Contentamento interior # Dalai Lama
24 de setembro de 2006
A auto-satisfação por si só não determina o carácter positivo ou negativo de um desejo ou de uma acção. Um assassino pode sentir-se satisfeito no acto de matar, mas isso não justifica o acto em si. Todas as acções negativas - mentir, roubar, conduta sexual errada, etc. - são cometidas por pessoas que sentem uma certa satisfação ao cometê-las. A linha de demarcação entre um desejo ou uma acção positiva e um desejo ou uma acção negativa não é se nos satisfazem ou não, mas se as suas consequências finais são positivas ou negativas. Por exemplo, no caso de desejarmos possuir coisas mais caras, se este desejo nascer de uma atitude mental de desejar sempre mais, quando chegarmos ao limite do que podemos obter vamos ter de enfrentar a realidade. Quando chegamos a esse limite, perdemos a esperança, caímos em depressão, etc. É um dos perigos desse tipo de desejo.
Por conseguinte, penso que o desejo excessivo leva à avidez, baseada em expectativas excessivas. ... ... Uma das características da cobiça é que, embora nasça do desejo de obter algo, a obtenção desse algo não a satisfaz. Por conseguinte, torna-se ilimitada, sem fundo, e é uma fonte de problemas. Um aspecto interessante da cobiça é a ironia contida no facto de que, embora busquemos a satisfação, nunca ficamos satisfeitos, mesmo quando obtemos o objecto do nosso desejo. O verdadeiro antídoto para a cobiça é o contentamento. Se sentirmos um profundo contentamento, quer obtenhamos ou não o objecto, sentimos a mesma satisfação.
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