23 de junho de 2006
Almoço! Está na hora de acordar.
Cuidado que está ao contrário na cama. Isso... a cabeça já está na almofada.
- Trouxe o almoço. Está preparado para comer?
Ah, é verdade, falta subir a cabeceira da cama. Pronto... melhor.
- Vou dar a sopa. Tem bocadinhos pequenos de cenoura e salsa, portanto o que encontrar é para mastigar. Isto se gosta de cenoura e salsa.
O prato, hoje, é de peixe com três qualidades de puré: batatas, cenoura e bróculos.
A seguir a fruta.
Os remédios já foram.
Está muito calor aqui. O melhor é abrir a janela.
Tudo ficou como meia hora antes. Como se não tivesse acontecido nada.
A droga ultrapassa a vida.
A vista foi-se ou já não era. Os olhos são lindos, castanhos e até têm algum brilho.
De raça indiana. Deve ter sido um homem bonito.
Agora fica-se inerte até o suor, que escorre sempre, o empurrar para mudar de posição.
Está ligado à cama e ao hospital.
As drogas da rua adoentaram-lhe o corpo ainda jovem - trinta anos, talvez.
Tudo nele parece adormecido - sem memória.
Mas à minha saída diz, sem mexer:
- Obrigado, estou bem...
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