Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2006-10-12

O pedido

12 de outubro de 2006

Dia chuvoso, de céu azul e cinza, que chama a tristeza.
Alguns dizem que são os melhores dias para viagem porque, para conduzir (antes do ar condicionado), o conforto da temperatura amena e sem humidade, que se encontrava nos carros ou camiões, era menos cansativa que o calor ou frio excessivo.
De qualquer modo não são dias alegres de céu azul.

E nessa cor cinza decorrem as actividades de um velho que tenta libertar-se de um sono que o inviabiliza e da cadeira onde está sentado e onde se sente preso.
Oscila ele e a cadeira juntos, até que percebe uma voz que o chama e pergunta onde ele está.
Apesar de tudo consegue fazer-se ouvir e localizar.

Está numa sala estreita com uma cama do lado direito de quem entra pela porta de ferro. Tem também uma mesa rectangular, alta e estreita, com uma única cadeira - onde ele está sentado - no topo da mesa e frente à dita porta.
Finalmente livre da cadeira, dá por ele num pátio aos ombros de alguém que o segura com força.

Agora já no chão do que lhe parece uma rampa de terra batida, quer perguntar o que é aquilo tudo, mas não consegue.
Espantado, vê que o alguém forte é afinal uma mulherzinha e ele é que está demasiado fraco.
Fraco mas não vencido e no meio da confusão que sente, faz o que nunca se lembrou de fazer - reza. Ou pede. Pede ajuda ao céu, ajuda a Deus ou a algo superior a ele para lhe dar forças.

Forças para lutar e encontrar a sua liberdade.
Se é para morrer que morra livre. Livre de amarras materiais ou morais.

Quer poder escolher uma vida melhor nem que seja para a experimentar apenas alguns momentos.
Sentir a leveza do ar livre, respirar dignidade.
Sentir-se um homem novo, não jovem, mas novo. Com novos preceitos de vida.

Pediu para sentir outar vez o brilho e o calor do sol, não apenas no céu, mas dentro de si mesmo.
E o dia raiou com um sol só para ele, por cima das nuvens escuras.