Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2006-11-07

Velhice

7 de novembro de 2006

Ele esperou tantos anos.

Já velho, de visita aos pais, ouviu - apenas pela terceira ou quarta vez - dos seus pais, que gostavam da sua visita.
Que lhes fazia bem vê-lo porque gostavam dessa presença.
E porque lhes lembrava o tempo da sua criação.
A velhice tem coisas destas: no meio do imenso olvido, surgem com nitidez as recordações dos tempos.

No fundo, dos tempos mais importantes.
Os tempos em que se cria a sua própria família.

Os tempos em que se fazem também os maiores sacrifícios - físicos e financeiros.
Mas parece que são também os tempos mais felizes.
O tempo das traquinices dos filhos. Das escolas e do seu futuro.
Todos caminhamos para velhos mas nem sequer imaginamos como será.
Ele gostou de ouvir e devolveu o cumprimento. Era bom tê-los vivos.

Bonitos e arranjados, mesmo que tão estragados pela idade, nos seus movimentos e juízo.
Era bom poder visitá-los e senti-los ali, em segurança, e vivos.
Detestava cemitérios e aquelas romarias de flores.
Evidentemente que tinham de estar num sítio mas, às vezes, lembrava-se dos costumes antigos de enterrar os mortos nas suas terras.

E, tinha de reconhecer, parecia-lhe melhor. Ficavam, como dizer... em casa.
Percebia que hoje isso não tinha cabimento. Socialmente era diferente.
Mas em relação à sua família, tinha todo o sentido.
Progresso e evolução ou simplesmente alterações dos tempos.
Sobretudo, diferenças de opinião.