Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2007-05-16

Dias

16 de maio de 2007

Dias comemorativos de tanta coisa: do pai, da mãe, da criança, da fome, das várias doenças, da velhice, etc., etc.
Pretendem ser dias chamativos da nossa atenção para essas situações, para os dramas ou felicidades que traduzem.

Está ali um miúdo pequeno à porta do café que é, simultaneamente, a sua casa e que acena frenéticamente a todos os que se vão embora e que ele conhece.
Acena sem parar até que desaparecem da vista.

Acena e chama ou vai repetindo a palavra adeus-adeeeeeus.
A mãe foi trabalhar para o estrangeiro e deixou-o aos avós, pais dela.
Do pai mal sabe dizer porque só raramente o vê e, apesar do pequeno ser falador, o pai não conversa quase nada com ele.
Ele tem falta de aconchego, sente-se mal amado e, por vezes, a sua exuberância de criança, cede ao torpor da tristeza.
Mas ele tenta tudo: canta a plenos pulmões, fala alto (e assim já não lhe respondem que não o ouvem) a todos os que ali entram.
Se lhe dão nem que seja um olhar de atenção, conta o seu dia, a sua semana, tudo o que lhe aconteceu e ainda o que espera venha a ser a próxima semana da escola.
A sua conversa fá-lo esquecer o silêncio que tem dentro de si.

É o impulso que encontra para enfrentar a dor da saudade da mãe.
- A mãe há-de vir!
- Pois há-de! E eu estou à espera dela todos os dias. Já passaram muitos, não passaram, avó?
- Então já hão-de faltar menos esses que já passaram.
- Pois! Pois é! Já faltam menos. Obrigado, avó!