Sentir
Ele anda que nem uma barata tonta.
Quando chega, já se quer ir embora.
Se, da janela, vê gente de visita, foge pela porta das traseiras.
Se encontra um grupo de pessoas, quase que corre para longe, evitando cruzar-se com elas.
É um rapaz novo mas apresenta indícios de não estar bom da cabeça.
Só falta fugir pelas ruas fora sem saber para onde e, muito menos, porquê.
Ao entrar nas lojas porque precisa de comprar alguma coisa, tenta despachar-se o mais depressa possível.
Se vê alguém conhecido, ou se vira para evitar o encontro ou sai mesmo para o meio da rua.
No entanto, para quem o vê e lhe consegue falar, é um rapaz afável e até bem disposto.
Não se percebe bem o que tem. Será só o desejo de solidão ou será necessidade de isolamento.
Se isolamento, porquê? Não precisa de fugir de nada nem de ninguém.
Mas há algo que precisa saber. Saber o que ele próprio é – conhecer-se!
Saber que, de facto, é uma pessoa boa, dedicada e prestável para os que o rodeiam.
Comparado com a maioria, é uma pessoa excepcional.
Então é uma pena não sentir a felicidade que pode brotar dentro dele – para ele mesmo.
Não perceber que pode ser tão feliz como todos os que ele ajuda a sentirem-se felizes.
Precisa ter fé em que é digno de ser feliz e alegrar-se outra vez, como a criança alegre que já foi.
Precisa entender que, em cada dia, nascem novas esperanças de dias felizes.
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Pablo Picasso
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