Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2007-05-20

Ben Sherwood # O Espírito do Amor

20 de maio de 2007

Chamo-me Florio Ferrente. O meu pai, que era bombeiro, baptizou-me com o nome de S. Floriano, o santo padroeiro da nossa profissão. … … …
Ainda não passava de um maçarico, quando retirei uma miúda de cinco anos, sem vida, de um informal sinistro de nível três em Squire Road. Chamava-se Eugenia Louise Cushing e estava coberta de fuligem. As pupilas pareciam uma cabeça de alfinete, não respirava e não se conseguia medir a tensão arterial, mas eu não desisti de a reanimar. Mesmo quando o médico a declarou morta, ali mesmo no local, e começou a preencher a papelada, eu continuei. Então, de repente, a pequena Eugenia sentou-se na maca, tossiu, esfregou os olhos e pediu um copo de leite. Esse foi o meu primeiro milagre.
Apanhei a sua certidão de óbito amarrotada e guardei-a na carteira. Agora está toda esfarrapada, mas continuo a guardá-la para não me esquecer de que, neste mundo, tudo é possível.
Isto faz-me lembrar o caso do Charlie St. Cloud. … … …
Colocou-lhe rapidamente o colar cervical e o plano rígido, puxou-o para fora e poisou-o cuidadosamente no passeio.
– Consegues ouvir-me? – perguntou. Nem uma palavra.
– Se conseguires, aperta-me a mão – insistiu. Nada.
As duas jovens vítimas jaziam agora lado a lado sobre os planos rígidos. Não havia nada a fazer pelo cãozinho do assento de trás, esmagado entre o eixo traseiro e a bagageira. Que desperdício!
– São Francisco – murmurou, abençoa esta criatura. … … …
Ele e a companheira ergueram o primeiro rapaz para dentro da ambulância. Depois o outro. … … …
Encostou o estetoscópio ao peito do rapaz mais novo. Escutou e percebeu a verdade.
Aquele era um tempo de milagres.
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in " O Espírito do Amor"
de Ben Sherwood