Dias
16 de maio de 2007
Dias comemorativos de tanta coisa: do pai, da mãe, da criança, da fome, das várias doenças, da velhice, etc., etc.
Pretendem ser dias chamativos da nossa atenção para essas situações, para os dramas ou felicidades que traduzem.
Está ali um miúdo pequeno à porta do café que é, simultaneamente, a sua casa e que acena frenéticamente a todos os que se vão embora e que ele conhece.
Acena sem parar até que desaparecem da vista.
Acena e chama ou vai repetindo a palavra adeus-adeeeeeus.
A mãe foi trabalhar para o estrangeiro e deixou-o aos avós, pais dela.
Do pai mal sabe dizer porque só raramente o vê e, apesar do pequeno ser falador, o pai não conversa quase nada com ele.
Ele tem falta de aconchego, sente-se mal amado e, por vezes, a sua exuberância de criança, cede ao torpor da tristeza.
Mas ele tenta tudo: canta a plenos pulmões, fala alto (e assim já não lhe respondem que não o ouvem) a todos os que ali entram.
Se lhe dão nem que seja um olhar de atenção, conta o seu dia, a sua semana, tudo o que lhe aconteceu e ainda o que espera venha a ser a próxima semana da escola.
A sua conversa fá-lo esquecer o silêncio que tem dentro de si.
É o impulso que encontra para enfrentar a dor da saudade da mãe.
- A mãe há-de vir!
- Pois há-de! E eu estou à espera dela todos os dias. Já passaram muitos, não passaram, avó?
- Então já hão-de faltar menos esses que já passaram.
- Pois! Pois é! Já faltam menos. Obrigado, avó!
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