Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2006-10-06

O grupo

6 de outubro de 2006

Um grupo de crianças maltrapilhas. Roupas em trapos, mesmo.

Caras sujas e pés negros de sujidade.
Mas um brilho de vida nos olhos que chamava até na escuridão.

Não há como as crianças para manter a chama da esperança.
No meio do desespero, frágeis e confusas, são um archote de esperança.
Este grupo chega calado. Estão desorientados e não sabem onde estão.
Houve uma explosão no lugar onde estavam e vieram juntos, agarrados uns aos outros conforme se encontravam. Passaram maus tratos de toda a espécie.
Os adultos, homens e até mulheres empedernidas, conseguem ser mais cruéis que animais esfaimados.
Também trazem o "estômago colado às costas" da fome e os lábios ressequidos da falta de água.

Mas continuam juntos, em grupo, os mais velhos à volta dos mais novos, em jeito de protecção.
Olham avidamente para nós e para a paisagem. Um campo de terra seca, limpo, sem arbustos, nem água, nem nada.
Sento-me à sua frente, na terra, e espero.

Daí a pouco os mais pequenos vêm sentar-se ou deitar-se na terra, ao pé de mim.
Um mais pequenino fica ao meu colo e adormece de seguida.
Os mais velhos abrandam a vigilância e sentam-se também, mas não se deitam nem adormecem.
Ninguém disse nem diz nada. Observamo-nos mutuamente com curiosidade.
Alguém traz um lago com montanhas e toda uma paisagem fresca para o pé de nós.

Tem cascata pequenina e é linda.
Os mais velhos correm para a água, banham-se e lavam-se com um sabão muito perfumado que lhes cai nas mãos.
Os pequeninos, acordados por esses, vão também ao banho. Ficam a brincar por lá.
A alegria começa a bailar nos seus olhos e, à sua volta, o espaço enche-se de sons, risos e cançonetas.

Chega a comida fresca - frutos, queijos, leites, pão, bolos secos.
Um banquete que parece não os saciar nunca.
O espaço enche-se da felicidade deles, por eles.
Pela sua esperança de tudo melhorar. Um dia...