Escritos de Eva

Aqui Eva escreve o que sonha e - talvez - não só. Não tem interesses de qualquer tipo nem alinhamento com sociologias, política, religião ou crenças conformes às instituições que conhecemos. Estes escritos podem servir de receita para momentos de leveza, felicidade ou inspiração para melhorar cada dia com bons pensamentos. Alguns poemas ou textos... Algumas imagens ou fotos... Mulheres e homens, crianças e idosos podem ler Eva e comentar dando a sua opinião.

2006-11-20

Tantos anos...

20 de novembro de 2006

Sentado no seu cadeirão habitual falava-lhe de tudo o que se conseguia lembrar.

Ela ouvia e comentava. Conversavam finalmente.
Durante anos, ele fingia que não ouvia e ela fingia que se calava.
Estavam desencontrados na acção, mas no pensamento estavam sempre de acordo e completavam-se.
Tantos anos juntos. Parecia mentira como o tempo passava tão depressa.

Fizeram muitas coisas juntos. E outras ficaram por fazer.
O tempo de conversa fácil foi uma delas. Finalmente é tempo de poderem falar um com o outro.
Ele conta-lhe agora imagens que lhe acodem à mente. Umas até nem são boas, outras são disparatadas. Parecem um limpar de imagens de filmes ou sonhos ou qualquer outra coisa.

Parece que uma vassoura vai limpando as poeiras e lixos da sua cabeça. Lá dentro da sua cabeça, sim...
Ela lembra uns versos que lera um dia e gostara tanto que ainda não esquecera.

Eram assim: "A vida é o clarão do pirilampo na noite; é a sombra que se perde no sol".
- Então a vida pode ser sempre luminosa. É isso, não é?
- Foi o que eu entendi e por isso to digo agora. Porque, para mim, tu também foste uma luz na minha vida.
- Dizes coisas tão boas sobre a nossa vida. Ainda bem que fomos úteis um ao outro.
- Ainda bem que existimos um para o outro. E que essa existência seja um exemplo para os dias em família dos nossos filhos.
- Ainda bem que consegues limpar as poeiras da vida. Vou ver se consigo fazer o mesmo, para poder ir indo mais leve.
- Quando quiseres, porque todos os dias são bons para ir, se já se cumpriu o dever de estar aqui.
- Deixamos uma boa recordação, não deixamos?
- Acho que sim!