Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2006-06-18

18 de junho de 2006

- Tu voas com muita velocidade, não voas?
- Eu... gosto da velocidade, - respondeu Fernão, surpreendido mas orgulhoso que de que o Mais Velho o tivesse notado.
- Começarás a aproximar-te do Paraíso no momento em que alcançares a velocidade perfeita. E isso não é voar a mil e quinhentos quilómetros à hora, nem a um milhão e quinhentos mil, nem voar à velocidade da luz. Porque nenhum número é um limite e a perfeição não tem limites. A velocidade perfeita, meu filho, é estar ali.
Sem avisar, Chiang evaporou-se e apareceu à borda de água, à distância de quinze metros, numa centelha de instante. Depois evaporou-se outra vez e surgiu ao lado de Fernão, no mesmo milisegundo.
- É divertido, - comentou.
Fernão ficou atordoado. Esqueceu-se de fazer perguntas acerca do Paraíso.
- Como é que se faz isso? O que é que se sente? A que distância se pode ir?
- Desde que o desejes, podes ir a qualquer lugar e em qualquer momento, - disse-lhe o Mais Velho. - Que me lembre, já fui a todos os lugares e em todos os momentos. - Olhou o mar, pensativo. - É estranho... As gaivotas que desprezam a perfeição por amor ao movimento não chegam a parte alguma, devagar. As que ignoram o movimento por amor à perfeição chegam a toda a parte, instantâneamente. Lembra-te, Fernão, o Paraíso não é um lugar nem um tempo, porque lugar e tempo não significam nada.

in A História de Fernão Capelo Gaivota
de Richard Bach
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