Sentimentos
15 de maio de 2007
Ela estava no corredor, encostada ao corrimão, triste e chorosa até.
Já era o segundo marido que lhe fugia e a trocava por outra mais jovem. Este agora fora por outra com um terço da idade dele.
Pouco mais que uma miúda, uma rapariga.
E lá ficava ela outra vez só, com os filhos e sem dinheiro para a renda da casa.
Casa velha, ainda de renda antiga, mas era a casa que tinha e o dinheiro não chegava para tudo.
Em boa verdade, não chegava para nada, nadinha!
E o filho até já estava empregado, mas ganhava pouquinho.
A verdade é que agora já ia tomar providências.
Já tinha percebido (sentido!) que ele não ia voltar.
E, sem querer, lembrava-se do primeiro, que também tinha abalado para não voltar mais.
Este ficou pelas redondezas e todos lhe vêm contar que vêem o marido com outra, muito, oh! mas muito mais nova, e muito felizes.
E ela diz logo que ele já não está lá em casa e pode fazer o que bem quiser, que ela não tem nada com isso.
Mas, por dentro, ela chora.
Chora sozinha e não se cansa de olhar para a roupa dele, toda arranjada. Comprava-lhe mais roupa que para ela.
Havia muita vestimenta ainda a estrear. Será que ele ainda a viria buscar?
Talvez pela roupa o pudesse ver novamente.
Sentia saudades.
Mas já não sabia dizer se dele, se dos bons momentos.
Pois é. Mais parece que já só lembra dos bons momentos.
Recordar momentos felizes é mais fácil para levar os dias.
E as pessoas são figuras ou ilusões na sua paisagem.
O sentimento da felicidade é o que vai cuidar de não esquecer.
E tem muitos acontecimentos para recordar, reviver e promover.
Então, se até vêm aí netos não tarda...
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