Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2007-09-30

Maria José Rijo # O Gato Pias – Perder e Ganhar

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Perder e ganhar são palavras tão correntes, tantas vezes repetidas a propósito de tudo e de nada que penso valer a pena meditar um pouco nelas.
Afinal, o que é perder e o que é ganhar?
Será que se ganha quando se pode por o pé sobre o peito do adversário deitado por terra, como é de uso ver nas fotografias de caça, mormente se a peça abatida tem peso e tamanho de vulto?
Será?
Será que alguém se pode considerar vencedor porque dispondo de poder como o caçador dispõe da arma subjuga e cala os adversários, será?
Então se assim é porquê a preocupação permanente de algumas pessoas em aproveitar a propósito e a despropósito circunstâncias de acaso querendo-as transformar em oportunidades – que em verdade não o são, e só colocam mal quem, sem sentido algum de conveniências, exibe o seu mau gosto, falta de educação, e falta de respeito pelos outros – para exultantes, pisarem no seu semelhante?
Será assim tão incontrolável a necessidade de se justificarem perante os outros, sendo, como se fazem crer, tão donos das verdades e das soluções?
Na realidade arrogância não significa segurança, nem certeza de coisa alguma.
Arrogância pode muito bem significar insegurança e medo, esforço irreprimível para abafar a incomodidade da consciência que jamais adormece...
Um vencedor não se define por falar de poleiro.
Nunca será vencedor quem nada acata dos sentimentos dos outros e faz e desfaz obras de outrém só porque detém o mando e quer, e pode, exibir a sua força.
Penso que não serão jamais esses os vencedores.
Vencedor é quem resiste.
Vencedor pode ser quem na aparência perde, mas luta, arrisca, sofre, suporta incompreensões, incómodos, grosserias, sarcasmos soezes, mas não se nega à luta de rosto descoberto.
Vencedor é quem entra na contenda sabendo que lhe falta a força, o poder, mas não dobra porque lhe sobra consciência dos seus direitos e dos seus deveres, da sua obrigação de não renegar aquilo em que acredita.
Pensava nestas e em outras coisas. Pensava, porque lendo jornais, escutando noticiários, até vendo novelas, a reflexão se nos impõe.
Apeteceu-me então, o que estou a fazer, chamar a atenção para a maneira como desde sempre, em todos os tempos alguns poderosos exerciam e exercem o poder.
Como a cobiça, a má fé, a perfídia, se podem dissimular sob falsas aparências. Vencer, ganhar...
Só cada qual sabe o que lhe vai no coração. Às vezes, quem morre vencido à luz dos homens é vitorioso à luz de Deus. O contrário também pode ser realidade.
O que não deixará porém duvidas a quem quer que seja – é que é sintoma de falta de carácter desrespeitar e achincalhar, a despropósito, um adversário vencido como se qualquer espécie de poder elevasse um Homem acima dos outros Homens.
Pensava assim quando com um sorriso me ocorreu a história do gato Pias.
Aprendi-a recentemente, mas não a esquecerei por certo.
Expulso de uma ilha grega onde habitava respondeu a quem incrédulo lhe perguntou: (vendo-o sem malas nem embrulhos) - então partes sem bagagem?
“Omnia mea mecum porto” (levo tudo comigo) respondeu sensatamente o gato.
Todos levaremos tudo connosco quando partirmos de vez. E, tal como o gato, não precisaremos nem de malas nem de relatórios, medalhas, condecorações, ou álbuns de fotografias das “maravilhas”que tivermos erguido neste mundo.
Apenas e sem hipótese alguma de escamotear – quaisquer que tenham sido os resultados – espectaculares ou nefastos – as nossas mais secretas intenções estarão sem disfarce possível como nossa única bagagem.
Levo tudo comigo – trazemos tudo connosco.
Omnia mea mecum porto.
Quer em latim, quer traduzida, a frase é curta – vale a pena fixá-la e
Meditá-la.
Vale mesmo a pena.
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in http://paula-travelho.blogs.sapo.pt/
de Maria José Rijo
(in Jornal Linhas de Elvas
Nº 2.555 de 12/5/00
Conversas Soltas)
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2007-09-29

Pensamento

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Na areia, já ao escurecer, está sentada uma mulher de vestido rosa-velho.
O céu está quase sem luz, já nem se vêem os reflexos do pôr-do-sol e a areia já não tem qualquer brilho.
E ela continua imóvel. Parece estar preocupada e vai falando baixinho.
Está a pedir alívio e salvação para os povos em guerra.
Para as pessoas de qualquer condição e para novos e velhos.
Pede pelas mulheres, pelos homens.
Continua a pedir por todas as raças, de qualquer país.
Vai pedindo alívio para os doentes, para os que não entenderam nada.
Para todos os que sofrem.
Pede alívio para o planeta em toda a sua extensão, conhecida e desconhecida.
Pelo equilíbrio em todos os lugares.
E, finalmente, pede ajuda para ela.
Ajuda no entendimento e compreensão das atitudes que deve corrigir em si mesma, para não prejudicar ninguém nem sequer com o pensamento.
Ou, sobretudo, pelos pensamentos.
A verdade é que todos somos o que pensamos.

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Gauguin

2007-09-28

Quem sabe?

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- Estamos todos num salão com tecto abobadado e…
- Prefiro dizer salão com o céu lá dentro.
- Oh…! e somos de origens diferentes que se notam pelas diferenças de raças.
- Mas todos estamos ali pela mesma razão: conhecer como podemos ser melhores e aproveitar a licença que temos de viver aqui, ou ali (tanto faz)!
- Gera-se o convívio entre as pessoas. Primeiro entre as do mesmo grupo e depois entre os outros grupos, ultrapassando as barreiras linguísticas. A serenidade e a vontade de saber, de entender, esbatem a timidez e a diversidade de estilos. Começam por comentários simplistas sobre o modo de estar na vida e continuam pelos sentimentos de culpa, pelos erros que se cometem, inclusive, em pormenores de toda a hora.
- Mas eles não se mexem, pois não?
- Ah, também estás neste sonho? Pois não, não precisam de se mexer porque isto é tudo mental.
- Queres dizer mentalização, hipnose, essas coisas…
- Não! Quero dizer isto mesmo! Eles falam mentalmente!
- Hum…! Perde um bocado a piada, não achas? Lá se vai o cafezinho, os passeios…
- Acho que o querer aprender deles é superior a tudo isso. Estou até convencida que nem hesitam na escolha!
- Talvez um dia, quem sabe, até eu chegue lá?
- Talvez…eu também…
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Alfons Mucha

2007-09-27

Para lá do arco-íris

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Uma sala que já esteve cheia de gente, agora está vazia e sem mobília; só restou o vazio e as paredes.
No meio do espanto com a nova situação, a porta, que ficou entreaberta e pela qual entrava a luz do sol, abriu-se mais um pouco e deixou entrar um cão.
É um cão pequeno e rafeiro, muito curioso e mexido, que vai entrando pela sala vazia até olhar para mim.
Eu continuava olhando para as persianas que estavam completamente corridas, para as janelas enormes, que agora não deixavam entrar a luz.
Havia pó no chão de mosaicos. A sala, que poderia ser utilizada como loja, estava nesse estado desolador de abandono.
Parecia mentira, impossível mesmo.
Foi lugar de conferências regulares, de luz, discussões (por vezes acesas) ou seja, um lugar de vivacidade e eloquência cultural.
Um lugar querido por muitos que se sacrificaram, anos a fio, para aculturar os menos afortunados de meios.
Foi um lugar de devoção e caridade pela cultura e educação de muitos.
Como habitualmente, os problemas surgiram com os novos dirigentes que chegaram para criar a sua própria fama, etc.
Uma pena que a ambição de pessoas simples seja depois ultrapassada por ambição de interesses mundanos de poder.
Mas dias virão que, novamente, se iluminarão de pensamentos humanistas pois, como dizem os versos de uma canção lindíssima, “algures, para lá do arco-íris, há céus azuis e os sonhos que ousamos sonhar tornam-se realidade”.
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Over the Rainbow

© 2007 Yoshitomo Nara

2007-09-26

Harmonização

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- Oportunidades em cada dia que passa, todos temos e das mais variadas.
Mas a maior parte delas (senão todas) não as percebemos nem as entendemos.
Às vezes, passados dias, ou meses, lembramos que já estivemos antes naquela situação, mas não lhe demos tal interpretação.
- Ah, ah! A isso chama-se falta de perspicácia!
- Pois… mas também pode ser distracção de si mesmo! Ser daqueles que não procura nada para si a não ser passar pelos dias da sua vida, o mais feliz possível.
- Mas depois queixam-se que outros lhe passaram à frente…
- Não há só oportunidades mundanas. Também há oportunidades morais! De acerto de pensamentos salutares em si mesmo, na confiança das suas capacidades e na esperança nas boas capacidades dos outros.
- Ihhh, o que para aí vai…
- Pois mas é mais saudável pensar bem dos outros e de si. Se não se conseguir acreditar que os que nos rodeiam têm mérito, então a vida é um beco sem saída que só tem isolamento e angústia.
- É o estar só no meio da multidão, do poeta!
- E essa solidão só tem bom resultado se servir para pensar e decidir que mais vale estar em harmonia do que julgar-se único na sociedade.
Porque ninguém detém a verdade total (ou pura) de nada. Tudo é relativo, tudo está em contínua e permanente mudança.
Por isso e na maior parte das vezes é suficiente e necessário estar em harmonia mais do que estar certo, desde que prevaleçam os valores morais entre todos.
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Renoir

2007-09-24

Memória

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- Há músicas, pormenores (desde cheiros a sabores) que produzem um “clique” na memória.
Tudo o que fizemos, observámos com mais ou menos atenção, tudo o que olhámos e tudo o que vimos, tudo o que ouvimos, enfim, rigorosamente tudo, fica registado em nós.
Acontece que, em dado momento, algo nos recorda um acontecimento a que nem sequer demos importância e, no entanto, ele aparece como um filme na nossa mente.
É incrível a quantidade de coisas que somos capazes de acumular sem o perceber.
É também evidente que isso traz vantagens, desde que sejamos capazes de seleccionar a nossa atenção.
- Mas isso é verdadeiramente difícil e, sobretudo, trabalhoso.
- São exercícios de paciência diários e de vigilância constante.
São exercícios que demoram tempo – geralmente anos – e que, à menor distracção, parecem escorregar para o princípio, para o primeiro dia das nossas tentativas.
Porém, quando passarem anos e olharmos para trás, estamos irreconhecíveis de nós próprios, mesmo sem ter alcançado a disciplina da atenção a que nos dedicamos.
- E chamas a isso o quê?
- Eu? Bem… posso chamar-lhe renovação de mim em mim!
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. Memories of a Delicious Melon
© Juan Kelly

Atitudes

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Restos de matrículas, transferências, requerimentos, enfim, assuntos escolares a terminar as burocracias para começarem as aulas.
Novas turmas, novas camaradagens e grupos.
Novos livros, disciplinas e novos professores também.
Novos projectos e redimensionamento de interesses.
Ocupação de tempos mais ou menos livres.
Horários e disciplina (agora mental) para os cumprir.
Mas aparece sempre uma razão, uma desculpa, para não os cumprir.
A princípio é só um pequeno atraso de cinco ou dez minutos.
Depois quinze a trinta, seguidos da atitude de “já não vale a pena. Até é uma vergonha entrar agora!”
E a um dia seguem-se dois ou três, ou uma semana e o relaxe instala-se onde estavam sentimentos de disciplina e de correcção de atitudes.
Depois, se há falhas em algumas coisas, também não vale a pena o esforço para outras, até porque já ninguém acredita que se concretizem.
E está o espaço criado para o completo relaxe de atitudes.
Contudo, as coisas podem não ser assim.
Há sempre maneiras de voltar à correcção dos modos. De ser digno da confiança dos outros.
De ser digno de si mesmo e do esforço em melhorar.
E se alguém fala porque não sabe o que diz, pois que fale sozinho.
Também há pessoas que falam sem saber o que dizem e, um dia, acordam com novas perspectivas de si mesmos e das suas possibilidades.
Uma coisa é certa: todos (mas todos, mesmo!) somos capazes de ser melhores do que somos e bem melhores do que parecemos!
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Almada Negreiros

Mural (pormenor) da gare marítima da Rocha de Conde d'Óbidos em Lisboa

2007-09-23

Sá de Miranda # Comigo me desavim

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Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.
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Com dor, da gente fugia,
Antes que esta assim crescesse:
Agora já fugiria
De mim, se de mim pudesse.
Que meio espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?
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de Francisco Sá de Miranda
(1481-1558)
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2007-09-22

Relações

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Em qualquer raça, em qualquer povo, os grupos formam-se com a constituição da família: pais e filhos.
Das relações entre eles podem suceder-se entendimentos que facilitem a produção de trabalho útil e prosperidade de pessoas e bens.
Destas boas relações sucedem-se ainda a continuação das famílias, casamentos e constituição de mais famílias.
Nestas situações subsiste uma regra valiosa que é a liberdade de cada um acabar no momento em que começa a liberdade de outrem.
Com a propriedade e os bens... convém às partes interessadas chegar a consenso e vantagens semelhantes.
Do bem-estar e do bem-deixar-estar decorre a felicidade e a paz.
Porque nada é de ninguém.
Conforme se nasce, assim se morre – individualmente e despido de tudo.
Convém que, nessa altura, haja o sentimento da validade da vida de cada um e do bom exemplo que se deu e deixou nas memórias daqueles com quem nos cruzámos.
Sentir que valeu a pena viver os momentos bons e os mais amargos e concentrar a atenção no fortalecimento moral de cada um.
Evoluir sempre para um amor fraternal e tolerante para todos – sobretudo para os mais desconcertantes.

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Composição VIII (de 1923)
Kandinsky

2007-09-21

Trabalho administrativo

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As tarefas administrativas são o eixo que permite o movimento de pessoas e produtos.
Os empregos são assim, tanto têm de trabalho produzido como de papelada para o gerir: gerir os dias de trabalho, a manifestação de serviços como a limpeza, bens de consumo diário, melhoria de instalações.
Gerir os materiais, sejam de utilização diária e individual, sejam de matérias-primas ou máquinas para produzir e fazer lucrar todos – empresas, postos de trabalho e distribuição de produtos úteis aos outros – directa ou indirectamente.
Na parte administrativa trata-se de tudo e, apesar de parecerem pessoas mais ou menos activas, todos têm trabalho para fazer sem descanso.
Porque tudo tem que ser feito, inquirido e confirmado.
E a confirmação tem que ser feita várias vezes porque, mesmo assim, há falhas de entrega, de distribuição ou simples marcação de lugares e espaços.
Hoje em dia, neste corre-corre que transforma as pessoas mais desprecavidas em máquinas que não pensam e que só repetem acções, há sempre um papel sem um selo ou um carimbo.
Secretariados, recepções, tesourarias, direcções – com ou sem o auxílio de um computador, telefone fantástico e fotocopiadora/impressora – continuam a ter os problemas antigos.
As pessoas são outras e atendem mais centenas de outros assuntos que as gerações mais recuadas, mas as falhas continuam sensivelmente as mesmas.
Presume-se que a questão se põe no modo de pensar, que não está sintonizado com a maioria.
Talvez fosse útil mais diálogo entre todos e mais troca de opiniões.
Ou talvez fosse mais útil calarmo-nos todos e seguir em frente, percorrendo cada um o seu caminho!

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Copista

S. Marcos - Constantinopla, Séc. XII

2007-09-19

Conhecer

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- Falar, ensinar, partilhar ou calar. Qual é a tua opção?
- Hã? O quê?
- É para escolheres!
- Isso depende das circunstâncias. Uma vezes fala-se, outras não! Outras vezes fala-se explicando tudo; outras, apenas se justifica o essencial. Depende!
- E depende de quê? Da disposição, do dia, do assunto, da pessoa que se tem à frente?
- Sei lá! De tudo um pouco! Há coisas que até nem vale a pena responder! E há pessoas a quem é preciso explicar tudo muito bem! Etc, etc.
- Volto à questão inicial. De tudo isso, o que preferes tu fazer?
- Posto assim… se ficar calada, dá menos chatice!
- Isso não é preferência, é omissão!
- Mas estava na tua lista, não estava?
- Estava porque devia estar, como em qualquer análise de situação deve contemplar-se o sim e o não!
- Ahh! Só para fazer figura! Mas ainda continuo a preferir a economia de meios!
- Bem, eu tenho que dizer que gosto de explicar e gosto de encontrar quem queira saber! Aliás, de quem deseje saber e querer trocar opiniões. E…
- E encontras gente que te oiça?
- O interesse em ouvir é conhecer, porque é pelo conhecimento das coisas (das mais variadas) que se evolui na educação da personalidade!
- Pois… mas, hoje em dia, toda a gente acha que sabe tudo!

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Rapaz e Buda

Fotógrafo: W.L.H. Skeen (1847-1903) circa: 1870
© Museum of Asian Art

2007-09-18

Criança menina-mulher

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Era uma criança com outra, só que muito mais pequena.
Uma menina-mulher de 11 ou 12 anos apenas, bonita e simples como só se pode ser nessa idade.
Sobretudo quando a paisagem à volta é turbulenta, de guerrinhas entre grupos, que assolam populações pobres.
Rapariga forçada a ser mulher por qualquer desvario desconhecido e vagabundo.
Algo fica, não “resto” que os restos são desperdiçados e o que fica não é desperdício.
Mas uma rapariga tão jovem sofre suplícios, sem assistência e ainda com medos e fome a fazê-la tremer ainda mais.
Outras mulheres, mais velhas e experientes, juntam-se para a ajudar e a essa reunião e barafunda de opiniões seguem-se horas dolorosas. Das maiores dores que se podem sentir.
Parecem chorar os dois seres, o de dentro e o que lhe deu guarida meses a fio.
Meses de trabalho constante, de fome permanente, de refúgios sonhados sempre – acordada ou a dormir.
Tanta desgraça, tanto esforço no meio de tanta amargura de vida; como um sol brilhante de esperança, chora já um recém-nascido que colocam em cima da barriga da mãe, valente criança-jovem mãe.
Ele vem com olhar vivo de esperança. As mulheres olham com dúvidas e a sua mãe olha-o entre o alívio das dores e o espanto de dias tão diferentes para viver a partir daí.
Ela, que precisa de ajuda e protecção para sobreviver, vai alargar o olhar e o sentir para englobar nela mesma outro mais necessitado de protecção.
- Acho que não pode dar mais porque está a dar até bem mais do que tem!
- Ohh, mas ela consegue!

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Crianças na guerra civil espanhola (1936-1939)

Fotógrafo desconhecido

2007-09-17

Os sons

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- Os sons, as palavras, as músicas e outras expressividades sonoras como o assobiar, o tamborilar ritmos são também sugestões individuais e de grupo.
São usados (os sons) para tratamento de depressões e problemas de saúde vários, assim como para relaxamento e tratamentos de estética.
Os sons podem funcionar como meio unificador das mentes se alguém o pretender. Os efeitos terapêuticos, por vezes, ultrapassam a melhor das expectativas. Aliás, como tudo o que é agradável – sejam cores, perfumes, etc.
A mente descontrai, o corpo relaxa e as pessoas sentem-se felizes “por dentro”.
Reportamo-nos, claro, a sons melodiosos e suaves.
- Sim, eu estava precisamente a lembrar-me de casos exactamente opostos, como os de tortura!
- Evidentemente, tudo tem sempre duas faces. Mas aqui tratamos o lado positivo, o da qualidade de vida! Inclusive casos de isolamento e de deficiência, encontram rapidamente caminhos de cura ou de consideráveis melhoras por terapias musicais.
- Bem hajam os artistas!
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A Flauta Mágica

de Mozart


Verso e reverso

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- Trovoadas e ventos!
- Não, não. Calor ofegante, isso sim.
- Exactamente! Calor ofegante porque estão aí as trovoadas. Não sentes a electricidade no ar?
- Bem… não! Mas até gosto assim! São dias de preguiça, não são para trabalhar.
- Todos os dias são de trabalho, a não ser que se esteja doente. O trabalho dignifica as atitudes.
- As atitudes!? E como?
- É assim o que eu penso. O trabalho mostra a nossa utilidade na vida, em relação aos outros. Isto é, servimos, ou não, para melhorar a vida dos outros com uma tarefa que promove sempre a nossa dinâmica e nos valoriza porque com o dinheiro que ganhamos podemos ser independentes. E independência é liberdade. E, pela liberdade, vale sempre a pena o esforço.
- O problema aí é outro. É que geralmente as pessoas querem mais e querem adquirir coisas além do que podem gastar… e então vai de pedir empréstimos!
- Isso não tem que ser forçosamente mau!
- Para quem sabe gerir o dinheiro do mês pode ser ajuda benéfica, senão pode ser uma desgraça!
- Sempre os dois lados de ver as coisas.
- Bem… e lá estamos nós outra vez no início da conversa!
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.Denário de prata

Cunhado nos anos 2 a 4 d. C. (depois de Cristo)

2007-09-16

Cassiano Ricardo # Rotação

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a esfera
em torno de si mesma
me ensina a espera
a espera me ensina
...........a esperança
a esperança me ensina
uma nova espera
a nova espera me ensina
de novo a esperança
.................na esfera

a esfera
em torno de si mesma
me ensina a espera
a espera me ensina
...........a esperança
a esperança me ensina
uma nova espera
a nova espera me ensina
de novo a esperança
.................na esfera

a esfera
em torno de si mesma
me ensina a espera
a espera me ensina
...........a esperança
a esperança me ensina
uma nova espera
a nova espera me ensina
de novo a esperança
.................na esfera

.Cassiano Ricardo
In “Jeremias Sem-Chorar”

2007-09-15

Nevoeiros

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Nevoeiros de manhã e ao anoitecer, alargando as horas das noites.
São os Setembros de hoje iguais aos Outubros de há uns tempos atrás.
O tempo corre mais rápido ou nós percorremos mais rapidamente os anos das nossas vidas.
Seja como for, o principal é aproveitar o que a vida tem de bom e dar a todos os que nos rodeiam o melhor de nós.
Vivemos numa sociedade em que se faz publicidade, a toda a hora, de mil e um produtos que favorecem o bem-estar, o bem-parecer.
O bem-sentir, contudo, é sempre uma construção individual e do interior de cada um.
Em contrapartida, a paz interior que se encontra não tem preço e é garantia de muito trabalho e dedicação pela sabedoria de viver.
Que seja possível, a cada um de nós, imitar a terra que transforma o carvão em diamante e assim viver cuidadosamente a vida que cada um tem para viver.
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Toulouse-Lautrec

O Segredo

2007-09-14

A culpa e o remorso

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Anos e anos mantendo um sentimento de culpa pela morte de outro – um amigo.
Desejou-lhe a morte para se livrar dele, da sua presença, que se tornara incomodativa.
Gostavam de coisas diferentes e, nessa concorrência, ficava sempre para o mais velho deles a escolha.
O capricho ou a amargura, a pena de si mesmo ou a impaciência fizeram o resto. E o amigo morreu de doença grave e algo prolongada.
No dia que lhe anunciaram a morte, sentiu-se gritar por dentro.
Sentiu um desespero que nunca tinha sentido e, em instantes, reviu as suas atitudes egoístas.
Afinal admirara sempre o amigo pela sua rectidão, pela sua alegria franca, pelo apreço que todos lhe devotavam.
Tinha figura e carisma a condizer. Enfim, nada a apontar.
Então como fora possível essa atitude, essa má vontade de querer livrar-se dele e por isso – apenas por isso – desejar-lhe a morte até em rezas?
Incompreensível, a não ser que estivesse louco.
A culpa e o remorso doíam-lhe constantemente. Jurou não voltar a desejar mal a nada nem a ninguém.
Um dia, anos passados, sonhou acordado (porque parecia um sonho, mas ele sabia que estava acordado) que o amigo estava ali à sua frente a perdoar-lhe e a pedir a Deus por ele mesmo, que lhe perdoasse tanta ignorância.
Ignorância do mal que, afinal, tinha feito a si mesmo: o remorso não o deixava viver!
- Agora (dizia-lhe o amigo), tens que transformar esse remorso em amor fraterno por todos os que erram como tu!
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Leão

Rembrandt

2007-09-13

Manias?

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- Mania de querer que os outros e todas as coisas sejam ou estejam em conformidade com a sua opinião ou dedução.
- Isso é o princípio dos ditadores, não é?
- Deve ser! Realmente denota uma imensa vontade de dirigir a seu belo prazer. O que não quer dizer que os pensamentos não sejam um final de muitos pensamentos e raciocínios alternativos que, por dedução, confluam em determinado pensamento.
- Não é isso que está em causa, pois não?
O que interessa é a falta de condescendência para outras opiniões por não serem iguais à sua ou por nem sequer terem ocasião de ser formadas.
- Há quem considere isso apenas falta de concentração ou disciplina mental. Isto é, se a pessoa direccionar a sua atenção para o seu próprio trabalho, exteriorizado em algo material ou interiorizado em pensamentos lógicos, não interessa o que os outros fazem.
- Hãã…? Egocentrismo puro?
- Não, não! Simples concentração! A atenção está naquilo que é capaz de discernir ou produzir. Os outros interessam para ajudar se necessitarem. Ou confraternizar em relato de ideias. Não no sentido de progredir nas conclusões ou dar a conhecer as suas.
- Entendi! Não mais que a procura incessante da qualidade que pode imprimir ao que se idealiza.
- Precisamente! Seguindo esse objectivo o mais consciente possível – o da sua significância e insignificância no universo!
- Pois sim… será isso… então…hum… talvez sim!
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Joan Miró

2007-09-12

Um dia calmo

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Um dia calmo, sem trânsito nem o movimento das pessoas que já se devem ter dirigido para as praias.
Um verdadeiro sossego de ruídos.
É incrível como a nossa casa se transforma nestes dias, apesar de estar no mesmo sítio, ao lado das mesmas lojas e das outras casas.
Parece que não existe mais nada a não ser o tal “som do silêncio.”
É bom assim (não digo para sempre) mas como variante.
O tempo parece alargar os minutos e as horas rendem mais.
E o trabalho torna-se até mais perfeito.
Não é possível ser tudo isto à conta da tranquilidade e do silêncio. Ou é?
A verdade é que esta paz que se faz sentir em redor facilita o concentrarmo-nos e, como tal, o trabalho não é tão cansativo como é costume, para as mesmas tarefas.
O telefone não toca nem interrompe nada; não há barulhos que distraiam ou que provoquem um esforço de concentração…
Enfim, tudo é mais fácil e, como tal, mais rápido e descansado.
No meio de tudo isto, a conclusão é que sempre sossego, também não!
Dá gosto o élan do movimento, a concorrência saudável.
Portanto – e como sempre – a variedade traz qualidade e vivacidade.


Gathering Flowers In A French Garden

Childe Hassam

2007-09-11

O alento

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Alguém está caído no chão. Não sei se no chão de uma casa, ou de uma rua, ou ainda de uma estrada.
Parece ser uma mulher e, de cada vez que tenta levantar-se, cai.
Usa uma túnica e tem um aspecto ainda jovem. Resolve arrastar-se para conseguir mover-se.
Não vê ninguém por perto e vai chorando. Não grita nem soluça.
Simplesmente lhe vão caindo lágrimas enquanto vai murmurando, lentamente, algumas frases.
São essas palavras que lhe dão alento e é com elas que se vai movendo.
Quando pára de falar também param os seus movimentos. Mesmo na sua lentidão, pára.
Não é reza nem prece. Parecem mais versos ou palavras de esperança relacionadas consigo própria.
Ou seja, não são frases conhecidas, mas parecem fazer muito sentido para ela.
Por vezes arrasta-se mesmo, mas no meio do deserto em que se encontra (já não é, de todo, o chão de uma casa), começam a despontar umas ervas rasteiras à sua frente.
Ela aproveita para se ajudar a si própria a avançar, agarrando-as.
Após o que pareceram horas dessa angústia, ela senta-se sobre as suas pernas dobradas, levanta um pouco a cabeça e abre um pouco mais os olhos, até aí semicerrados.
Finalmente ouve-se o que ela diz, à luz forte do sol: Graças à força infinita do amor!



Igreja de Zuidbroek, Holanda

Escultura Mater Dolorosa (fragmento)

2007-09-10

O instinto

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Sabes que assim como o corpo se divide em partes, também a mente se divide em partes.
Dito assim de modo simples, com palavras simples.
Não, não é porque não possas entender o vocabulário mais utilizado para este tema, mas porque isso iria antes complicar o que é tão simples.
Continuando… na mente temos a inteligência racional ou de raciocínio.
E temos a consciência, ou melhor, as consciências. Há uma delas que nos dá, a todos, muito trabalho.
Sim, Trabalhinho! Desse meticuloso e ao pormenor.
Sim, esse mesmo, o das miudezas, pois!
Muita gente até lhe chama instinto.
Não, não é o dos pressentimentos.
Não, chamam-lhe instinto porque, antes de racionar, já fizemos um juízo de valor.
E, na maior parte das vezes, sem grande valor. Daí, o tal trabalho que dá educar, explicando muito bem à nossa primeira consciência que não devemos pensar assim porque todos têm direito a mais oportunidades.
Pois, nós próprios também.
E quando ajuizamos precipitadamente, estamos a negar qualquer melhoria e adaptação dos outros, das coisas e de nós mesmos, à evolução.

À oportunidade que cada novo dia nos dá.
Exactamente, isso é a vida – uma oportunidade em cada dia, a cada momento…
Sim! É isso mesmo… de renovarmos as possibilidades de sermos felizes!

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Fragmento de tecido de seda
Pérsia, séc. XVII - Museu Calouste Gulbenkian

2007-09-09

Stephen Hawking - Breve História do Tempo

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Portanto, se acreditarmos que o Universo não é arbitrário, mas sim governado por leis definidas, ter-se-á finalmente que combinar as teorias parciais numa teoria unificada completa que descreva todo o Universo. … … … … …
… … : as nossas descobertas científicas podem perfeitamente acabar por nos destruir a todos e, mesmo que o não façam, uma teoria unificada pode não fazer grande diferença quanto às nossas hipóteses de sobrevivência. Contudo, desde que o Universo tenha evoluído de modo regular, pode esperar-se que a capacidade de raciocínio que nos foi dada pela selecção natural seja válida também na nossa busca de uma teoria unificada, não nos conduzindo a conclusões erradas.
Como as teorias parciais que já temos são suficientes para fazer predições exactas em todas as situações, excepto nas mais extremas, a busca da teoria definitiva do Universo parece de difícil justificação em termos práticos. (De nada vale, no entanto, que argumentos semelhantes possam ter sido utilizados quer contra a relatividade quer contra a mecânica quântica, e estas teorias deram-nos a energia nuclear e a revolução da micro-electrónica!) A descoberta de uma teoria unificada, portanto, pode não ajudar à sobrevivência das nossas espécies. Pode mesmo nem afectar a nossa maneira de viver. Mas desde a alvorada da civilização, as pessoas não se contentam com ver os acontecimentos desligados e sem explicação. Têm ansiado por um entendimento da ordem subjacente no mundo. Ainda hoje sentimos a mesma ânsia de saber por que estamos aqui e de onde viemos. O mais profundo desejo de conhecimentos da humanidade é justificação suficiente para a nossa procura contínua. E o nosso objectivo é, nada mais nada menos, do que uma descrição completa do Universo em que vivemos.
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in “Breve História do Tempo”
de Stephen W. Hawking

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2007-09-08

Felizmente

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O céu, o sol, a terra e o mar são paisagens maravilhosas de Portugal.
Um país que a natureza marca pelo esplendor da paisagem e do clima.
Olhando para longe, como querendo prolongar o horizonte, um casal jovem conseguia prolongar a beleza do que a vista alcançava.
Felizmente que, hoje em dia e um pouco por todo o lado, há já muita sensibilidade pela preservação de zonas ambientais.
Felizmente também que já não se vêem tantas pessoas a jogar objectos no chão, em vez de se deslocarem até ao lixo mais próximo para os deixar.
Felizmente, ainda, que já não se vêem tantas pessoas a deitar objectos sujos nas águas das praias ou ao mar, como se ele fosse um enorme contentor.
Mas todos sabemos que ainda há muito a fazer pela educação cívica e a poluição ambiental.
A internet e a televisão têm sido, nos últimos tempos, as grandes educadoras das massas populacionais – tanto das mais novas como das mais velhas.
Com esperança e fé na humanidade, creio que tudo poderá melhorar e em curto espaço de tempo.
Penso até que a maioria das pessoas já está cansada de tanto desprezo pela natureza e uns vão educando outros pelo exemplo vivo.
O futuro a todos diz respeito e nesse futuro parece estar a ventura de todos nós e do ambiente em que vivemos – disso, pelo menos, parece já não restarem dúvidas.
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Clear Water

© Sergio Segantin

2007-09-07

Perspectivas

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Um passeio de helicóptero permite ver a paisagem de modo e de perspectivas completamente diferentes do habitual para a maioria.
Todos os tipos de transporte são úteis e cada um dá a sua perspectiva nas viagens que empreendemos.
Horários e trabalhos são deveres, e felizes os que os têm e ainda mais felizes os que se sentem úteis ao próximo e a si mesmos.
As várias visões e perspectivas que vamos tendo nas nossas vidas, permitem também viver com conhecimentos mais complexos.
O conhecimento é então um entendimento em escala alargada. E a vida floresce de vidas das quais, durante anos, não tivemos consciência.
A vida, nas diferentes acepções conhecidas, mais as que se prevêem vir a ser descobertas, dão uma perspectiva de cada mundo que as rodeia e onde se inserem.
O respeito pelas outras vidas é também o respeito pela nossa própria, em todos os níveis que se desdobram.
- Ora aí está uma conclusão interessante: respeitar os outros é, enfim, respeitar-se a si próprio como um ser íntegro e conhecedor de si.


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2007-09-06

Respiração

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Praias com mar calmo e céu enevoado. Enfim, um Verão alterado e instável.
Manhãs de preguiça e tardes de bom trabalho. São vantagens de quem trabalha por turnos.
Porque quando calha a trabalhar as manhãs e princípios de tarde, os fins de tarde, geralmente, não são de preguiça mas de corre-corre no aproveitar das horas.
Neste caso essas horas incluem os filhos que estão a sair das escolas e fazem-se compras em pequenos grupos.
O trabalho e a família devem fazer uma boa simbiose pois grande parte da nossa felicidade reside no bem-estar em casa e fora dela.
A saúde ocupa outro lugar de destaque, complementado com um modo de vida saudável.
Estas componentes ajudam a estar em paz consigo próprio e promove a alegria e a paz com os outros.
- A mim, o que me dá muito resultado são as técnicas de respiração. É como se o meu interior também ficasse leve e feliz: a tal paz interior.
- Há quem defenda que a prática de técnicas de respiração promove a oxigenação de todos os órgãos, músculos e canais internos que irrigam e influenciam todo o nosso organismo. Daí a sensação de bem-estar, porque o oxigénio vivifica até as partes menos usadas, como alguns músculos, por exemplo, em virtude de adoptarmos certas posições em detrimento doutras.
- E o melhor de tudo é que podem praticar-se em qualquer sítio, com mais ou menos tempo.
Afinal, uma oportunidade tão simples de nos auto-ajudarmos energeticamente.
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Profundidade Escondida

2007-09-05

Amor e desapego

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Pais e filhos, por vezes, nutrem sentimentos de grande amor e carinho que levam a excessos.
Nestes casos, os excessos costumam ser por quase devoção e certo aprisionamento das liberdades individuais.
Evidentemente que isto é comparável a excessos por amor como por ódio.
Por vezes esses sentimentos de amor – dos mais belos que existem – são laços tão fortes que nem pais nem filhos sentem grande liberdade em afastamentos para escolas ou trabalhos em cidades mais distantes.
Há uma certa necessidade de aprovação do outro pelos actos do primeiro, e toda a vida gira em torno deste eixo de querer agradar, e o estar perto é uma necessidade.
O desapego, também sem excesso, é uma atitude correcta e que deveria ser fomentada sobretudo se há boa saúde, pois nada deveria alterar a normalidade dessas vidas.
O desapego ajustado no relacionamento carinhoso permite a liberdade de movimentos, de vivências sem culpas e um modo mais correcto de viver.
O amor, se considerado excessivo no relacionamento familiar, poderia ser ampliado ao resto do mundo e transformar-se em qualidade e dádiva para os mais carenciados.
Mesmo que nunca se tenha pensado nisso, há muita gente que não faz ideia sequer do que é um amor fraterno, daquele que não quer nada em troca e para o qual a simples visão de um sorriso de bem-estar já é recompensa que basta e sobeja.
O amor já foi cantado, pintado, esculpido, mas o ideal era ser sentido e vivido por cada um, em todas as famílias – próprias ou adoptivas – pois ajuda a viver cada dia com uma nova luz de esperança.
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The Letter
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© http://www.wildskiesgallery.co.uk/
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2007-09-04

Bela é a criação

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- Sabes que há, pelo menos, dois modos de entender todas as coisas: a interpretação masculina e a feminina.
- Ahahan! É um ponto de vista! Reconheço que ainda não tinha visto as coisas por esse prisma.
Mas faz sentido, faz… Aliás, deve ser por isso que, lá em casa, há sempre diferenças.
- Ou melhor, todos somos úteis mesmo nas diferenças que, se forem respeitadas, podem levar a melhores soluções.
O mesmo acontece na natureza e no seu equilíbrio. Isto porque o Homem não ajuda muito. Contudo ultimamente assiste-se a um esforço para respeitar a natureza e as suas obras.
- Se calhar porque ela mostra agora a força bruta para se reequilibrar. Por isso assistimos a estas alterações de clima que provoca tanta desgraça para as populações.
- Sim, ver um noticiário, hoje em dia, faz impressão. Às vezes parece que está tudo louco ou desvairado.
- De qualquer modo também se vêem reportagens com imagens lindíssimas ou divulgando situações que ilustram sentimentos elevados.
- E são essas que nos iluminam os dias de esperança na humanidade.
- Sobretudo com a tal dicotomia do feminino-masculino. Os dois têm características úteis e belas, mesmo quando parecem opostas.
- Bela é a criação!

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Modelo quadridimensional do Universo em expansão

retirado de Wikipédia