O pedido
12 de outubro de 2006
Dia chuvoso, de céu azul e cinza, que chama a tristeza.
Alguns dizem que são os melhores dias para viagem porque, para conduzir (antes do ar condicionado), o conforto da temperatura amena e sem humidade, que se encontrava nos carros ou camiões, era menos cansativa que o calor ou frio excessivo.
De qualquer modo não são dias alegres de céu azul.
E nessa cor cinza decorrem as actividades de um velho que tenta libertar-se de um sono que o inviabiliza e da cadeira onde está sentado e onde se sente preso.
Oscila ele e a cadeira juntos, até que percebe uma voz que o chama e pergunta onde ele está.
Apesar de tudo consegue fazer-se ouvir e localizar.
Está numa sala estreita com uma cama do lado direito de quem entra pela porta de ferro. Tem também uma mesa rectangular, alta e estreita, com uma única cadeira - onde ele está sentado - no topo da mesa e frente à dita porta.
Finalmente livre da cadeira, dá por ele num pátio aos ombros de alguém que o segura com força.
Agora já no chão do que lhe parece uma rampa de terra batida, quer perguntar o que é aquilo tudo, mas não consegue.
Espantado, vê que o alguém forte é afinal uma mulherzinha e ele é que está demasiado fraco.
Fraco mas não vencido e no meio da confusão que sente, faz o que nunca se lembrou de fazer - reza. Ou pede. Pede ajuda ao céu, ajuda a Deus ou a algo superior a ele para lhe dar forças.
Forças para lutar e encontrar a sua liberdade.
Se é para morrer que morra livre. Livre de amarras materiais ou morais.
Quer poder escolher uma vida melhor nem que seja para a experimentar apenas alguns momentos.
Sentir a leveza do ar livre, respirar dignidade.
Sentir-se um homem novo, não jovem, mas novo. Com novos preceitos de vida.
Pediu para sentir outar vez o brilho e o calor do sol, não apenas no céu, mas dentro de si mesmo.
E o dia raiou com um sol só para ele, por cima das nuvens escuras.
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