O Outono
18 de outubro de 2006
Olhos pestanudos observam debaixo de água. Água límpida. Olhos lindos.
Cada planta tem uma flor que é afinal um olho bonito, enorme e de pestanas grandes e penteadas. São muitas estas plantas aquáticas. Dobravam-se para chegarem a fazer-lhe carícias e, por fim, acordaram-na.
A rapariga submersa na água distante que a maré levou e trouxe há bastante tempo, acordou agora à beira da praia.
Uma praia que não conhecia. Parecia transparente e ora ondulava a paisagem em forma de praia, ora ondulava em forma de colina cheia de flores que iam e vinham como ondas do mar.
A espuma era branca até se transformar no ondular de flores brancas. Umas chegavam à praia, as outras ondulavam ao vento na colina.
Ela não estava a perceber lá muito bem. Onde estava afinal se nem conseguia distinguir se praia, se campo, se ondas, se flores?
Os olhos elevaram-se nas suas hastes e olharam melhor para ela.
Pareciam sorrir-lhe. Mas eram olhos... Que seria aquilo tudo?
Uma avó veio ter com ela - avó porque era muito velhota, de cabelo de neve. Muito bonita e simpática. Disse-lhe para ser paciente e não ter pressa. Tinha que esperar que a paisagem estabilizasse.
Estava tudo em mudança. Ela percebia isso, pelo menos!
Então sentaram-se as duas e esperaram que a paisagem mudasse de vez.
E ela mudou, os céus mudaram, parecia que uma estação tinha mudado.
As cores tornaram-se amareladas e acastanhadas.
Os céus, pálidos mas luminosos. Uma brisa leve, fresca e húmida até arrefeceu o calor do dia.
Os verdes desbotaram um pouquinho. Os brancos agora são mais beiges.
O Outono chegou!
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