Para lá do arco-íris
Uma sala que já esteve cheia de gente, agora está vazia e sem mobília; só restou o vazio e as paredes.
No meio do espanto com a nova situação, a porta, que ficou entreaberta e pela qual entrava a luz do sol, abriu-se mais um pouco e deixou entrar um cão.
É um cão pequeno e rafeiro, muito curioso e mexido, que vai entrando pela sala vazia até olhar para mim.
Eu continuava olhando para as persianas que estavam completamente corridas, para as janelas enormes, que agora não deixavam entrar a luz.
Havia pó no chão de mosaicos. A sala, que poderia ser utilizada como loja, estava nesse estado desolador de abandono.
Parecia mentira, impossível mesmo.
Foi lugar de conferências regulares, de luz, discussões (por vezes acesas) ou seja, um lugar de vivacidade e eloquência cultural.
Um lugar querido por muitos que se sacrificaram, anos a fio, para aculturar os menos afortunados de meios.
Foi um lugar de devoção e caridade pela cultura e educação de muitos.
Como habitualmente, os problemas surgiram com os novos dirigentes que chegaram para criar a sua própria fama, etc.
Uma pena que a ambição de pessoas simples seja depois ultrapassada por ambição de interesses mundanos de poder.
Mas dias virão que, novamente, se iluminarão de pensamentos humanistas pois, como dizem os versos de uma canção lindíssima, “algures, para lá do arco-íris, há céus azuis e os sonhos que ousamos sonhar tornam-se realidade”.
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Over the Rainbow
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