Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2007-05-14

Reencontro

14 de maio de 2007

Quase no cimo de uma montanha está um túnel, muito escuro, que une duas cavernas.
Estas cavernas estão nos dois lados das encostas, quase em frente uma da outra.
Na primeira entra-se por uma pequena rampa larga onde está agora um homem, já velho, com um grande peso às costas, tão pesado que o arrasta pelo chão.
Fica indeciso perante a escuridão do túnel à sua frente.
Mesmo assim decide avançar e, já cansado mas guiando-se pela parede à direita, consegue passar deste túnel para a segunda caverna.
Pensa sentar-se, mas esta caverna termina logo numa encosta a pique e totalmente iluminada pelo sol.
O sol indica que o dia já vai a meio. O homem mal consegue olhar para o vale, lá muito em baixo.
Continua indeciso sem saber o que fazer.
Algo, um som ou um vento ou um reflexo de luz, leva-o a olhar em frente, o que, pela altura em que se encontra, é o mesmo que olhar para um céu infinitamente azul.
Mas não! Esse céu não é todo azul.
Começa a perceber a existência de um caminho muito longo, mesmo à sua frente.
Há uma mulher, que lhe é muito querida e que sendo da mesma idade, lhe aparece agora com a figura da rapariga que era quando casaram.
Ela acena-lhe e ele quase voa ao seu encontro.
A carga que tem de arrastar desfaz-se – evapora-se – pelo caminho e, já mais liberto de mãos, pode agarrar as rosas cor-de-rosa que ela lhe envia e que o envolvem, mesmo estando ainda tão longe dela.
Ele chora e ri, ao mesmo tempo que a chama sem cessar, a caminho desse reencontro de sonho.