Liberdade
28 de setembro de 2006
Liberdade, segundo Quino, cartoonista, é ainda uma criança que precisa de cuidados constantes.
Para outros, é sinónimo de coragem, de seguir em frente - sempre em frente.
Para todos tem significado. Seja por viverem em paz, seja por viverem em tempo de guerra, seja por estarem perturbados em tempo de perturbação.
Hoje telefonei-lhe e disse-me que não estava melhor. Aliás até iria ser novamente operada.
A cirurgia era já nos próximos dias. Para ela a liberdade era poder escolher.
Escolher só por ela própria. Mas atenta à família que formou.
Tinha que ter em conta a responsabilidade.
A operação era uma hipótese de sobrevivência e de acabar as suas tarefas.
Um colega de trabalho, há já uns anos, dizia ter sido a herança dos pais uma privação da sua liberdade. Precisava administrar o que nem sabia fazer de si mesmo. A sua vida era um caos.
Mas sentia-se livre nessa altura do seu caos.
Liberdade simplesmente provoca leveza. Pairar acima desta vida.
Voando por cima das preocupações de dinheiros, saúde e de todas as coisinhas do dia-a-dia.
Mas liberdade consciente não é relaxe nem desobrigação.
É não levar tanta importância para o que amanhã vai com o vento.
Tudo o que temos vai e passa de geração em geração.
Porém há algo muito importante que fica. A convicção que fizemos o melhor de nós mesmos em tudo o que tocamos.
Deixar de nós e da nossa presença uma recordação agradável é talvez o que de melhor podemos fazer em cada dia. O mais, ainda é sempre um bom acréscimo.
Liberdade poderia ter o sabor da felicidade. Como o amor...
Saber amar até o ar que respiramos.
Saber desfrutar a independência do nosso ser na dependência da sua relação com todos os outros seres.
Liberdade em si (sem rebaixar ao bemol).
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