Amor desprendido
6 de fevereiro de 2007
Numa casa de vidro entra um homem e outro, muito magro e pálido, e ainda uma rapariga apática.
O primeiro homem cumprimenta os da casa e, seguido pelos outros, vai ver tudo o que pode.
Bisbilhotar, será o termo mais correcto.
A rapariga, envergonhada, quer ficar ali mesmo, na primeira sala.
A dona da casa tem pena dela e oferece-lhe alguns rebuçados ou bolinhos, enquanto espera.
A moça, muito tìmidamente, aceita então um caramelo e nem deita fora o papel.
Enrola-o devagar nas mãos e depois de feito "bolinha", segura-o na mão direita, enrolando-o cada vez mais.
Voltam os homens, satisfeitos por terem dado a volta à casa e deixando os donos algo espantados com o seu procedimento, saem pressurosos.
Ela, no entanto, não se mexeu. E eles voltaram atrás para a vir buscar.
Levaram-na meio arrastada e a dona da casa pediu até para a deixarem ficar.
Mas não foi mìnimamente ouvida.
Só a rapariga lhe sorriu, como em agradecimento. A dona da casa ficou aflita.
Não percebeu nada daquilo. O marido também não.
Não podendo fazer mais nada, envia-lhe, com muito esforço e coragem, um abraço de amor num ramo de flores.
E confirma que ela recebeu tudo. Noutro dia, volta a ver a tal moça, agora sozinha e ao longe, mas reconhece-a.
Consegue enviar-lhe outro abraço cheio de amor, pelo ar.
Desse amor desprendido, por todos os que precisam e que promove a libertação do ser.
Caiu-lhe no regaço e, a seguir, foi ela que se elevou no ar, toda cor-de-rosa e livre.
Enfim livre, para progredir na sua mais completa libertação e evolução.
Esperança sempre na chegada da boa hora para nós.
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