Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2006-11-09

Cemitério

9 de novembro de 2006

Uma senhora de cabelos todos brancos, completamente brancos, pergunta na secretaria pelo número da campa do seu marido - o general - pois, de repente e já com as flores "ao colo", esqueceu-se.
- Pois agora não pode ser, porque isso é obrigação de quem tem a sepultura.
Tem, mas tem lá em casa, ali não, pois sabia tudo de cor.

- O melhor era ir buscar lá em casa.
Então, mas está ali e com as flores. Já não tem muita idade para essas correrias.
- Então vai ter que aguardar.
- Pois, obrigada.
- Mas, sabe o nome do general, não sabe?
- Pois sei, era o meu marido.
- Como só lhe chamou general...
Outra idosa, esta muito trôpega de pernas e muito nervosa pergunta onde deixa a chave do jazigo
- Sabe o número?
- Do quê?

- Do jazigo.
- Pois não, só sei ir lá dar.
- Então diga-me o nome de quem lá está.

- Vivo ou morto?
- Ó minha senhora, isto é um cemitério. Do falecido!
- Sim, mas como era para deixar a chave... assim, o nome todo não sei.
- Então o melhor é ir ver o número e depois volte cá.
- Outra vez para lá?

- Então, se não sabe nada...
- Oh, valha-me Deus. Ainda levo eu a chave e pronto.
- Isso é um problema seu. Eu estou cá até às 16 horas.

- Pois... pois...
Este cemitério é antigo e muito bonito, no seu estilo próprio.

Mas creio que já nos habituámos a vê-los com relva pelos "meios".
Pois é, mas, no fim de contas, são museus ao ar livre para quem queira visitá-los sob esse prisma.
Hoje em dia, a cremação e o desviar da importância das coisas; o alterar das tradições que novos tempos impõem, faz que estes lugares - antes tão venerados - hoje sejam contornos da paisagem.
Como será daqui a uns trinta anos?