Recordar
Os carros passam, as pessoas também seguem a rotina do costume.
Ele não. Está em tratamento e tem a janela como reflexo da realidade.
Que bom poder seguir dali o dia-a-dia: aquele ritmo cansativo. Aquele chegar a casa, levar e trazer os filhos, passar pelo banco, pelo escritório, dar um saltinho ao jardim infantil. Levar o filho, mais o casaco, mais o boné, mais o triciclo, a bola, que sei eu?
Um carro cheio, as mãos cheias para um meia-leca que nos enche de alegria o coração e de preocupações quando adoece.
Agora é ele o doente. E, da sua janela, lembra como era bom e não tinha percebido.
Tinha tanta coisa… mas na pressa e no cansaço – oh! tanto cansaço – que já sentia...
Hoje tem o sofá e a janela.
Hoje é uma felicidade quando se consegue sentar no sofá, olhar a janela e recordar. Rotinas que reflectiam a sua vida.
Tudo passou. Está aí outro modo de viver.
E mais um pouco de vida.
Vida em que cada minuto livre da cama é um minuto de ouro.
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Maluda
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