Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2007-12-18

O bébé e a estrada

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Um carrito, com mãe a conduzir e bebé atrás na cadeirinha.
Ele levantava a cabeça, conforme podia, para ver melhor a janela.
A mãe olhava-o pelo retrovisor e estava preocupada.
Ia falando com ele e, nesses momentos, ele olhava e atendia a direcção da voz.
Agora dois camiões gigantes cruzam-se entre fortes buzinadelas e cumprimentos.
Um tem que ultrapassar o outro aproveitando uma curva aberta.
É uma curva larga mas eles são enormes e a manobra é demorada.
Finalmente lá seguem eles e os carros ligeiros atrás.
A mãe dá mais atenção à estrada e o bebé lá continua a tentar libertar-se da cadeira e chegar melhor à janela.
Agora são motas e motoretas ruidosas que ultrapassam, rente ao carro.
E ele olha extasiado, boca semiaberta, olhos enormes, e quieto – completamente quieto, feito estátua.
O carro, por causa dos semáforos, pára em frente a uma vivenda com trepadeiras floridas (são floridas todo o ano. O clima é bom para elas).
O bebé lá vira a cabeça para ver melhor as trepadeiras.
Mas em todo o trajecto, o que ele mais gosta são as motas.
Está ainda indeciso se gosta mais das que parecem quase carros ou das que fazem barulho.
Estas últimas passam rente a ele e, às vezes, tiram o capacete e cumprimentam-no.
Ele gosta mas não sabe devolver o adeus. Só o sorriso.
Isso, ele faz bem. Tão bem como chorar.
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Imagem retirada da net

(sem indicação de autor)