Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2006-12-12

Reformados

12 de dezembro de 2006

Num café reunia-se, todas as tardes, um grupo de reformados.
No meio das conversas habituais sobre futebol, o tempo e as bisbilhotices do dia (por vezes também chamadas notícias) sucediam-se conversas mais pensadas.
Conversas que traduziam pensamentos mais sérios sobre a vida e ainda sobre a morte que alguns sentiam já bem próxima.
Às tantas, entre um café e uma cachimbada, dizia um dos do grupo:
- Li há tempos que um psiquiatra... ou psicólogo... tanto faz, comentava com amigos que se as pessoas deixassem de se preocupar tanto com os outros, e se preocupassem mais consigo mesmos e com o que gostariam que fosse a sua própria vida, seriam mais felizes.
E, com o tempo, até se ririam com gosto ao ver a figura patética que faziam ao viver como aos outros dava jeito.
- Também vi isso. Foi num programa. Mas não percebi bem...
Porque isso quererá dizer que as pessoas que nos rodeiam são más conselheiras.
Ora isso já é um disparate porque, muitas vezes, as suas opiniões dão jeito.
- Mas não foi assim que entendi. O que eu percebi era sobre as opções que fazemos das nossas vidas.
Ou seja, estarmos contrariados só para não contrariar os outros.
- Desculpem mas não me pareceu nada disso e também vi o programa.
O que eu entendi era que a nossa maneira de ser social atrapalha mais que favorece a nossa felicidade porque molda até os nossos gostos.
- Os senhores não querem mais nada? Nem uns bolinhos para levar para casa? Então a conta é...
- Prontos! Resumindo: deveríamos ter sido mais felizes do que fomos.
- E poderíamos ter sido mais sensatos.
- Mas porque é que só vimos agora o programa, hein?
- Será que há uns anos atrás o teríamos entendido e discutido como hoje e o mais que der?