Amanhã
Na água funda de um lago, ao crepúsculo, brilha uma luz.
Do barco, parece trémula e baça.
Mas quando se mergulha para ver o que é, a luz torna-se mais forte e localizada.
O local é ao fundo, cada vez mais fundo.
E os mergulhadores seguem intrigados a luz que os vai enganando.
Pois parece ser ali e, afinal, ainda é acolá. E mais lá ainda.
Ah, agora sim, estão próximos. Agora a água já não lhes tolda a visão da luz.
A água já não é mais névoa para os seus olhos, e está a ficar transparente – tal é a força da luz.
E a luz brilha cada vez mais. Parece o fogo de uma lareira.
- Olha, não é nada disso! É uma arca!
- Mas está fechada… a luz é que parece rebentar dentro dela!
- Melhor dizendo, vai rebentar com ela… vês… abriu a tampa!
- Tem ouro?
- Não! Mas também não percebo o que é!
- Que foi que passou por nós? Olha ali!
- São… são…seres!?
- Se são seres, são iguais a nós mas quase transparentes e… nós somos assim? Tão belos?
- Só se forem os nossos sentimentos! Temos que voltar ao barco, ou será que já não vamos a tempo de casar?
- Vamos pois, está marcado para amanhã!
- Amanhã… quando é?...
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