eu gosto mais delas do que de roupa ou comida.
- Pois, mas não te são necessárias para viver. são necessárias para te distraíres. Então deves merecê-las e, nessa altura, eu separo dinheiro do mês para elas.
- Todas três?
- Só estava a pensar numa de cada vez. Aí, já vai depender mais do preço.
- Quando é a Páscoa?
- O tempo passa a correr e a seguir às próximas notas é a Páscoa.
- Olha, mãe, se calhar não é preciso tanta coisa. Porque elas sou eu, afinal. Não vês? São iguais a mim. Estão é ali...

2007-02-27

Ser ou não ser

27 de fevereiro de 2007

Sapatos rasos que permitem caminhar, porque os dias são agora para começar a passear mais.
Entre ténis, mocassins, vela e outros mais neste género, os sapatos permitem mais comodidade.
Um caminhar suave e bem flexível, facilita o bem-estar e a vontade de sair.
A comodidade é também uma necessidade no bem-estar e bem viver.
Não tem a ver com luxos mas com direcção de objectivos.
Se a pessoa sente dores ou mal-estar, os seus pensamentos fixam-se nessa ideia e dor.
No caso contrário, os pensamentos são livres para conjecturas mais ou menos complicadas.
Os pensamentos, depois de se fixarem, geralmente em pormenores, podem ser racionalizados para se expandirem em ideias mais generalistas como por exemplo projectos familiares, profissionais ou culturais.
A partir daí, podem ser novamente direccionados para observar o mundo e pessoas em situações semelhantes.
Garante-se assim, também, a unidade, direcção e lógica das linhas do pensar correcto.
Do pensamento corrigido chega-se à integridade do ser, não só na consciência de si no mundo, mas também no seu inconsciente.
No verdadeiro ser de cada um e da sua memória global.

2007-02-26

Ser livre

26 de fevereiro de 2007

Passeios num Centro Comercial, a coberto da chuva ou do sol, do frio ou calor.
Novo modo de vida, de convívio e de compras.

Meios vigiados por seguranças e câmaras de vídeo.
Quase todos gostam e juntam, geralmente, compras aos passeios.

Está tudo ali à mão e não cansa nada.
As despesas é que, de modo geral, são excessivas, sobretudo se não se ia comprar nada.
Uns dizem que é um modo mais livre de estar.

Outros, preferem os condicionalismos do clima e juntam-se ao ar livre ou em práticas desportivas.
Seja como for, é a sensação da liberdade de cada um que pode estar em causa, na escolha do sítio onde se vai passar umas horas de lazer.
A liberdade, pequena ou grande no seu sentir, é uma condição essencial do ser.
Ser livre, ao longo de toda a história da humanidade e de todas as histórias contadas, é uma ansiedade ou necessidade.
É o que todos queremos ser, em primeira e em última instância.
Sentir-se livre, ser livre, é mental e é físico.

Só as duas condições juntas é que dão um sentido pleno à palavra liberdade.
Possamos todos alcançar essa maravilhosa condição e merecer ficar nessa liberdade conseguida.

2007-02-25

If (Se) # Rudyard Kipling

25 de fevereiro de 2007

Se consegues manter a calma quando à tua volta
Todos a perdem e te culpam por isso,
Se consegues manter a confiança em ti próprio quando todos duvidam de ti,
Mas fores capaz de aceitar também as suas dúvidas;
Se consegues esperar sem te cansares com a espera,
Ou, sendo caluniado, não devolveres as calúnias;
Ou, sendo odiado, não cederes ao ódio,
E, mesmo assim, não pareceres paternalista nem presunçoso:

Se consegues sonhar – e não ficares dependente dos teus sonhos;
Se consegues pensar – e não transformares os teus pensamentos nas tuas certezas;
Se consegues defrontar-te com o Triunfo e a Derrota
E tratar do mesmo modo esses dois impostores;
Se consegues suportar ouvir a verdade do que disseste,
Transformada, por gente desonesta, em armadilha para enganar os tolos,
Ou ver destruídas as coisas por que lutaste toda a vida,
E, mantendo-te fiel a ti próprio, reconstruí-las com ferramentas já gastas:

Se és capaz de arriscar tudo o que conseguiste
Numa única jogada de cara ou coroa,
E, perdendo, recomeçar tudo do princípio,
Sem lamentar o que perdeste;
Se consegues obrigar o teu coração e os teus nervos
A ter força para aguentar mesmo quando já estão exaustos,
E continuares, quando em ti nada mais resta
Que a Vontade que lhes diz: “ Resistam!”

Se consegues falar a multidões sem te corromperes,
Ou conviveres com reis sem perder a naturalidade,
Se consegues nunca te sentir ofendido
Seja por inimigos, seja por amigos queridos;
Se todos podem contar contigo, mas sem que os substituas;
Se consegues preencher cada implacável minuto
Com sessenta segundos que valham a pena ser vividos,
É tua a Terra e tudo o que nela existe,
E – o que é ainda mais – então, meu filho,
Serás um Homem.

Rudyard Kipling
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2007-02-24

A ver o céu

24 de fevereiro de 2007

Céu azul. Umas nuvens pequenas, aqui e além, passam a boa velocidade embora o vento sopre apenas devagarinho.
Só se vê o céu e os seus cambiantes. Ah! e ouve-se músicas e conversas.
- Olha, e se viesses ajudar por baixo desse céu?
- Não se pode descansar um pouquinho que seja!
- Então não pode? Mas deixar o trabalho só para os outros e ficar deitada "a olhar para o céu azul com nuvens...", francamente!
- Pronto! Pára as lamúrias que já aqui estou.
- Não te atrases então. Agora olha para a terra que pisas e leva estas coisas. Obrigado desde já!
- Só a bola é necessária. Para que é o resto?
- O resto é para todo o tempo que não estamos a jogar. Sempre são quatro dias por aqui!
- Pois, ideias diferentes dizem que fazem um mundo melhor. Ou pior, se pensarmos nos países em guerra. Ou guerrilha - nem sei o que é pior!
- O melhor eu sei: é a paz e o progresso para todos, independentemente da raça e condição. Bom, com todos a dar uma mãozinha, fica tudo arrumado e ainda se almoça a horas.
- Já posso voltar a olhar para o céu, então!
- Poder, podes e já agora explica-nos porquê - para sabermos se vale a pena seguir o exemplo.
- Ora, ora! Porque quando o olho, fico nas nuvens!
- Mas tu estás sempre nas nuvens. Se calhar, já tens o céu dentro de ti.
- Quem sabe, sabe!
- Presunçosa! Era a brincar...

2007-02-23

Os bons costumes

23 de fevereiro de 2007

Correio e cartas. Telefones e conversas.

Computadores e comunicações mais sofisticadas.
Em época de tecnologias para a informação e a comunicação, parece que as pessoas e as relações interpessoais foram quase esquecidas.
Dizer bom dia ou boa tarde, às vezes parece simples lembrança de um passado pouco distante.
Os bons costumes devem ser preservados.
Os novos costumes devem ser avaliados pelas suas qualidades. A verdade é que, cada vez mais, a pessoa é mais indivíduo que pessoa.
Cada vez mais o isolamento é facilitado em vez do convívio.
Formam-se grupos quase exclusivamente para divertimentos, mais ou menos esporádicos e mais ou menos familiares.
E as pessoas vão ficando mais frágeis nos seus modos de sentir, a não ser que façam um esforço razoável para ultrapassarem estas questões.
As épocas também são para ser vividas com os problemas e características que as vão definir num futuro histórico.
Cabe a cada um vencer a inércia e a acomodação fácil, e auto-promover o seu bem estar interior. Seja lendo bons livros, ou ouvindo boa música, ou seguindo de perto as investigações científicas e tecnológicas.
E estabelecendo um diálogo construtivo de conhecimentos e interesse com outros semelhantes.
E estabelecendo também a alegria e a sensação de ser feliz, um pouco em cada dia.
Cada dia será então um ponto de valor acrescido à construção da sua felicidade.

2007-02-22

Relações intemporais

22 de fevereiro de 2007

Famílias e amigos. Grupos de relações antiquíssimas em que os parentescos se substituem.
Os filhos são pais. Os pais são irmãos. Os amigos são filhos. Os irmãos são amigos.
Os casamentos também se transferem no grupo que, por vezes, se dilata com a entrada de mais um ou dois.

Isto tudo acontece em fracções da unidade de tempo.
- Estão a ver? Porque tudo é sempre a unidade, ou união, ou reunião no todo
- Como os mosqueteiros?
- Sim, sim! O lema: um por todos, todos por um!
- Bom... acho que tem razão... em parte.
- Em parte? Se tudo vai dar ao todo, então pode considerar-se a resposta certa, não é?
- Bom... eu queria dizer... talvez.
- Talvez... não conta, pois não?
- Talvez, porque já estamos a divagar outra vez do tema principal - as relações do passado e do presente que se interligam.
- Ah, era disso que estávamos a falar.
- Eu explico melhor: imagine que o seu pai foi meu irmão, você foi meu pai e que eu casei com a sua irmã, que era sua filha.
- Hã?!?
- Era disto que estávamos a falar. Relações intemporais do grupo, que se reconstituem em parcelas do tempo. Do tempo comum e do eterno.
- Ha! Ha!

2007-02-21

Instinto e serenidade

21 de fevereiro de 2007

- A terra tremeu!
- Pois tremeu. E treme constantemente. As pessoas é que não sentem. Senão, como era?
- Ficavam a chorar ou saíam a fugir. É o instinto de sobrevivência.
- Pois esse instinto, às vezes, é uma porcaria.
- Perdão?
- Uma bodega! Por causa dele, atropelam-se as pessoas a querer fugir para qualquer sítio.
Tem que se manter a serenidade. Apesar de não ser característica deste povo, deveriam todos aprender a raciocinar. Mesmo nas piores alturas.
- Eu vi isso num filme! Quem pensou com lógica, safou-se. Quem só quis fugir, "saiu da frigideira para cair no lume".
- É mais ou menos isso. A ideia está certa.
- Sim, mas serenar, de qualquer modo, também implica ter esperança e fé.
- Mas são coisas distintas, não são?
- São até um certo ponto, porque uma e outra dão-nos calma e vontade de bem pensar e agir.
- Todos somos melhores - e piores - do que pensamos e até do que somos no dia-a-dia.
Dependemos dos desafios que temos na vida e nas nossas rotinas.
- Então é nas alturas mais difíceis que nos manifestamos como verdadeiramente somos. É isso?
- Sim. Aí é o tal instinto de sobrevivência mas é também a nossa personalidade, que se completa até ao inconsciente, a manifestar-se também.
- Esperemos e desejemos então que os nossos inconscientes sejam melhores que os conscientes.

2007-02-20

Tempos de economia reduzida

20 de fevereiro de 2007

Sinais dos tempos são estas diferenças nos horários.
Antes, abriam e fechavam os comércios similares às mesmas horas.
Hoje, estão outros e mais outros abertos para melhor escolha do cliente.

Assim como a variedade de produtos e preços também é muito maior.
Só não podemos é comparar os preços com outros países porque aí a nossa satisfação cai por terra.

Mas mantenhamos a esperança de que o comércio por cá seja capaz de evoluir em níveis semelhantes, para bem do comum dos cidadãos e da maioria das bolsas.
Temos que repor as contas em dia para os pagamentos.

Depois, logo se verá que mais será possível conseguir.
Talvez seja este o preço da paz - uma economia tão reduzida de meios que ninguém cobiça.
Para já, vamos utilizando o que podemos para nosso conforto e saúde.

Sejamos, pelo menos, um instrumento de progresso para os outros países.
Sobretudo para os outros mais próximos, pois também deve ser mais fácil, pelo menos para começar.
E quem sabe se um dia não estaremos na dianteira, pois parece que a dificuldade está, geralmente, em aprender a primeira lição.

2007-02-19

Quem, eu?

19 de fevereiro de 2007

Turbilhão de ideias. Desequilíbrio mental. Qual concentração, qual nada.

Nem se reconhece a si mesmo.
As ideias rodopiam na sua mente. Não sabe o que quer nem o que lhe falta.

Mas sabe, porque sente, que não está bem.
Também não sabe descrever o que tem, porque parece é que não tem algo.
Olha, maravilhado, para as pessoas que consegue observar mais de perto, porque dizem coisas que lhe parecem acertadas.

Até interessantes.
O problema é que não sabe como conseguem dizer aquilo tudo.

Assim como não percebe a utilidade de nada do que dizem.
Mas há uma coisa que sabe de si: percebe e raciocina.

No entanto, as palavras só existem e só têm significado no momento em que as ouve.
Antes e depois, são completamente esquecidas.
- Pois não, não. Ainda ontem (ou anteontem) não era assim.
- Pois foi, foi "uma coisinha ruim que lhe deu".
- É que foi isso mesmo.
- E agora? Agora não sabe...
- Tem 72 horas para saber se a sua vida vai voltar a ser o que era, ou se vai modificar-se para sempre.
- Sabe lá, nem sabe o que é a sua vida. Mas o senhor também não sabe destas coisas, pois não?

- Quem, eu? Eu sou o seu médico...

2007-02-18

Vladimir Korolenko # O Músico Cego

18 de fevereiro de 2007

Todo o homem é um anel na cadeia infinita das vidas que por ele passam, desde as profundezas do passado até às do futuro. E eis que um acidente fatal tinha querido fechar essas janelas dos elos a uma criança cega, cuja vida inteira devia ficar mergulhada numa escuridão completa.
Mas resultava daí, por isso, que estavam partidas todas as fibras pela quais a alma reage às impressões luminosas? Não, a sensibilidade interior à luz devia persistir e, apesar das trevas em que se debatia, esta existência era chamada a ser transmitida às gerações ulteriores.
A criança cega possuía uma alma humana, completa e normal, rica de todas as suas particulares características; e como toda a particularidade traz em si mesma o desejo da mais plena realização, a alma sombria do pequenito era habitada por uma aspiração insaciável de claridade.

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Sentia vivamente a escuridão que o rodeava como um mar. ... ... Já estava inquieto mais cedo ainda, antes do nascimento do filho; mas umas veleidades de esperança viviam até aí na sua alma, ao passo que agora tudo era diferente.... ...
E, bruscamente, esta frase curta:« A criança vê bem...», tinha mudado completamente a sua disposição de espírito. ... Teve a impressão de que as palavras do médico lhe deixavam um traço de fogo no cérebro. ...
E a seguir, imediatamente a este relâmpago, fantasmas estranhos iluminaram-se súbitamente diante dos olhos, que estavam extintos antes mesmo de ele nascer. Não podia distinguir se eram cintilações ou sons. Eram antes sons que nasciam milagrosamente, tomavam formas cuja natureza se não podia perceber e se moviam, se dispersavam e se uniam em raios de luz. Brilhavam como a cúpula do céu; rolavam como sol brilhante na abóboda etérea; vibravam como vibra o murmúrio e o segredar duma estepe nova e verde; balançavam-se como a folhagem das faias em meditação.
Tal foi o primeiro momento, curto como um pensamento. Só as impressões entrecortadas e misturadas deste momento se fixaram na sua memória. Tudo o mais esqueceu ele em seguida. Mas não se cansava de afirmar que tinha visto durante esse instante.

Era absolutamente impossível saber o que ele tinha visto, como tinha visto e se, na realidade, vira alguma coisa. Alguns asseguravam que isso era impossível, mas ele insistia que tinha visto o céu e a terra, a mãe, a mulher e o tio Máximo.
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Dir-se-ia que um estrondo terrível retumbava por cima da multidão e que todos os corações tremeram, como se Pedro lhes tivesse tocado com os seus dedos vivos e rápidos. Apesar de ele ter acabado de tocar, a assistência continuava a guardar o mais profundo silêncio.
O tio Máximo baixou a cabeça e pensou: «Sim, ele vê. Ele substituiu os seus sofrimentos egoístas, cegos e insaciáveis por uma verdadeira noção do que é a vida. Já sente a ventura e a desgraça humana. ... ...
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E assim começou o músico cego.

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in "O Músico Cego"
de Vladimir Korolenko

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2007-02-17

A luz apropriada

17 de fevereiro de 2007

Há campos de vinhas, campos de trigo, campos de regadio e campos de luz.

De uma luz tão intensa que não deixa ver nada a não ser essa luz.
Uma luz que consegue ser brilhante e suave ao mesmo tempo.

Uma luz que transporta ao sonho, à irrealidade.
Irrealidade não no sentido de ilusão ou fantasia, mas no sentido de não ser conhecido da nossa realidade.
- A luz é a nossa vida. Nós crescemos mais e mais saudávelmente sob a influência da luz, neste caso, da luz solar. Até a alegria é mais contagiante, as caras mais vivas. Os dias com mais luz solar são os mais produtivos e também os mais descontraídos.
A luz é fonte de harmonia, de esperanças e bem-quereres. A ternura parece desabrochar, tudo em nosso redor se enche de vida, renovada na luz. A luz que, às vezes, toca um olhar, um sorriso, uma flor, um ambiente, é uma inspiração que chega.
- Mas não vos tomo mais tempo. Aqui têm o nosso catálogo de cores claras que darão o toque de luminosidade que desejam. Podem levar as amostras para imaginarem juntos o novo aspecto das paredes e do mobiliário na casa nova.
- Obrigado! P'rá semana já devemos trazer a escolha feita.
- Obrigada também pelas suas palavras sobre a luz. Por vezes, o que é mais fácil de entender é o que se esquece: uma luz apropriada ao nosso viver.

2007-02-16

Coisas que ligam bem

16 de fevereiro de 2007

Dia chuvoso e chocolate quente a fazer ao lume.

Não sei porque estas duas coisas ligam tão bem.
É como as torradas com a manteiga.
Como o queijo fresco e a salada.
Como o nevoeiro, o aconchego do lar e as lãs.
Como as pantufas, o jornal e o sofá.
São hábitos que passam de geração em geração.
Significam também o agradável que se pode desfrutar.
Muitas vezes encontramos pessoas que transmitem uma certa antipatia e outras, pelo contrário, parecem irradiar simpatia e alegria onde quer que estejam.
Sejam os dias chuvosos ou soalheiros, há pessoas que cultivam essa alegria interior e a expandem, como uma aura, em direcção aos outros.
A seu lado, tudo se transforma para melhor.

Os casos mais difíceis revestem-se de esperança.
Fica algo no ar que convida ao optimismo, à fé, pelo menos em si próprio.
Os problemas são revistos à luz do querer entender e resolver sem ânsias nem desesperos.
E o melhor de tudo é que, com paciência e esperança, as situações parecem rodar como um puzzle solucionado.
Todas as peças se encaixam e a vida refaz-se melhor a cada instante.

2007-02-15

Racionalidade e ilusão

15 de fevereiro de 2007

Fantasia e vaidade estão sempre relacionadas.

As mulheres, geralmente, seguem a vaidade do bem parecer de aspecto: cabelos, maquilhagem e roupas.
Os homens dedicam-se mais à vaidade do bem-estar: casa, carro e boa mesa.
As crianças fazem com amigos e brincadeiras, as suas fantasias.
Os sonhos são outra coisa, pois são os desejos de cada um.
Sem contar com os sonhos vividos, das mensagens ou das visitas ao passado e ao futuro.
Essas regiões de ilusão e criatividade devem ser racionalizadas ou educadas ou disciplinadas - como se quiser considerar.
- O modo de fazê-lo fica para a próxima aula. Agora, a saber: há dúvidas?
- Não própriamente. Gostaria de avançar um pouco que seja, para saber o método que adoptaria para essa reeducação da personalidade. Isto porque segundo a maioria das opiniões, quando nascemos trazemos as tendências e não os pensamentos assim desenvolvidos em ilusões.
- Pois, a criança vai desenvolver ao longo da vida as suas motivações ou vai travá-las e racionalizá-las. Daí termos adultos criativos e outros tão lógicos. Em casos extremos, temos a loucura e o crime.
Quanto à metodologia, esta passa sempre por um enorme esforço pessoal. Esse esforço é que pode ser acompanhado e enquadrado segundo meios clínicos ou não.
Mas o esforço é imprescindível. O resultado é que pode diferir conforme os meios de ajuda.
- Nós somos sempre o que pensamos, quer queiramos ou não aceitar isto como um facto?
- Pois somos!

2007-02-14

Uma nova mãe

14 de fevereiro de 2007

Uma nova mãe. Porque estamos numa maternidade e porque ela foi mãe nestes últimos dias.

O bebé é menino e está bem. A mãe está sorridente.
Até que enfim!
Foi uma gravidez rabugenta. Tudo era uma trabalheira, um cansaço que só visto.

Ainda por cima, o outro filho adoecia muito da garganta.
Os trabalhos, a ela, pesavam-na muito porque não lhe dava jeito à barriga aquelas forças de empurrar carrinhos, como era preciso.

E pendurar-se nos escadotes para chegar às prateleiras mais altas - era mentira, pois com aquela barriga não via os degraus para descer e assustava-se de cair.
Um pandemónio de meses e de barriga.
Agora, linda mãe, pense na sorte de ter direito a médico e assistência!

Quantas e quantas novas mães não há, por esse mundo fora, que nem sabem que há médicos para ajudar a dar à luz, quanto mais hospitais?
Sítios em que as mulheres ainda se juntam para ajudar.
Sítios em que se a mãe não tem leite, o filho não resiste.
Sítios em que até a água é escassa e pouco limpa, e nem sequer potável.
Sítios em que se come o que se consegue encontrar.
Por inacreditável que pareça, todos os anos são conhecidos mais redutos humanos em que a organização em tribo já seria um milagre de evolução.
Cada vez há mais refugiados a tentarem sobreviver.
O progresso há-de vir porque nada fica na mesma, e porque a evolução é sempre uma continuação na linha da vida.

2007-02-13

Águas sujas e águas limpas

13 de fevereiro de 2007

Porão de um navio e, noutro lado, as máquinas e extensos tubos largos.

Uns sobem e são os mais bonitos, porque estão pintados de beige.
Outros mais cinzentos, vão rente ao chão ou pelas paredes. Estes são mais estreitos.
Máquinas e motores um pouco por todo o lado.
Assim como também, um pouco por todo o lado, vários homens vêm vigiar as máquinas.
Águas sujas e águas limpas.
Uma espécie de guindaste abre uma escotilha. As águas aqui são turvas.
Mais além uma praia.
Acolá um homem desmaiado.
Noutro lado, londe dali, numa sala, aparece o tal homem que estava desmaiado.
Médicos estão a tratá-lo mas ele grita e debate-se.
Conseguem finalmente aquietá-lo.
Nesta altura vem outro homem, mais velho, trazendo uma espécie de lençol.
Apesar do homem estar vestido, põe-lhe o dito lençol por cima e leva-o, andando os dois muito devagar.
Na praia que vimos, restam flores que vão sendo levadas nas ondas conforme estas vão subindo nas marés.
O mar parece enfeitado de flores.
O sol, esse, parece rir, a bom gosto, por cima da praia.

2007-02-12

Dois modos de vida

12 de fevereiro de 2007

Cavalos correm livremente pelos prados em terrenos inclinados para um rio.

A seguir aquietam-se e ficam por ali. Um deles vigia, atento.
Deve ser o líder.
O sol torna-se mais forte conforme as horas avançam.

Alguns protegem-se entre as árvores, outros deitam-se, ou melhor, dobram as patas em posição de descanso.
A maior parte vagueia por ali, bem perto uns dos outros.

Um está sempre de vigia, atento ao mínimo barulho.
A mim deixam-me aproximar, sem medo.

Eu é que tenho algum receio, mais da sua força do que quererem fazer-me mal.
Os seus olhos são vivíssimos e brilhantes.

Alguns estão suados, outros mais descansados e esses são, geralmente, os mais velhos.
No meio deles, dos prados e colinas, no meio desta natureza, o tempo parece parar.
A realidade da vida e do que é importante, transforma-se.
Que se sabe, nas grandes cidades e nas correrias entre casas, escolas, empregos e lojas, desta natureza viva?

Parece um mundo dividido: dum lado, as corridas da civilização; do outro, as corridas alegres ou a procura de abrigo e refúgio.
As cidades complicam e dão conforto.

A natureza simplifica e o conforto tem que se encontrar com esforço próprio.
Duas faces, dois modos de vida.

Talvez se consiga encontrar o terceiro, e seja este o meio termo que nos dê a saúde mental que vamos precisando compensar.
Há sempre um caminho do meio, compensador e transformador dos extremos.

2007-02-11

Khalil Gibran # A Nova Fronteira

11 de fevereiro de 2007

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Presentemente (*), no Médio Oriente, há dois homens:
um do passado e outro do futuro. Qual deles sois vós? Aproximai-vos; deixai que olhe para vós e deixai que me certifique, pelo vosso aspecto e pela vossa conduta, se sois um daqueles que se aproxima da luz e entra na escuridão.
Vinde e dizei-me quem e o que sois.
Sois um político, que pergunta o que o vosso país pode fazer por vós ou um zeloso, que pergunta o que podeis fazer pelo vosso país?
Se sois o primeiro, então sois um parasita; se sois o segundo, então sois um oásis num deserto.
Sois um mercador que se serve da necessidade da sociedade para as necessidades da vida, para o monopólio e o lucro exorbitante? Ou um homem sincero, trabalhador e diligente que facilita e partilha com o tecelão e o agricultor? Cobrais um preço razoável como intermediário entre a provisão e a procura?
Se sois o primeiro, então sois um criminoso quer vivais num palácio ou numa prisão. Se sois o segundo, então sois um homem caridoso quer sejais agradecido ou denunciado pelo povo.
Sois um chefe religioso, tecendo um manto para o corpo da ignorância do povo, talhando uma coroa da simplicidade dos seus corações, fingindo odiar o demónio apenas para viverdes do seu rendimento?
Ou sois um homem devoto e piedoso que vê na piedade do indivíduo o alicerce para uma nação progressista, e que consegue ver através de uma busca nas profundezas da sua própria alma uma escada para a alma eterna que dirige o mundo?
Se sois o primeiro, então sois um herege, um descrente de Deus mesmo que jejueis de dia e oreis de noite.

Se sois o segundo, então sois uma violeta no jardim da verdade mesmo que a fragrância se perca nas narinas da Humanidade ou o aroma se erga e penetre no ar rarefeito onde a fragrância das flores é preservada.
Sois um jornalista que vende a ideia e o princípio no mercado de escravos, que vive da miséria do povo como um busardo que pousa apenas numa carcaça putrefacta?
Ou sois um professor no estrado da cidade ganhando experiência da vida e apresentando-a às pessoas como sermões que aprendestes?
Se sois o primeiro, então sois uma chaga e uma úlcera. Se sois o segundo, então sois um bálsamo e um remédio.
Sois um governante que se rebaixa perante aqueles que o nomearam e rebaixa aqueles que deve governar, que nunca levanta uma mão a não ser que seja para meter em bolsos e que não dá um passo a não ser que seja por avidez?
Ou sois o servo fiel que serve apenas o bem-estar do povo?

Se sois o primeiro, então sois como um joio na eira das nações; e se sois o segundo, então sois uma bênção para os celeiros.
Sois um marido que permite a si mesmo aquilo que proíbe à mulher, vivendo à vontade com a chave da prisão nas suas botas, saciando-se com a comida favorita, enquanto ela se senta, sozinha, em frente de um prato vazio.
Ou sois um companheiro, que não toma nenhuma providência a não ser de mãos dadas, que não faz nada não ser que ela dê os seus pensamentos e opiniões, e partilha com ela a felicidade e o sucesso?

Se sois o primeiro, então sois um sobrevivente de uma tribo que, embora se vista com peles de animais, desapareceu muito antes de abandonar as cavernas; e se sois o segundo, então sois o líder numa nação que se move na aurora em direcção à luz da justiça e da sabedoria.
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(*) - K. Gibran nasceu em 1883 e faleceu em 1931

in "Espelhos da Alma"
de Khalil Gibran

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2007-02-10

Mal-entendidos

10 de fevereiro de 2007

Animosidades e amizades. Antipatias e simpatias.
Preconceitos e ideias liberais. Conceitos e análises racionais.
As relações interpessoais são todo este turbilhão de sentimentos.
Entre o excesso e a moderação caminhamos todos os dias, às vezes sem saber bem como.
A precaução e a sensatez devem prevalecer sempre, para não haver lugar para arrependimentos fora de tempo.
Chegam a separar-se famílias por causa de mal-entendidos.
E amigos que se afastam por causas que, anos mais tarde, se percebe que não existem nem existiram sequer.
Tantas ilusões que se desfazem frente à realidade.
Manter a correcção sempre que possível, e a noção de que quase nunca o que parece, é realmente assim.
Em oposição, o que aparenta ser uma certeza pode revelar-se o maior engano, quando já é tarde para voltar a repor as coisas.
As relações são como o vidro. Quando se quebra, mesmo que unidas as partes, vê-se sempre a divisão.
Cuidados dobrados são necessários sempre que ocorrem pensamentos de crítica ou desilusão.
Tolerar e duvidar das aparências que parecem ser a realidade intrínseca que, por vezes, provoca tanto sofrimento, talvez seja uma atitude também de perdão pelos outros.
Mas sobretudo é uma possibilidade para evitar estragar o que temos e que nos faz felizes.
A nossa felicidade tem que ser cuidada com muito, oh!, mesmo com muito, muito amor e tolerância.

2007-02-09

Dedicação

9 de fevereiro de 2007

Uma escola nova, com pavilhões ainda a estrear e outros ainda não construídos. Professores e alunos já por todo o lado.
Empregados em tarefas várias e ocupadíssimos de um lado para o outro.
Enfim, movimento "vivo" por todos o lado.

A vivacidade de uma escola de gente pequena, com toda a sua alegria em expansão.
Projectos e ideias mais ou menos brilhantes.

Imaginação e motivação não faltam.
Parece uma constante em tudo o que é novo ou que se pretende renovar e actualizar, estes modos vibrantes de ser e estar.
Esta dinâmica de extra-horário para bem trabalhar é o fluir de uma dedicação carinhosa em tudo o que se empreende.

A vontade e a dedicação dão novas forças à luta do dia-a-dia.
Novos rumos à nossa vida e aos nossos horários.
Todos gostamos de trabalhar bem, de nos dedicarmos a empreitadas e causas que traduzam as nossas expectativas, quantas vezes mais em favor dos outros que de nós mesmos.
É importante não perder nunca esse fôlego, porque há sempre alguém que precisa de nós assim.

2007-02-08

Dia enevoado e frio

8 de fevereiro de 2007

Dia sombrio. Enevoado e frio.

Acho que acordei com frio logo que me levantei.
É um dia em que, faça o que faça, estou a tremer de frio.
Agora, a meio do dia, acho que será melhor ligar o aquecimento.
Isto apesar dos problemas das despesas e do tempo que demora a aquecer o ambiente.
- É por isso que prefiro embrulhar-me numa manta.
- Pois, mas eu nem sei se um cobertor chegava para me aquecer.
- Acho que este Inverno ainda não tinha tido tanto frio.
- Tenho que desligar porque bateram à porta. Se não há mais nada por hoje, falamos amanhã.
- Até amanhã e obrigada pela lembrança.
- De quê?
- De mim, de te lembrares de saber de mim.
- Ohhh, se quiseres posso ligar-te todos os dias porque me lembro de ti todos os dias.
- Não será preciso. Amanhã e depois mais na outra semana, talvez. E revezamos. Ora liga uma, ora outra.
- Então está combinado. Até amanhã e espero que esteja mais quente. Afinal era um rapaz com catálogos para chegar ao correio. Consegui espreitar pela janela.
- Ainda espreitas a rua pela janela? Não tens vergonha?
- Não! Distrai-me e, além disso, não comento o que vejo, portanto não é vergonha nenhuma.
- Ih, ih, ih... até amanhã! Bom aquecimento!

2007-02-07

Atrás do tempo, tempo vem.

7 de fevereiro de 2007

Homens de fato e gravata saem e cruzam a rua movimentada.
Um outro homem estaciona o carro em cima da passadeira de peões e vai comprar uma botija de gás doméstico.
A desculpa é estacionar no menor espaço a percorrer com o peso da botija de gás.
Os peões... logo se vê como cruzam a rua.
O melhor é "contornarem" a sua passadeira por direito.
O melhor também é não serem atropelados porque, se o forem, perdem ainda a hipótese de tratamento pago.
Enfim, todos dão um jeitinho - bem à portuguesa.
Não há dúvida que tudo é mais agradável com a tolerância.
Hoje o céu também está tolerante.
Pelo menos para mim, porque sendo um dia de aguaceiros, tem sido possível andar na rua nos intervalos da chuva.
E dá imenso jeito esta tolerância da chuva.
Uns colegas faltaram por causa de problemas ósseos que se agudizaram com a chuva e o frio. Com o Inverno, resumindo.
Mas continuando a tolerância. Também nós, se tolerarmos o Inverno e todo o frio e mau tempo que ele traz, prosseguiremos para a Primavera.
Esta é mais apelativa pela temperaturas mais amenas; pelos dias maiores, logo seguidos de projectos adequados.
Um tempo segue outro tempo.
Melhores dias virão, se tivermos paciência para esperar e esperança para não desesperar.

2007-02-06

Amor desprendido

6 de fevereiro de 2007

Numa casa de vidro entra um homem e outro, muito magro e pálido, e ainda uma rapariga apática.
O primeiro homem cumprimenta os da casa e, seguido pelos outros, vai ver tudo o que pode.

Bisbilhotar, será o termo mais correcto.
A rapariga, envergonhada, quer ficar ali mesmo, na primeira sala.

A dona da casa tem pena dela e oferece-lhe alguns rebuçados ou bolinhos, enquanto espera.
A moça, muito tìmidamente, aceita então um caramelo e nem deita fora o papel.

Enrola-o devagar nas mãos e depois de feito "bolinha", segura-o na mão direita, enrolando-o cada vez mais.
Voltam os homens, satisfeitos por terem dado a volta à casa e deixando os donos algo espantados com o seu procedimento, saem pressurosos.

Ela, no entanto, não se mexeu. E eles voltaram atrás para a vir buscar.
Levaram-na meio arrastada e a dona da casa pediu até para a deixarem ficar.

Mas não foi mìnimamente ouvida.
Só a rapariga lhe sorriu, como em agradecimento. A dona da casa ficou aflita.

Não percebeu nada daquilo. O marido também não.
Não podendo fazer mais nada, envia-lhe, com muito esforço e coragem, um abraço de amor num ramo de flores.
E confirma que ela recebeu tudo. Noutro dia, volta a ver a tal moça, agora sozinha e ao longe, mas reconhece-a.
Consegue enviar-lhe outro abraço cheio de amor, pelo ar.

Desse amor desprendido, por todos os que precisam e que promove a libertação do ser.
Caiu-lhe no regaço e, a seguir, foi ela que se elevou no ar, toda cor-de-rosa e livre.
Enfim livre, para progredir na sua mais completa libertação e evolução.
Esperança sempre na chegada da boa hora para nós.

2007-02-05

Grupos

5 de fevereiro de 2007

Um miúdo agarrado por outras pessoas, desconhecidos e em grupo.

Outras pessoas prostradas no chão a pedir, a chorar e a clamar, ao seu Deus, pela libertação do miúdo.
Não tinha feito mal nenhum. Nem os seus pais ou parentes.
O que os familiares tinham feito, foi fazer frente a outros grupos semelhantes, em diversas ocasiões.
Fizeram frente, lutaram e sofreram para defender o que achavam justo.

Neste caso, era a paz e o trabalho livre, em prol do progresso.
Um progresso social e pessoal, evidentemente.
Nem hesitavam.

Saíam à rua e defendiam todos os que estavam a ser forçados por grupos como este, que sempre agiam em grupo para forçar as pessoas.
Quase sempre havia alguém que, individualmente, tentava enfrentar esses abusos de força.
Quantos inocentes, quanto povo, sempre a lutar pelo que consideram os seus direitos ou, pelo menos, pelo que lhes parece justo.
Perante as forças iluminadas pela razão, o miúdo foi libertado.

Deixado caído na rua.
Muito acorreram para o levantar e levar dali para sítio seguro.
Para segurança e luz, para todos se verem melhor e poderem vigiar por si e pelos familiares.

De noite como de dia.
Vigiar sempre pela luz nas nossas vidas.

2007-02-04

Antoine de Saint-Exupéry (Tonio) # "O essencial" - um dos conceitos para ler em O Principezinho

4 de fevereiro de 2007
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Apenas se vê bem com o coração.

O essencial é invisível aos olhos.


.in "O Principezinho"

de Antoine de Saint-Exupéry

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2007-02-03

Século XXI

3 de fevereiro de 2007

Visões falsas e visões verdadeiras. Símbolos da cruz em chamas.

Racismo. Símbolos religiosos. Profecias. Crimes.
Diferenças políticas.
Pessoas por terem ideias diferentes viram-se de costas, de uns para os outros.
No meio disto tudo, onde fica a tolerância?

Porque ela é apregoada e defendida como um objectivo à paz - sua instauração e sua manutenção.
Todos diferentes e todos iguais é um slogan publicitário muito bem aceite.

Entre a teoria e a prática, por vezes, sucede um abismo.
As guerras e as ameaças continuam.

A paz e a harmonia são reinstaladas, em muitos sítios, à custa de muitas vidas que se dedicaram a essa causa.
Mantê-las é depois ainda outro problema.
Vivemos no séc. XXI.
Depois de descobrir a electricidade, a purificação da água e dos ambientes.
Depois de descobrir as telecomunicações, diferentes tipos de ondas.
Depois de descobrir as vacinas, o laser, transplantes e curas.
Depois do homem se catapultar pelo espaço na direcção de planetas e asteróides.
Depois de enviar naves e sondas para pesquisas.
E depois de tudo isto acontecer no século anterior a este, o séc. XX, a humanidade ainda tem sede, fome e guerrilhas.
Será a ignorância ou este avanço tecnológico que não tem base efectiva de conhecimento moral?
Será uma pretensão elevar este século, ainda só com sete anos, a unificar a humanidade em sensibilidade e respeito mútuo?
Será então a realidade de um sonho. Tão simples quanto desejável.
Um desejável porvir.

2007-02-02

Palavras

2 de fevereiro de 2007

Poliedros parecem voar no espaço.

Ora são dourados, ora de diferentes cores, ora prateados ou transparentes.
As arestas é que tomam as diferentes cores.
Eles mantêm-se sempre transparentes no seu interior.
Voando ou "dançando" vão subindo como se fossem levados por um vento, como se subissem por uma estrada imaginária.
Oscilando em várias direcções, em pequena amplitude do seu eixo e rodando continuamente em si mesmos, vão-se afastando.
Não sei como mas este afastamento deve ser ilusório porque ora ficam pequeníssimos, ora se tornam enormes ao nosso olhar.
Isto não acontece ao mesmo tempo, porque uns estão pequenos e outros grandes na sua aparência.
Digamos que estas diversidades ocorrem em todos os poliedros, divergindo também em intervalos temporários e espaciais entre eles.
- Bom, fiz os possíveis. Que achas?
- Está óptimo! É mesmo isso tudo!
- Por mim, agradeço a tua descrição. Foi a inspiração para este quadro a óleo. E também para o meu dia. Gosto deste trabalho!
- Vais ter que lhe dar um título. Esse fica inteiramente à tua responsabilidade.
- Que posso dizer? Aceitam-se sugestões!
- Quimera! - gritou com força um miúdo, que se tinha sentado ali.
- Oh, pequenino. Sabes o que quimera quer dizer?
- Não.
- Mas a palavra é bonita e dá com o quadro.
- Está escolhido o título. Fica já assim.

2007-02-01

Sonhos

1 de fevereiro de 2007

Pensamentos correctos ou a correcção dos pensamentos.

Daí é possível chegar à moralidade da vida que se leva.
Ou se vai levando, conforme se pode.
- Sabes o que eu vi? Vi um céu azul estrelado, como se fosse dia, tal era a luz dessas estrelas. Depois elas desceram do céu e foram, voando, pousar nas coisas e pessoas e animais...
- Então? Mais nada?
- Estava a lembrar como era bonito. É que essas estrelas transformaram-se em bolas. E as bolas eram esferas. E as esferas noutras esferas transparentes, multifacetadas. Podes imaginar a quantidade de luz que transmitiam?
- Não sei, porque os teus sonhos revelam uma parte de mim de que só me apercebo quando ouço as tuas descrições.
Por exemplo, essas esferas fizeram-me lembrar que, no outro dia, fui a uma loja onde havia esferas multifacetadas para pendurar e servir de decoração, e eram particularmente úteis na dispersão da luz que provocavam.
Ao lado dessas esferas estavam pessoas a conversar e não pude deixar de ouvir. Diziam que em tudo, fosse mau ou bom, haveria algo a aprender e a reter para melhorar o futuro.
- Concordo, senão os dissabores ainda eram mais amargos, enjeitando melhores soluções no futuro.
- Achei, na altura, que a conversa não tinha senso naquele sítio de decoração. Agora, com o que contaste, penso que, pelo contrário, as esferas estavam ali a difundir novas luzes a partir da pequena luz de origem.
- É como ler um livro ou rever um filme. Há sempre algo novo na revisão das coisas, não é?
- Acho que sim, que é isso mesmo!