O grupo
6 de outubro de 2006
Um grupo de crianças maltrapilhas. Roupas em trapos, mesmo.
Caras sujas e pés negros de sujidade.
Mas um brilho de vida nos olhos que chamava até na escuridão.
Não há como as crianças para manter a chama da esperança.
No meio do desespero, frágeis e confusas, são um archote de esperança.
Este grupo chega calado. Estão desorientados e não sabem onde estão.
Houve uma explosão no lugar onde estavam e vieram juntos, agarrados uns aos outros conforme se encontravam. Passaram maus tratos de toda a espécie.
Os adultos, homens e até mulheres empedernidas, conseguem ser mais cruéis que animais esfaimados.
Também trazem o "estômago colado às costas" da fome e os lábios ressequidos da falta de água.
Mas continuam juntos, em grupo, os mais velhos à volta dos mais novos, em jeito de protecção.
Olham avidamente para nós e para a paisagem. Um campo de terra seca, limpo, sem arbustos, nem água, nem nada.
Sento-me à sua frente, na terra, e espero.
Daí a pouco os mais pequenos vêm sentar-se ou deitar-se na terra, ao pé de mim.
Um mais pequenino fica ao meu colo e adormece de seguida.
Os mais velhos abrandam a vigilância e sentam-se também, mas não se deitam nem adormecem.
Ninguém disse nem diz nada. Observamo-nos mutuamente com curiosidade.
Alguém traz um lago com montanhas e toda uma paisagem fresca para o pé de nós.
Tem cascata pequenina e é linda.
Os mais velhos correm para a água, banham-se e lavam-se com um sabão muito perfumado que lhes cai nas mãos.
Os pequeninos, acordados por esses, vão também ao banho. Ficam a brincar por lá.
A alegria começa a bailar nos seus olhos e, à sua volta, o espaço enche-se de sons, risos e cançonetas.
Chega a comida fresca - frutos, queijos, leites, pão, bolos secos.
Um banquete que parece não os saciar nunca.
O espaço enche-se da felicidade deles, por eles.
Pela sua esperança de tudo melhorar. Um dia...
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