Os viajantes
27 de junho de 2006
Parece um escafandro, é um capacete cheio de fios ligados a qualquer coisa.
Limos e algas escuras por todo o lado.
Os enfermeiros e médicos estão a desligar-lhe os fios e o dito capacete com todo o cuidado.
Metódica e lentamente, vão verificando tudo.
A luz é suficiente, nada forte.
O ambiente, apesar da gravidade da situação, é ameno, talvez pela ordem em que decorrem as tarefas.
Todos parecem competentes e conhecedores das regras deste trabalho e da equipa.
Finalmente estão a retirar o que parece ser um fato de escafandro.
O fato, conforme se separa do corpo do indivíduo, vai desaparecendo no ar.
Dissolvido completamente, depois de retalhado em partes e partículas cada vez mais pequenas.
Pronto - desfez-se todo!
Os limos e as algas parecem tomar vida e seguir caminhos desconhecidos, levados por outros enfermeiros que acorrem para esse trabalho, específicamente.
O indivíduo muito pequeno em relação ao tamanho do fato parece acordar.
Está muito espantado mas também muito atento às instruções que vai percebendo.
O seu coração é tocado e vai batendo mais forte.
Outros, em situação semelhante, surgem aos meus olhos.
É uma sala enorme cheia de camas.
Alguns levantam-se e vão descobrir a sua própria rota.
Outros apenas vão melhorando.
Todos serão viajantes.
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