7 de maio de 2006
Que pensar do boi
que gosta do seu jugo
e julga que o gamo e o alce
da floresta
são coisas perdidas e vagabundas?
Que pensar da velha serpente
que não é capaz de deitar fora a pele,
e qualifica todas as outras
de nuas e despudoradas?
E daquele que chega cedo à boda
e se vai embora farto e cansado
dizendo que todas as festas são pecado
e que todos os convidados
vão contra a lei?
Que direi destes, a não ser
que também eles estão na luz,
mas de costas voltadas ao sol?
Vêem apenas as sombras,
e as suas sombras são as suas leis.
E o que é o sol para eles
senão um criador de sombras?
E que é reconhecer as leis
senão inclinar-se
e traçar as próprias sombras na terra?
Vós que caminhais voltados para o sol,
que imagens reflectidas na terra
são capazes de vos reter?
... ... ... ... ... .... ... ... ... ... ...
Povo de Orphalese:
podeis disfarçar o tambor
e desligar as cordas da lira,
mas quem poderá
proibir de cantar a cotovia?
.
Khalil Gibran
.
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