Sem título nem medida
30 de outubro de 2006
Janela ampla de hotel. Rua sossegada, jardins interiores e exteriores.
Falta dos lugares rotineiros. Dos hábitos do dia.
As férias são assim, um cortar com o habitual.
Também é bom. Areja a mente. Logo de manhã é a estrada outra vez.
Camiões e carros. Aviões e todos os outros meios de transporte.
O avião é, apesar de tudo, o mais rápido em longas distâncias.
"Desliguem os telemóveis e todos os meios informáticos". Dá para dormitar.
Conversas sobre tudo um pouco. Terroristas, desvios de rota, avarias - tudo do pior.
A senhora de idade já está com suores frios. Não gosta nada disto.
Mas o filho disse-lhe para ir de avião e assim estava mais tempo com os netos...
Novo aeroporto, saíram mangas, escadas, elevadores, malas e ar livre - mas do filho, nada!
Uma mulher nova acena-lhe freneticamente e mostra-lhe um bebé de colo.
Olha, pois é ele... tal e qual a fotografia que o filho lhe tinha enviado.
Mas quem é aquela ruiva... ahh! afinal é a nora, um pouco diferente de cabelo, mas sim, é ela.
O bebé sorri ao colo da avó ainda mal refeita de tanta emoção. Entretanto chegam a uma casa linda, numa serra. É de madeira, igual a outras mais, espalhadas pela serra.
Tudo muito bonito e ordenado na paisagem.
À tarde chegam a neta e o outro neto.
E, finalmente, o filho. Bom... é verdade, sem dúvida...
De manhã (madrugada) ainda na sua casa; e à tarde, tão longe, mas com o seu único filho tão perto.
Os netos são tão lindos e nem os conhecia ainda...
O bebé é amoroso, igual aos outros. - chora e grita - mas este é o seu neto.
O seu choro é mais doce que o dos outros - isto é assim, laços de família...
Hoje vai dormir e lembrar-se de quando o seu bebé chorava e o pai o ia tapar ou trazer para a mãe o mimar.
Carinhos de mãe, só mãe ou quem as vezes fizer.
No entanto, Amor é possibilidade sem título nem medida.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home