Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2006-10-20

No tempo da água

20 de outubro de 2006

Dia cinza. Águas chegando à praia. Sem ondas. Mas calmo e cinza. Águas volumosas.

Ele olha para dentro daquela água toda e lembra um dia lindo de céu azul, sol brilhante.
Do alto do penhasco, cheio de flores, atirara-se em elegante mergulho para as águas então azuis e reluzentes.
Não se lembra do que aconteceu a seguir e agora está ali.

Nesta praia não é necessário mergulhar para chegar à água. Basta caminhar para dentro dela.
Fundir-se com ela. É bom nadar por dentro dela.
Não, não é mergulhando. É simplesmente nadando por dentro, sem vir à tona de água nem para respirar.
É conseguir a simbiose. A união entre o elemento água e o seu corpo.
Já percorreu uma longa distância desde a praia.

A água agora é escura, azul muito escuro por baixo dele. Mas muito azul junto à superfície.
Os peixes passam por ele como se ele é que estivesse num aquário.
Não lhe ligam nenhuma. Mas desviam-se quanto baste.
Lembra-lhe a descrição dos buracos negros, ou seja, existem e não se percebem, a não ser numa única direcção.
E se os buracos negros fossem isso mesmo, fendas ou desníveis intemporais ou inter-dimensionais ou inter-universos?

Ou tudo isso ao mesmo tempo, seja ele o que seja. Doutro tempo, doutra dimensão, doutra virtualidade.
E, no entanto, existe - vive. Quando será o tempo do não-tempo?

Quando será possível a ciência provar a pluralidade da existência do ser?
Assim do mesmo modo que explica a sucessão dos dias e das estações num único lugar.

E em todos os lugares conhecidos, de modo diferente para o tempo de aparecimento do mesmo fenómeno.
Talvez os cientistas consigam perceber que o seu laboratório não é tão estável quanto lhes parece.

Talvez possam ser mais doutores que professores.
Olá... começaram agora ondas boas para fazer surf na mesma praia de "agorinha".