Ganhar a vida
17 de outubro de 2006
Lago rectangular a lembrar uma piscina. Colunas à volta e degraus de suaves declives.
Tudo em branco e azuis. Uma verdadeira multidão aproxima-se.
Crianças, mães com filhos ao colo, grávidas, velhos, homens e mulheres sozinhas.
Todos caminhando na direcção desse lago.
Têm no semblante um sorrir sereno, um ar leve ao caminhar e parecem algo esperançados em chegar e, talvez, em falar com alguém.
Sim, é verdade. Querem falar! Melhor, dar um recado...
Que estão bem agora, trabalham e ganham o dia. Ganham a sua própria vida.
Querem agradecer pelo re-direccionamento das suas vidas. Pela revalorização das suas qualidades.
Pela procura moral que tiveram que fazer e como isso os aproximou de outros semelhantes.
De como se sentem felizes.
Felizes pelos outros e por eles mesmos.
As crianças entretiveram-se a brincar e, ao chamado de despedida, juntaram-se com a sua alegria simples e contagiante.
Todos levaram uma luzinha nas mãos, com todo o cuidado.
Escurecia no sítio e, ao longe, eles continuavam a iluminar o horizonte.
Não se trabalha para agradecimentos mas é muito satisfatório ouvir dizer, de viva voz, que outros estão felizes e que, se calhar, contribuímos um pouco para isso.
Sente-se uma certa paz interior. Um transitar mais leve e apaziguado para casa.
De volta com a família sentimos melhor a felicidade de estarmos juntos, em tempos de paz.
Por vezes o que existe todos os dias não tem o valor que lhe deveríamos atribuir.
Trocámos beijos de pais e filhos e abraços. Todos vivos e em casa para jantar.
Com pouco ou muito, também estávamos juntos.
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