A janela
16 de dezembro de 2006
Dias de trabalho e de folga repetindo-se pelos meses e anos, por uma vida inteira.
Quando menos se espera, misturam-se com os feriados e dias da semana. Baralham-se as folgas e tanto faz ir ao trabalho como não.
Os dias e as noites passam a suceder-se como que esperando simplesmente pelos seguintes.
O entusiasmo esbate-se e a rotina ganha em acomodação.
Uma idosa, à janela, espreita a vizinhança. É o seu entretém.
Trabalhou sempre, ora numa coisa, ora noutra e agora goza o resto da saúde que tem em pequenos passeios ou assim, à janela.
A janela tem a vantagem de ver tudo o que se passa à sua volta e não apanhar a chuva que cai, agora com mais força.
Gosta de conversar com a vizinhança e de sentir-se viva.
Pois sim, os dias são iguais e as noites são cada vez mais longas, mas gosta de rever os filhos e os netos, pois gosta de estar viva.
E a tal rotina também é boa porque quando não tem rotina, tem médico ou hospital.
Então prefere a rotina. Sem problemas.
A rotina quer dizer que tudo está bem e que ainda está viva para gozar a vida que Deus lhe deu.
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