Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2008-04-30

Atendimento

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Atendimento. Todos queremos e gostaríamos de ser atendidos. Bem atendidos.
- Atendidos?
- Sim. Atendidos nos nossos problemas. Poder ir a um lugar apropriado para
aquelas situações... ser atendido e encontrar a solução ou o remédio para o que se necessita.
Mas isso nem sempre acontece porque, muitas vezes, o que precisamos não está no exterior. Ou melhor, não é externo; é interno.
É, muitas vezes, no interior de nós que está o tal "atendimento".
Afinal, nestes casos, o atendimento é o entendimento de nós connosco.
E se tivermos paciência para procurar em nós, encontramos uma porta e, ao abri-la, encontramos uma luz - mais ou menos luminosa - uma luz suave que ondula e... só queremos ficar "dentro" dessa luz que está, ela mesma, dentro de nós.
Então ela expande-se por todo o nosso ser, no interior de toda a nossa figura e, a seguir, expande-se para fora de nós, em redor, e pode também projectar-se e projectar-se e...
- Pode entrar! O Dr. vai atendê-la a seguir. Aquele gabinete, por favor!
- Ohhh!....
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Imagem retirada da net
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Disse Buda : Duvidem de tudo. Encontrem a vossa própria luz !
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2008-04-29

O merecimento da preguiça

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Ondas rasteiras na praia... flores na varanda, noites de Junho, noites quentes, etc. etc. - são frases, ou melhor, versos de uma canção que vai passando no mp3.
Antigamente dizia-se "que ia tocando na rádio". Épocas e gerações...
Nós, agora, estamos na praia com as ondas rasteiras, o resto é da canção.
As areias estão mornas e o tempo ameno, que se faz agora sentir, apela fortemente às férias.

Ou a estes fins-de-semana preguiçosos.
A preguiça, depois do trabalho, é descontracção necessária.

A preguiça sem trabalho é vício de ócio.
Entre os extremos fica a virtude - dizem.
Mas um tempo de preguiça depois de tempos de trabalho árduo têm um sentir e um valor que não se compara com a mesma preguiça sem essa gastura.

Talvez porque num caso é merecido e, no outro, nem sequer necessário.
- Ora, aí é que está a diferença: no merecimento!
Quando se atinge um bem - depois de tanto ser desejado - e de que finalmente se pode desfrutar, às vezes, até há um desabar de emoções antes de se conseguir sentir a alegria desse bem!
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Imagem retirada da net
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Disse Albert Einstein : O único lugar onde sucesso vem antes do trabalho é no dicionário !
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2008-04-28

Ética e integridade

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O perdão que deveríamos pedir é quase uma lista sem fim.
Fazemos e pensamos - ou melhor - pensamos e fazemos "n" coisas sem grandes preocupações porque nos parecem bem e acertadas.
E perante a nossa vida, a nossa família, grupo de amizades e, mais ainda, na sociedade em que nos inserimos globalmente até somos pessoas de bem.
De muito bons costumes - apreciados por todos ou pela grande maioria das pessoas que lidam connosco.
Para a nossa vulgar noção de ética somos uma maravilha, sobretudo se estamos a ver as notícias do dia - porque nos sentimos muito acima daqueles que perpetuam crimes de vária ordem.
Mas outra ética e integridade existem que é muito mais exigente e que, se quisermos, até podemos considerar uma ética ideal.
Nessa ética até o pensamento momentâneo da dúvida entra no cômputo do nosso ser.
Algo semelhante às palavras de Jesus "até ao último ceitil"- a verdade é que tudo conta - absolutamente tudo.
- E onde ouviste isso? Na palestra de ontem?
- Não, nada disso.
- Então?
- Ah, sim. Sonhei! Sonhei com essa lista de atitudes e eu tinha uma de erros que nem desconfiava.
- Só em sonhos mesmo...
- E se não é... se não tiver sido só um sonho?
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Planeta Gilese 581c, descoberto em Abril de 2007
(imagem da NASA)


Disse
Rabindranath Tagore : o bem pode resistir às derrotas, o mal não !
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2008-04-27

Natália Correia # Uma flor de harmonia... e Sete motivos...

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UMA FLOR DE HARMONIA NO PLENÁRIO

Aos jovens da UEDS que cavalheirescamente me ofereceram um cravo no plenário

Dá-me um cravo Vitorino:
Comove-me o galardão.
Mas meu horto é feminino:
Rosa lhe darei então.

Porque se o cravo é viril
Quer ele concubinato.
Sendo a rosa feminil,
Temos o androginato.

Que nessa grande harmonia,
É que há revolução:
Feita a vida poesia
E a luta feita união.

Mais ou menos socialismo?
Eu tomo essa embarcação.
Se a diferença está no ismo,
Está no cravo a comunhão.



In “Cantigas de Risadilha”



SETE MOTIVOS DO CORPO

VI

Quando em halo de fêmea húmida e quente
São íntimas ao fogo as ancas sábias,
Está o corpo maduro no seu tempo
Aromático de rosas esmagadas.

São as Circes: fogueiras reclinadas
Como panteras em nuvens de magnólias;
Coxas versadas em abrir às lavas
Do desejo confins de lassas glórias.

Do amor, lúcida e plena anatomia;
Magníficas mulheres com flor e fruto;
Corpos de vagarosa fantasia
Que a febre afunda em estrelas de veludo.

Num esplendor de poentes envolvidas,
Sentadas têm pálpebras de violetas;
Mas erguem-se abrasadas; e despidas
São um verão a sair de meias pretas.

Capelinas que lendas insinuam,
De segredos os olhos lhes sombreiam.
Dos ombros pendem-lhes mantos de volúpias.
São fábulas que os moços estonteiam.

E aos seus leitos de prata e tílias altas
Ébrios de lua sobrem os mancebos.
Elas enterram -se nuas como espadas
Nas suas virilhas e armam-nos cavaleiros.

Ó sazonada carne que circunda
De asas, abismos e suados cumes
O mistério do ovo, dando sombra
Ao pénis que procura o fim do mundo.


In “O Armistício”
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Disse Henry Brooks Adams : a prática política consiste em ignorar os factos !
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2008-04-26

Instinto e intuição

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O instinto preserva as espécies, seja pelo instinto da preservação, seja pelo da reprodução.
É por ele que, nas piores vicissitudes, alguns seres de cada espécie se vão mantendo nas gerações seguintes - seguindo o exemplo da arca de Noé.
Muitas vezes com mutações que os tornam quase irreconhecíveis da espécie original.
O ser humano ganha a intuição em acumulação com o instinto.
É a intuição que lhe permite a vontade de escolher esta e não aquela atitude sobre cada assunto.
É a intuição que lhe segreda o pensamento bom e honesto em vez de outros, negativos.
E é essa intuição, tantas - demasiadas - vezes ignorada, e até torpedeada, que o levaria, afinal, a uma elevação moral, ultrapassando-se.
E, no entanto, é precisamente essa intuição que leva à reunião do ser ao todo universal, se for bem cuidada.
Bem cuidada na sintonia que proporciona na pessoa, na sua rectidão e no seu viver. Aqui, ali e acolá... onde estiver!
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Imagem retirada da net
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Disse Gerd Gigerenzer :
No meu trabalho científico, tenho os meus pressentimentos. Nem sempre posso explicar porque acredito que um certo caminho é o certo, mas preciso confiar e seguir adiante !
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2008-04-25

Escolhas

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Dizem que a mediunidade é a capacidade do indivíduo ser intermediário entre o mundo em que vivemos e o mundo espiritual, que poderemos duvidar que exista.
Dizem ainda que todos somos médiuns e que podemos percebê-lo melhor se quisermos.
E dizem muitas coisas mais a ponto de parecer um relato de ficção.
Ah! E esquecia que dizem também que em todas as épocas e em todos os tempos, houve e há notícias de prodígios e dos tais médiuns.
E que se chamavam mil e um nomes diferentes conforme os povos e as culturas; desde bruxos a feiticeiros que entravam em transe.
Que nas monarquias havia esses, de transe, aconselhando as figuras reais.
- E depois, e depois, avó? Eles diziam o futuro?
- Bem, eles diziam e faziam muitas coisas. Muitas eram erro, mas muitas outras estavam certas.
- Então existem mesmo ou não existem?
- Isso, cada um tem o seu mundo imaginário e o seu mundo real. E cada um passa a servidor das suas escolhas.
- E tu que achas, avó?
- Eu acho que se tivermos fé em algo divino, podemos ser intermediários desse Divino e então que chamem o que quiserem chamar, pois seremos deste mundo sem o ser.
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Sísifo
Ticiano
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Disse Rodrigo Rey Rosa : Poderia dizer-se da liberdade que é algo vago. A sua ausência não o é !

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2008-04-24

A luz do perdão

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Uma mesa escrivaninha das antigas, em madeira clara, com tinteiro e pena (ainda) para escrever.
A pena tem uma pedra azul e parece ser de pavão.
Toda a sala está iluminada de modo suave, em rosa-lilás, tom de pastel.
A luz suave sai dessa sala para um corredor com uma escada ao fundo.
O corrimão, o chão, a escada, é tudo em madeiras escuras.
Parte da borda, o corredor e da escada são em barras de ferro bege.
A luz continua pelo corredor e parece descer a escada de um primeiro andar alto. A escada vai dar directamente à sala ao lado esquerdo, do que se vê do tal corredor em cima.
A luz agora sai para o exterior.
A porta da casa é branca, lacada, com almofadas grandes.
A pedra de entrada é branca, a condizer com a porta.
A seguir há um empedrado também branco e depois relva até à estrada.
A luz aí torna-se condensada numa esfera e, subindo lentamente ao céu, vai lançando a mesma luz suave - como se deixasse uma nuvem suavíssima em seu lugar e por onde passou.
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Disse Buda : Àquele que fala ou age com pensamento puro, a felicidade segue-o como uma sombra que nunca o abandona !

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2008-04-23

O amor é um caminho

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O amor é um caminho que se deve percorrer até ao fim, diz uma canção.
Também estou de acordo porque o amor pode sublimar-se. Pode divinizar-se.
Pode ser meigo e puro. Pode ser belo e maravilhoso.
Falo sobre o sentimento de Amor que se sobrepõe, altamente, ao amor-namoro, ao amor-paixão.
Mas o amor-paixão também deve ser vivido, senão é como se o coração não se ampliasse. E o coração amoroso (não o físico) pode ampliar o ser até ao infinito.
E tudo à nossa volta reluz, em tons de branco, em tons de dourado e branco.
E depois não se vê nada porque a luz é tal que entontece.
Vive feliz quem encontra em si essa capacidade de Amar - por tudo, por todos e por si mesmo.
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Disse Violetta Parra : O amor é um caminho que se percorre até ao fim !
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2008-04-22

Desafios

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- Atravessamos uma época de crise.
- Atravessamos ou ficamos quietos no meio dela?
- Vejamos: os comércios estão a fechar; as indústrias estão a falir; as famílias continuam a gastar e a endividarem-se com os bancos. E estes a darem sempre créditos - como novos produtos - para quem quiser arriscar... E às vezes arriscam só para mostrar um carro novo aos amigos.
- Mas também, a verdade é que sempre houve coisas destas.
- E que ficando, ou andando, fomos sempre vivendo, não é? Também é verdade! As vicissitudes, estas ou aquelas, melhores ou mais custosas, fazem todas parte da vida.
- São os nossos desafios pessoais e intransmissíveis?
- Pois são! Podemos adiar mas não invalidar, ou fugir mas não delegar noutro alguém o que só a nós compete.
- Por outro lado, quando conseguimos ultrapassar os problemas, enfrentando-os o melhor possível, sente-se um bem-estar muito bom.
- A paz do dever cumprido, do trabalho feito. Do sentir que é hora de descansar.
- Descansar, para esta vida...
- Pois!
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Disse
Tácito : a expectativa de enriquecer é uma das causas mais comuns da pobreza !
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2008-04-21

Importância e banalidade

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Mona Lisa de sorriso enigmático, ou encantador, ou nem sequer a sorrir.
As interpretações deste quadro, tão pequeno, são demasiado variadas.
Até tem canções, referências em romances - que sei eu!
E afinal, resta sempre a mesma pergunta: que tem de especial este quadro?
- Eu acho que é, precisamente, o ninguém perceber bem o que é.
- Pois é, com aspecto tão simples, é uma espécie de puzzle para as nossas cabeças.
- Vamos a ver e a questão é mesmo assaz simples.
- Como em criminologia, o mais simples é o pormenor que muda todo o cenário e a interpretação da acção.
- Geralmente é assim mesmo. O que menos importa, o aparentemente mais insignificante, pode ser o elemento primordial.
- Bem, isso não será apenas com a Mona Lisa porque isso é o que acontece todos os dias. Nós é que complicamos o simples e nem sequer acreditamos que as coisas (e as pessoas) possam ser assim.
- Tão banais?
- Parece ser isso mesmo. Queremos à força lidar com "importâncias" em vez de simplicidades.
- Discernir o que é mesmo importante, eis a questão!
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Disse Lord Alfred Northcliff :
um jornalista é alguém cuja profissão consiste em explicar aos outros aquilo que ele mesmo não entende !
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2008-04-20

Natália Correia # Queixa das Almas Jovens Censuradas

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QUEIXA DAS ALMAS JOVENS CENSURADAS


Dão-nos um lírio e um canivete
E uma alma para ir à escola
E um letreiro que promete
Raízes, hastes e corola.

Dão-nos um mapa imaginário
Que tem a forma duma cidade
Mais um relógio e um calendário
Onde não vem a nossa idade.

Dão-nos a honra de manequim
Para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos o prémio de ser assim
Sem pecado e sem inocência.

Dão-nos um barco e um chapéu
Para tirarmos o retrato.
Dão-nos bilhetes para o céu
Levado à cena num teatro.

Penteiam-nos os crânios ermos
Com as cabeleiras dos avós
Para jamais nos parecermos
Connosco quando estamos sós.

Dão-nos um bolo que é a história
Da nossa história sem enredo
E não nos soa na memória
Outra palavra para o medo.


Temos fantasmas tão educados
Que adormecemos no seu ombro
Sonos vazios, despovoados
De personagens do assombro.

Dão-nos a capa do evangelho
E um pacote de tabaco.
Dão-nos um pente e um espelho
Para pentearmos um macaco.

Dão-nos um cravo preso à cabeça
E uma cabeça presa à cintura
Para que o corpo não pareça
A forma da alma que o procura.

Dão-nos um esquife feito de ferro
Com embutidos de diamante
Para organizar já o enterro
Do nosso corpo mais adiante.

Dão-nos um nome e um jornal,
Um avião e um violino.
Mas não nos dão o animal
Que espeta os cornos no destino.

Dão-nos marujos de papelão
Com carimbo no passaporte.
Por isso a nossa dimensão
Não é a vida. Nem é a morte.


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In “Dimensão Encontrada”
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Disse José Saramago : eles querem a guerra, mas nós não vamos deixá-los em paz !
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2008-04-19

Renovação

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Noite de temporal e manhã de bonança. À tarde já brilha o sol.
É incrível a velocidade a que a natureza se transforma e regenera.
A renovação é linda e parece que nos dá alento.
Será que se pode ser assim em tudo?
Há uma família de vários irmãos que são um verdadeiro horror.
Horror na falta de princípios, nos enganos que promovem uns contra os outros.
Partilhas e bens são quase roubados uns aos outros numa ganância sem igual.
E os filhos têm ido pelo mesmo caminho.
A luz da instrução e conhecimento aflorou enfim a alguns deles e, por essa luz, a moral também se vai regenerando.
Aos poucos, como que novas "folhas" vão renovando aqueles pensamentos e a tal desmedida ganância.
O lucro fácil que tanto os aliciou sempre, começa a ser menos pretendido e, com algum esforço, conseguem manter os dinheiros administrados por eles, agora pela primeira vez.
E pela primeira vez também, estão a gerir o que é mesmo deles por direito, sem usurpações.
Talvez seja a Primavera deles e a paz dos netos.
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Disse
Abba Eban : a história ensina-nos que os homens e as nações só actuam com sensatez depois de esgotarem todas as outras alternativas !
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2008-04-18

Paralelo inacabado II

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Tapetes de flores pequeninas revestem o chão e, a seguir, levantam-se no ar para fugir na direcção das nuvens.
Aliás, já lá em cima, as flores vão em todas as direcções.
O chão que ficou a descoberto, tem relva - uma parte - e o resto é terra seca, ora castanho-terra, ora bege-areia.
Está agora lá em cima, no céu muito azul, uma pirâmide e, por cima, está a desenhar-se um triângulo com arestas de luz branca. A forma, ou o interior do triângulo, é azul escura, como o céu à noite.
Depois o triângulo junta-se com outros mais e com um círculo e conseguem formar uma figura humana estilizada.
Há um barqueiro que transporta doentes no mar, lá ao fundo, onde se forma um desvio, como se fosse um rio a dividir-se.
Os doentes, se o são, vêm todos de branco e parecem acordar de um sono pesado.
Pergunto se falo dos triângulos e dizem-me que não, por agora.
A paisagem muda e aparece uma esfera verde claro, cheia de luz dourada à volta e lá dentro.
Do centro, essa luz dourada irrompe e espalha-se por todo o lado.
Todos e tudo em redor ficam cheios de luz e "fagulhas" douradas nas mãos e cabelo, tudo...
É um novo dia que nasce!
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Disse
János Arany : Nos sonhos e no amor, não há impossíveis !
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2008-04-17

Opção de vida

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Há dias em que não sabemos o que fazemos.
Há coisas que não nos lembramos de ter feito.
Há dizeres que não conseguimos parar de os dizer.
- Porquê? A mim também me acontece e não entendo o que me dá.
- Parece que é outro por nós, não é?
- Pois, nem me reconheço. É como se fosse tudo mecânico...
- Parece um robot, como nos filmes.
- Isso, exactamente.
- E depois, por inacreditável que possa parecer, até era o melhor que se poderia fazer ou dizer.
- É como a sorte, acertamos sem saber como.
- Só tenho uma palavra: inimaginável.
- Só quem passa por isto. O que é preciso é manter a calma, ser paciente e usar de caridade fraterna.
- É disso que se trata, não é? De ajudar em fraternidade...
- Disso e muito, oh, muito mais. Trata-se de uma opção de vida!
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Disse
Voltaire : Sorte é uma palavra vazia de sentido. Nada pode existir sem uma causa !
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2008-04-16

Limitações

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- Ficou cega, coitada! Ninguém sabe como, e ficou assim...
- Ninguém sabe, não. Tinha problemas que eram progressivos. Ela sabia que iria ficar assim. Agora, não é fácil a adaptação e evidentemente que qualquer um prefere ver que perder a visão.
- E por ser deficiente, tem algumas facilidades administrativas do ponto de vista legal mas é quase só em teoria.
- Às vezes essas leis e disposições legais precisam duma ajuda para serem aplicadas e ela não tem ninguém que a ajude nesse sentido.
- Mas deveria tentar. Não ficava aquela sensação de nem sequer procurar o melhor para si mesma.
- Sim, deixa uma sensação estranha. Mas parece que a família vai requerer ajuda para ela. Também ficou mais pesada, a nível familiar.
- E ficou sem a liberdade de agir sozinha, etc.
- Aos poucos vamos ver se consegue readaptar-se. Ela é forte, estou convencida que vai conseguir fazer uma rotina agradável. Menos que outras, claro, mas agradável.
- Ninguém diga nada. Quando menos se espera...
- O que interessa é encarar as limitações e esforçar-se sempre para ficar melhor, para ser melhor!
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Helen Keller
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Disse Gabriel Garcia Marquez : Aprendi que um homem só tem direito a olhar o outro de cima para baixo quando está a ajudá-lo a levantar-se !
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2008-04-15

Sensibilidade e QI

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Dizem que o QI (o tão valorizado Queficiente de Inteligência) é importante, que por ele se pode medir a capacidade de inteligência das pessoas, etc. etc.
Pensei então que esses, de QI mais elevado, entendessem melhor as coisas que outros, de QI mais modesto, não compreendessem tão facilmente.
Ohhh! Grande engano! O que melhor entende as coisas é a sensibilidade de cada um.
Essa sim, compreende até sem ver, nem ler. Sabe o que é deveras importante.
O outro QI é só para armazenar e tratar a bagagem cultural, desenvolver a memória e o raciocínio.
Não é para viver, é para permitir ir vivendo.
É para inventar máquinas, instruir as gerações mais novas, engendrar soluções, mas também as guerras.
A boa sensibilidade cura racismos, fome, destruição.
Lança um olhar complacente para os problemas e ora em prece.
Ora a um Deus, ao que há de mais Divino, e ora, com todo o sentimento, para que o melhor de cada um apareça e fique à vista - pelo próprio e por todos - com a graça de Deus.
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Disse
Spinoza (Baruch, Benedictus, Bento): a paz não é a ausência de guerra; é uma virtude, um estado de espírito, uma disposição para a benevolência, a confiança e a justiça !
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2008-04-14

O que interessa

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Caprichos e gente caprichosa, sem vontade de esperar por tudo aquilo que quer.
Estão habituados e gostam de ter o que decidem ter, porque sim.

Sem razões a não ser o seu bem-querer, ainda que, por acaso, seja também para a família.
E os custos para conseguir o que querem não interessam, e menos ainda os meios. O que interessa é satisfazer os caprichos.
Primeiro, são pessoas simpáticas a toda a gente.
Depois, começa a notar-se a pressão que fazem e muitos, mais sensíveis e previdentes, afastam-se com receio que vejam neles algo a cobiçar.
Aos caprichosos todos cumprimentam mas quase ninguém lhes atura as manias que, não tarda, são quase histerias.
As suas fantasias transtornam as pessoas de bem que têm de lidar com eles.
Como sempre, tudo tem um princípio e um fim. E todo o erro "aproveitado", pode servir para a melhor transformação moral do indivíduo.
- Acabou... finalmente! Estava com tanta fome que tinha vergonha dos ruídos do meu estômago. Vamos comer ao bar?
- Ao bar, agora? Nem penses! Vamos ao café ali em frente!
- Vamos? Eu fico já aqui! Tem boa comida e é barato!
- Mas o café é mais "in"!
- E eu com isso? Boa comida e barato, tal e qual o que eu preciso!
- Bem... se calhar... todos somos ainda algo caprichosos!
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The Simpsons, caricatura e modelo

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Disse
Ortega y Gasset : quem não pode o que quer, que queira o que pode !
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2008-04-13

Natália Correia # Retrato talvez saudoso... e A defesa do poeta

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A ti, Mãe, primeira maravilha dada aos meus olhos, eu dedico estes poemas. Subida da tua carne, a minha luz pertence-te. Toma a minha dor e a minha alegria e este desespero que floresce à sombra do teu mistério.

Sou filha de marinheiros
pelo mar que também quis.
Pela linha da poesia
sou neta de D. Dinis.
Aquilo que nunca fiz
é a minha bastardia.

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RETRATO TALVEZ SAUDOSO
DA MENINA INSULAR

Tinha o tamanho da praia
o corpo que era de areia.
E mais que corpo era indício
do mar que o continuava.
Destino de água salgada
principiado na veia.

E quando as mãos se estenderam
a todo o seu comprimento
e quando os olhos desceram
a toda a sua fundura
teve o sinal que anuncia
o sonho da criatura.

Largou o sonho no barco
que dos seus dedos partiam
que dos seus dedos paisagens
países antecediam.

E quando o corpo se ergueu
voltado para o desengano
só ficou tranquilidade
na linha daquele além
guardada na claridade
do coração que a retém.


In “Poemas”



A DEFESA DO POETA¹

Senhores juízes sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto.

Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim.

Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes.

Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei.

Senhores professores que pusestes
a prémio minha rara edição
de raptar-me em crianças que salvo
do incêndio da vossa lição.

Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis.

Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além.

Senhores três quatro cinco e sete
que medo vos pôs por ordem?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem?

Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa.

Sou um instantâneo das coisas
apanhadas em delito de paixão
a raiz quadrada da flor
que espalmais em apertos de mão.

Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever.
Ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer.

___________________________
¹ Compus este poema para me defender no Tribunal Plenário de tenebrosa memória, o que não fiz a pedido do meu advogado que sensatamente me advertiu de que essa minha insólita leitura no decorrer do julgamento comprometeria a defesa, agravando a sentença.


In “A Mosca Iluminada”
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Disse Paul Valéry : É próprio das censuras violentas tornar credíveis as opiniões que elas atacam !

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2008-04-12

O que parece

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Tenho um texto feito para apresentar um trabalho mas, ao querer formatá-lo com um título, ficou todo desformatado.
O texto é agora o título e o título ficou como o resto do texto: sem realce.
E já passou meia hora, ou mais, em tentativas...
Tantas alterações que já nem sei o que era. Mas, à semelhança do poeta, sei que não é assim que o quero, só ainda não sei como o quero.
E passou mais outra fracção de hora.
Não deve ser só a mim que acontecem destas.
Trabalha-se e bem, conseguindo cumprir os prazos e depois, por um pormenor, uma ninharia, quase que se perde o trabalho.
- Perde-se o trabalho e a vontade... olha, experimenta ao contrário!
- Ao contrário?
- Sim! Faz primeiro o texto e grava noutro nome, e depois, então, insere o título já arranjado no ficheiro anterior - o tal errado.
Às vezes o que parece lógico, não é! E o que parece mais extravagante funciona perfeitamente.
Temos de nos adaptar sempre - cons_tan_te_men_te - e sem perder a noção do que queremos. Sobretudo, não desistir!
- Isso é verdade, é... Vou tentar outra vez! E outra...
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Disse Simón Bolívar : a arte de vencer aprende-se nas derrotas !
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2008-04-11

Amêndoas

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A Páscoa já passou mas as amêndoas ainda não e são tão saborosas...
Uma doçura nos dias que antecedem, ou seguem, a época da Páscoa.
É uma doçura que deveríamos preservar, pelos dias e pela vida fora.
Um miminho de nós para nós, sem exigências nem razões sequer.
Às vezes precisamos de um doce pelos esforços que fazemos, pela loucuras que fazemos e pelas que poderíamos fazer e evitamos.
Pelas não loucuras ou pela sensatez em viver respeitosamente com os outros.
Pelos esquecimentos de nós em favor de familiares, amigos e até desconhecidos que precisam da nossa ajuda quando gostaríamos de fazer outra coisa ou até de não fazer nada.
Uma doçura a cada vez que dizemos "presente" nas ocasiões mais ou menos difíceis.

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Disse Charlie Chaplin : Não preciso de me drogar para ser um génio; não preciso ser um génio para ser humano, mas preciso do seu sorriso para ser feliz!

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2008-04-10

As boas-vindas

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A humildade de aquietar-se, quando apetece responder naquele tom desabrido em que nos falam.
A humildade de usar a oportunidade de melhorar-se.
A humildade de querer ser feliz sem ser a qualquer preço.
Saber que é menos do que pensava ser, ou queria ser.
Entender que tudo é relativo; não ceder nem à angústia nem à depressão.
Mas ceder ao trabalhar da sua personalidade , melhorando-a, como ao ferro.
Ao moldar-se está a a robustecer a personalidade no modelo que idealizou para si mesmo.
- Estás a escrever isso aí p'ra quê?
- Para a festa de logo à noite. Não te lembras? É a festa de boas-vindas daquela senhora ali.
- Boas-vindas? Mas ela está cá, nunca saiu.
- Saiu, sim. Saiu da solidão e da depressão que aniquila a esperança. Saiu do orgulho que pensava ser amor-próprio e dignidade, para perceber, com humildade, que bastava ter boa dose de vontade para ser quem pensava que era.
As boas-vindas são para a sua alegria de viver.
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Marcel Marceau
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Disse Mahatma Gandhi : olho por olho e o mundo acabará cego !
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2008-04-09

Paralelo inacabado

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Na sala cheia de gente e outros mais, formou-se um tubo (ou cilindro) de luz coralínea, para transporte.
Quem pôde subiu e voou pelo espaço.
Foi possível ver então uma outra sala, muito mais iluminada.
Figuras lindíssimas de aspecto e luz moviam-se com tanta harmonia que parecia seguirem algum ritmo suave ou musical que só elas ouvissem.
As suas cores eram azul, rosa, verde e amarelo (semelhantes à história da Cinderela) em tons claros.
Parecia ser uma ocasião festiva e, seguidamente, trocaram cumprimentos e alguns abraços fraternos.
Depois... ohhh! foi necessário voltar!
Mas agora, talvez por influência da luminosidade anterior, a primeira sala já não estava tão sombria.
Parecia ter uma "passerelle" com luz e algum brilho, em cor cinza muito clara, com ornamentos brancos em moldura e a formar desenhos, de traço largo, pelo chão fora.
O material parecia mármore, talvez pela ideia que dava de lustro.
O lustro que podemos ter até poder ficar no brilho estonteante da luz.
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Mundos Paralelos

Alberto Benito "Chama"
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Disse Fernando Pessoa : Tudo que existe, existe talvez porque outra coisa existe. Nada é, tudo coexiste: talvez assim seja certo !
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2008-04-08

Referências

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As autorias estão cada vez mais divulgadas e, por estranho que pareça, cada vez mais escondidas.
Isto é, toda a gente refere e cita este ou aquele autor. E, de passagem em passagem, o autor vai sendo esquecido e as referências vão sendo tão alteradas que, efectivamente, são mais adaptação do último que as refere do que as originais.
Hoje, com a internet, esta questão das referências e da sua exactidão ainda parecem mais confundidas.
Mas há, nisto tudo, uma grande vantagem que é a difusão das ideias e esclarecimento dos assuntos com toda a facilidade.
E, se calhar, esta situação é mais abrangente e mais razoável a nível de contributo cultural do que a preservação da autoria.
O conteúdo é divulgado e mais conhecido.
– Ou seja, és a favor da cultura, seja como for!
– Não tanto da cultura, mas do conhecimento. Para mim, o conhecimento das coisas tem um nível de importância elevado. Mas procuro sempre a autoria por uma questão de autenticidade e não por cultura, confesso!
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Imagem retirada da net
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Disse Italo Calvino : o universo é o espelho em que podemos contemplar apenas o que aprendemos a conhecer em nós próprios !
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2008-04-07

Perfume

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Os frascos de perfume são pequenas obras de arte.
São cuidadosamente desenhados a condizer com a essência e as notas do perfume que guardam.
Ciosamente guardados, com tampas e esquemas de fecho que resguardam, mais do que guardam, o líquido preparado com tanto rigor.
Rigor nas misturas que se fazem. Rigor na essência que se quer conseguir.
Outras vezes, pelo contrário, pretende-se a pureza de um só elemento e a dificuldade está em isolá-lo.

E depois de tudo concluído vem o valor incalculado: a pele.
A pele de cada um que transfere, sobretudo ela, a essência da pessoa e do seu modo de estar em cada momento, para um aroma específico.
Então o mesmo perfume fica assim doce, ou assim ácido, ou aumenta o perfume, ou o diminui, ou... ou cada um encontra o seu perfume, sem procurar.
Apenas... apenas serenando e dando atenção a si mesmo.
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Imagem retirada da net
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Disse
Winston Churchill : os seres humanos podem agrupar-se em três categorias: os que morrem de cansaço, os que morrem de aborrecimento e os que morrem de preocupação !
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2008-04-06

Natália Correia # Auto-Retrato e Ultrabiográfico

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A autora para o mês de Abril é Natália Correia
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Natália Correia nasceu na Fajã de Baixo, a 13 de Setembro de 1923, na Ilha de São Miguel, Açores. Veio estudar para Lisboa ainda criança e cedo iniciou a sua actividade literária. Poetisa, ficcionista, ensaísta, tradutora, dividiu a sua criatividade pelo teatro e pela investigação literária.
Destacada figura da cultura e da intervenção política, viu vários dos seus livros serem apreendidos pela censura, chegando a ser condenada a três anos de prisão com pena suspensa, acusada de abuso de liberdade de imprensa.
Morreu em Lisboa a 16 de Março de 1993.
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AUTO-RETRATO

Espáduas brancas palpitantes;
asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.
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In “Poemas”
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ULTRABIOGRÁFICO

Por um mistério de cerejeira
Subiu a terra. Floriu em mim.
Ah, não ser eu a trepadeira
Com que cheguei ao meu jardim!

Uma gaivota como alimento,
Se é ser gaivota voar assim
Nesta voluta de alheamento
Da carga de ouro dum bergantim.

Se houver raiz ela é por dentro,
Que a minha raça é ser por fora
A esmeralda em que concentro
Uma linhagem que me devora.

Pela teoria dum instrumento
De sete cordas ou de nenhuma,
Sou uma frase escrita pelo vento
Numa parede como a bruma.

Que sexta-feira de estilhaços!
(na via-sacra é a paixão)
Se já morri foi nos meus braços
Por não haver ressurreição.

Cheguei a esta mitologia
Como os ciganos, pelo caminho.
Na minha humana eucaristia
Não há o pão. Só bebo o vinho.

Deixem ao céu a concordata
Com uma flor, se lhe apetece.
Mas não me mostrem santos de prata
Como quem mostra o que padece.

Para Jeová, sofro de mais.
Para o demónio, sofro de menos.
Prefiro os olhos dos animais
E o meu vestido de ver a Vénus.
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In “Passaporte”
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Disse Tahar Ben Jelloun : dizer sim a tudo e a todos é como não existir !
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Outros poemas de Natália Correia neste blog:
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Passaporte
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Ó Véspera do Prodígio IV.

2008-04-05

Visão

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Roupagens – e digo roupagens porque parecem túnicas sobrepostas e até aos pés. São azuis, verdes, rosas e amarelo em tons claros.
Parecem estar com o Sol e não se consegue olhar directamente.
Passam... como que esvoaçam ali e aqui mesmo.
O que são? São lindas! São figuras muito especiais.
Fazem lembrar os vidrinhos dos caleidoscópios e o maravilhoso que era observá-los quando apareceram há muitos, muitos anos.
Custava deixar de olhar os tubos ou deixar de rodar e de ver as cores.
Eram maravilhas da visão. Ou a visão que se encantava.
Tão simples... tão belos.
A simplicidade encanta porque é, sem dúvida, sem inquietação.
Já não há mais nada... O que se vê é tudo o que interessa ver.
E o resto... olhem, o resto é paisagem!
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Imagem retirada da net

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Disse Nelson Marins : Qual a figura verdadeira, a real, a mais real, a mais verdadeira, a realmente verdadeira, leitor ortodoxo? A resposta à questão é: todas. Porque só podemos perceber o que podemos perceber!
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2008-04-04

Há sonhos e sonhos

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Todos sonhamos – o mesmo sonho, que se repete, ou sonhos diferentes.
Uns mais agradáveis que outros. Em alguns sonhos, somos os espectadores. Noutros, estamos lá a viver intensamente todos aqueles acontecimentos.
O porquê dos sonhos interessa a muitos. E porque interessa?...
Porque chegaram a resolver o que estava a acontecer no sonho...
Ou porque gostariam de repetir o final...
Ou porque não chegaram ao final...
Por simples curiosidade...
Ou necessidade de fazer algo que não se chegou a fazer.
Há sonhos que podem ser sonhados de forma mais ou menos consciente.
Quando se formulam em nós é quase sempre uma surpresa.
Quando os queremos repetir ou alterar é, talvez, a vontade a expandir-se.
É uma resolução de cada um sobre si mesmo.
Alterar atitudes e melhorá-las é sempre uma oportunidade.
Consciencializar é a grande oportunidade da vidinha que levamos.
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In Memoriam Martin Luther King
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Disse Martin Luther King : Não fiz o melhor, mas fiz tudo para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas não sou o que era antes !
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2008-04-03

Leques

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– Já sei! Já sei como te explicar o que somos! Somos como os pauzinhos que formam os leques.
Podemos estar fechados e assim nos parece estar protegidos do resto do mundo e das suas influências.
Às vezes até pomos em nós, também, aquela fita que trava completamente a possibilidade de abrir, mesmo na confusão de uma mala-saco.

Ou podemos deixar-nos estar, com riscos de abrir e misturar com outras coisas, (como acontece nas malas) e até estragar alguma coisa do tecido ou alguns pauzinhos deixarem de abrir.
Outras vezes abrimos em todo o esplendor de um desenho. E nos apreciamos e somos apreciados por todos em redor.
Umas vezes dividimo-nos em cada um dos pauzinhos, como seres parciais do mesmo ser – como um leque – e cada parte é um todo de características próprias. Uma parte de um desenho que pode ser, mais ou menos, definido conforme a capacidade de autonomia alcançada.
Outras vezes juntamo-nos e fazemos o que o desenho deveria ser - a cada dia, mais perfeito e bonito.

Mesmo com o tecido rasgado e gasto. Mesmo com os pauzinhos quebrados ou lascados.
A cada dia, a cada vez que somos o todo em nós, somos com certeza mais belos.
– Já sei também o que quero. Quero este aqui; quando abre, tem o meu nome!

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Imagem retirada da net
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Disse Jean Cocteau : o tacto, na audácia, está em saber até onde se pode chegar demasiado longe !
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2008-04-02

Às vezes

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Às vezes fazemos coisas sem saber porquê ou sequer como foi.
Às vezes falamos palavras sem saber porquê; saem de rajada, assim sem mais.
Às vezes ouvimos e vemos pormenores que não nos dizem respeito e também não sabemos porquê os observamos e registamos.
Às vezes somos autómatos em nós mesmos, num desdobramento de nós.
As questões são muitas porque tanto fazemos coisas agradáveis que deixam outros felizes como, pelo contrário, ferimos e constrangemos outros sem querer.
Sem querer, porque nem os conhecemos ou não temos nada com isso, ou sem querer, porque magoamos e ofendemos (e até afastamos de nós) pessoas que nos são muito queridas.
No entanto, o tempo acaba por dar-nos a justificação.
Às vezes essa justificação agrada-nos, outras, nem por isso.
Muitas vezes as lágrimas, amargas e longas lágrimas, nos acompanham o resto do tempo da nossa vida.
Agora, a razão de tudo ser e acontecer – de tudo – essa está sempre aí, a reunião da nossa unidade.
Apenas demora nas lágrimas. Porque, na alegria, já encontrou a unidade de si.
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Vincent van Gogh
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Disse Wilson Mizner : algumas das maiores histórias de amor que conheço tiveram um único protagonista !
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2008-04-01

Nas serras

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Estivemos na serra, ou montanha para mim - pobre criatura que ficava sem ouvir e cheia de dores de cabeça.
Ora subindo para ficar "entre neves", ora descendo para comer e dormir bem quentinhos.
Mas foram dias maravilhosos - isso foram!
A fome foi a dobrar e a comida também. Acho que o sabor também era a dobrar de gostoso.
Apanhámos sol, neve e temporal - tudo maravilhas da natureza.
Vimos pessoas estarrecidas e vimos pessoas calmíssimas, porque os temporais são comuns para os que trabalham ali, no comércio, e que todos os dias vão para casa, para voltar no dia seguinte entre o Sol e a intempérie.
Sem descansos, nem feriados ou férias (que é isso?). São negócios de família e portanto a trabalhar "é que vai o ganho!"
Outros modos de vida, mais sacrificados do que estamos habituados por cá, nas zonas citadinas.
Mas os rostos e os olhares... ohh! Tão vivos e sorridentes!
Também parecem o dobro de felizes do que estamos habituados a ver.
Será do oxigénio do ar nas alturas?
Ou de quem trabalha por gosto?
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Imagem retirada da net
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Disse Abert Einstein : Sofremos muito com o pouco que nos falta e gozamos pouco o muito que temos !
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