O bébé e a estrada
Um carrito, com mãe a conduzir e bebé atrás na cadeirinha.
Ele levantava a cabeça, conforme podia, para ver melhor a janela.
A mãe olhava-o pelo retrovisor e estava preocupada.
Ia falando com ele e, nesses momentos, ele olhava e atendia a direcção da voz.
Agora dois camiões gigantes cruzam-se entre fortes buzinadelas e cumprimentos.
Um tem que ultrapassar o outro aproveitando uma curva aberta.
É uma curva larga mas eles são enormes e a manobra é demorada.
Finalmente lá seguem eles e os carros ligeiros atrás.
A mãe dá mais atenção à estrada e o bebé lá continua a tentar libertar-se da cadeira e chegar melhor à janela.
Agora são motas e motoretas ruidosas que ultrapassam, rente ao carro.
E ele olha extasiado, boca semiaberta, olhos enormes, e quieto – completamente quieto, feito estátua.
O carro, por causa dos semáforos, pára em frente a uma vivenda com trepadeiras floridas (são floridas todo o ano. O clima é bom para elas).
O bebé lá vira a cabeça para ver melhor as trepadeiras.
Mas em todo o trajecto, o que ele mais gosta são as motas.
Está ainda indeciso se gosta mais das que parecem quase carros ou das que fazem barulho.
Estas últimas passam rente a ele e, às vezes, tiram o capacete e cumprimentam-no.
Ele gosta mas não sabe devolver o adeus. Só o sorriso.
Isso, ele faz bem. Tão bem como chorar.
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Imagem retirada da net
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