Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2007-07-02

O abandono

2 de julho de 2007

Ali no chão, em frente à casa, às lojas, à escola, ao arvoredo! Estava ali caída, simplesmente abandonada entre a rua e o passeio.
E ninguém a notava nem a levava porque isso não era possível.
Era de alguém e só esse alguém a poderia procurar, encontrar e levar consigo. E como esse alguém não vinha, ela continuava ali.
Mas não envelhecia, nem apodrecia nem se desfazia. Passavam dias de sol, de chuva, de temporal, de neve e de ventos – e ela não se mexia.
Estava era cada vez mais colada ao alcatrão e ao passeio. Estava era cada vez mais baça mas, de vez em quando, voltava a brilhar, ao sol. A luz do sol dava-lhe força ou energias.
Mas, de resto, continuava ali à espera que a viessem buscar.
- E se não vierem?
- Vêm, têm que vir porque não se pode viver sem ela! Nem sequer sobreviver!
Faz mais que anos, décadas, que a deixaram cair. Mas vais ver que a qualquer momento a vêm procurar. Está na hora!
- Como é que sabes?
- Sei! Olha... ali... aquela figura, ali recortada no horizonte. Olha como vem apressada. Bem te disse que não se pode viver sem ela.
- Vem a chorar. E muito!
- Schiu, que está a chegar!
- Foste tu que a guardaste e protegeste todos estes anos, não foste? Graças te dou! Não sei como fui capaz… posso levá-la…? Olha como brilha outra vez…
- É por ti! De alegria por voltares por ela.
- Que Deus te abençoe !
- A ti também! E nunca mais abandones a tua esperança!
- Já percebi que não é possível viver sem ela! Já percebi que até ao morrer precisamos dela!